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CRIME AMBIENTAL DA SAMARCO
Conflitos por água aumentam 240% em MG após tragédia ambiental de Mariana
Amanda Navarro

Depois de dois anos do maior crime ambiental, nos resta a impunidade da Samarco e as consequências de Mariana ainda ecoam: mortes, destruição ambiental, surtos de malária e agora, aumento de 240% de conflitos sobre disputa de água.

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Dois anos depois do maior crime ambiental que destruiu a cidade de Mariana, em Minas Gerais e o Rio Doce, que teve como responsável uma das maiores empresas de mineração do Brasil, a Samarco, as populações que dependem de abastecimento de água do rio afetado continuam colhendo as consequências deste acontecimento. Muitas populações dependiam do rio não apenas para o consumo doméstico de água, mas também para a obtenção de renda através da pesca.

Em Bom Despacho, cidade na região Centro-Oeste de Minas Gerais, Mauro Salviano da Silva, 76, relata que a falta de água começou em abril de 2016. No início, a falta de água ocorria de dois à quatro dias, mas a situação piorou, e mês passado chegaram a 10 dias. O relato de Mauro é um dos muitos que pode-se observar em Minas Gerais após a brutal tragédia capitalista de obra da Samarco: segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), 33,7% do total de casos de disputas por recursos hídricos no país ocorreram em Minas Gerais, sendo o Estado o mais afetado.

As populações afetadas pela tragédia lutam entre si, para manter o direito legítimo de obterem água limpa e segura. Segundo a CPT, Minas Gerais é o estado com maior disputa hídrica há algum tempo, entretanto o quadro mineiro se acirrou após a tragédia de Mariana, tendo um aumento de 123% desde o ocorrido. Dos 172 conflitos registrados no Estado, em média 30% foi motivado pelo rompimento da barragem da Samarco.

O rio Doce, que vai de Minas Gerais até o Espírito Santo, foi afetado em toda a sua extensão, e o aumento dos conflitos nas populações dependentes dele aumentou em 240% depois que a lama destruiu o rio. Os conflitos de Minas Gerais ocorrem majoritariamente devido às minerações (93%), e o restante por conta das hidrelétricas.

Samarco e sua omissão diante do maior desastre ambiental da história do país

Apesar de muitos trabalhadores da Samarco, que atuavam em torno da barragem do Fundão, terem alertado sobre a possibilidade do rompimento e por consequência destruição de todo o entorno, a mineradora não se abalou e continuou explorando o meio ambiente e seus trabalhadores, ignorando a ameaça iminente.

A empresa foi multada e deveria aplicar R$ 1,2 bilhões para a recuperação e reparação dos danos causados, e tal prazo foi adiado três vezes, quando por fim foi anulada sua obrigatoriedade. O crime ambiental cometido pela Samarco ocasionou a morte de 19 pessoas, devastação da vegetação, destruiu populações inteiras que vivem às margens do rio, causou graves danos ao ecossistema da região, ocasionando consequências que até hoje não temos a dimensão exata de seu significado.

Segundo o Ministério Público Federal, o prejuízo causado foi de R$ 155 bilhões. A Samarco afirma ter gasto R$2 bilhões, o que é 1,3% do que deveria ser gasto para tentar recuperar o meio ambiente e todas as consequências causadas para as populações. Após dois ano do maior crime ambiental, o que vemos de resultado é o que o judiciário pode nos fornecer: total negligência com as populações que dependiam quase integralmente da vida do rio e da água limpa e segura, descaso completo com os trabalhadores e com a devastação ambiental praticamente irreparável.

Após dois anos, a justiça deixa impune a mineradora e os responsáveis por tal crime, que levou há surtos de doenças nas regiões afetadas pela lama em Minas Gerais e a um aumento na quantidade de conflitos, porque a população precisa lutar por um direito básico: água limpa e de qualidade. O episódio criminoso de Mariana ainda nos lembrará por muito tempo a quem o capitalismo serve, junto com seus aparatos como a justiça burguesa, pois para Samarco resta a impunidade, e pras populações destruídas a miséria.

 
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