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"CURA GAY"
Psicóloga cristã defende liminar e diz que "cura gay" é "ajuda" a homossexuais
Ítalo Gimenes
Mestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

Marisa Lobo é uma psicóloga cristã que está defendendo a liminar que autoriza a volta de pesquisas e tratamento da homossexualidade.

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Com muito moralismo, Marisa Lobo, uma psicóloga cristã, tergiversou dizendo que homossexualidade não uma doença, mas uma "condição", passível de ser revertida a partir de tratamento psicológico. Ela também é autora do livro "A ideologia de gênero na educação", onde repudia o debate de gênero e sexualidade nas escolas, chamando de "doutrinação infantil que pode gerar transtornos psicológicos nas crianças como a chamada disforia de Gênero, entre outras"

A liminar, segundo somente ela, a juíza do DF, e Kim Kataguiri do MBL, abriria a possibilidade dos psicólogos "ajudarem" os homossexuais "não satisfeitos com sua condição e que gostariam de ser diferentes". Para coroar, tentou jogar a contradição para a comunidade LGBT por ter cunhado o termo "cura gay", e que supostamente nem ela, nem o MBL, nem a liminar, tratariam de recolocar a possibilidade da homossexualidade ser curada, "apenas tratada".

Porém, a história nos remete à cassação do seu registro profissional em 2014, justamente por ter sido acusada de oferecer "cura gay" aos seus pacientes, ocasião em que foi defendida pelo Pastor Silas Malafia e Marcos Feliciano. Ou seja, exatamente por Resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia em 2014, ela teve a sua licença cassada. Não é difícil de imaginar as suas razões mais pessoais para defender a liminar da Justiça Federal.

O ridículo da sua argumentação salta ao dizer que o que ela chama de "ideologia de gênero" prevê a fluidez da sexualidade humana. Radical contra a "ideologia de gênero" termo cunhado pela direita reacionária para combater o debate de gênero e sexualidade nas escolas, Marisa Lobo se mostra nada preocupada em permitir um debate sério e profundo sobre as questões que dizem a vida e a livre sexualidade da população LGBT do país.

Segundo ela, por alguma razão nada aparente, os homossexuais poderiam precisar de tratamento psicológico para decidir sobre essa sua sexualidade (e apenas se for para "voltar a ser hétero", como bem explicitou a juíza do DF em reportagem à Veja).

Saiba mais: Responsável por liminar que autoriza "cura gay" comparou a militância LGBT ao nazismo

Christian Dunker, psicanalista e professor da PUC-SP, em entrevista ao Esquerda Diário revela o absurdo que é um psicólogo buscar atuar na lógica de "atender um consumidor", em especial no que diz respeito à sexualidade do indivíduo.

É fato que a livre experimentação da sexualidade, com toda a sua fluidez de desejos, é algo previsto pela comunidade LGBT. Porém, ao contrário do que diz essa psicóloga, os lgbts não são livres como deviam para explorar a sua sexualidade, justamente por conta da sangrenta perseguição a esses setores, que graças ao moralismo religioso, à perseguição de debater sobre gênero e sexualidade nas escolas, tem no Brasil o maior número de mortes por assassinato no mundo.

As mentiras da psicóloga, encontradas aqui, não nos enganam. O moralismo religioso nunca esteve ao lado da livre expressão da sexualidade dos LGBTs, mas de sua sucessiva repressão. Não atoa, a população transsexual segue sendo tratada como pessoas com transtorno de gênero, como doentes. Essa liminar permite sim que os homossexuais voltem a ser tratados como doentes, aumentando ainda mais o cenário de violência e repressão aos LGBTs.

 
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