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GRUPO DE ESTUDOS O CAPITAL
O Capital na UFRN: o duplo caráter do trabalho e da mercadoria
Marie Castañeda
Estudante de Ciências Sociais na UFRN
Nivalter Aires
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Nesta quarta-feira aconteceu a 2ª Sessão do Grupo de Estudos Marxistas - O Capital da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que está estudando “O Capital” de Karl Marx. As discussões estão ocorrendo semanalmente na UFRN e as informações quanto a leitura indicada, horário e local você pode encontrar no grupo do facebook.

Depois de uma primeira sessão dedicada a “O Método Marxista”, nesta segunda o grupo começou a discussão da obra em si, em torno das duas primeiras seções do primeiro capítulo - A Mercadoria: Os dois fatores da mercadoria: valor de uso e valor (substância do valor, grandeza do valor)” e “O duplo caráter do trabalho representado nas mercadorias”.

Na sessão anterior, alguns textos abordando o método de Marx foram debatidos, demarcando uma perspectiva de classe bastante específica, de guerra implacável declarada à “escravidão assalariada”. Como Lenin aponta em “As 3 fontes e 3 partes constitutivas do marxismo”, foi esta a guerra declarada por Marx com a publicação do Capital, uma obra dedicada a entender com profundidade o funcionamento do Capitalismo, para servir de arma em sua destruição, e assim faz uma análise de mundo integral e em movimento, com o entendimento de que em um determinado sistema de vida social, o desenvolvimento das suas forças produtivas faz com que se desenvolva outro sistema de vida social superior.

Enquanto a produção no sistema capitalista tem um caráter cada vez mais social, na qual o trabalho humano adiciona utilidade a toda e qualquer mercadoria, um grupo cada vez menor de capitalistas se apropria da riqueza produzida socialmente pela grande massa da população - os trabalhadores. Isso é um fato inegável neste nono ano da crise capitalista que explodiu em 2008, assim como a necessidade de entender profundamente o inimigo, o capitalismo.

Lenin coloca sua aposta: “O capitalismo triunfou no mundo todo; mas este triunfo não é mais do que o prelúdio que o triunfo do trabalho sobre o capital”.

A obra “O Capital” é assim uma arma que deve encontrar sua mais profunda utilidade e perigo nas mãos do sujeito social produtor de toda a riqueza e que pode destruir o sistema capitalista, de miséria e exploração.

As duas primeiras sessões do primeiro Capítulo - A Mercadoria - discutem suas propriedades, seu valor de uso e valor. Neste artigo buscamos abordar alguns dos conceitos e sínteses possibilitadas pela discussão.

Como Marx tem como objetivo entender a partir do materialismo histórico-dialético o funcionamento das sociedades no modo de produção capitalista, ele parte da mercadoria como forma elementar da riqueza destas sociedades. Entendendo-a como um objeto que possui características que satisfazem necessidades humanas, sejam elas “do estômago ou da imaginação”.

Toda e qualquer coisa pode ser analisada sob dois aspectos, pela sua qualidade e também pela sua quantidade. Em especial sua qualidade é o que expressa seu valor de uso, ou seja, a utilidade de determinada mercadoria, como ela pode ser empregada. O valor de uso só se efetiva no uso e no consumo da mercadoria já que esta forma o conteúdo material da riqueza. Como uma mercadoria qualquer, uma cadeira, por exemplo, possui o valor de uso entre suas propriedades, foi feita para o consumo humano. No capitalismo, os valores de uso são os suportes materiais do valor de troca, como pode-se compreender na seguinte citação:

“As propriedades físicas importam apenas na medida em que conferem utilidade às mercadorias, isto é, fazem delas valores de uso. Por outro lado, parece claro que a abstração dos seus valores de uso é justamente o que caracteriza a relação de troca entre as mercadorias. Nessa relação, um valor de uso vale tanto quanto o outro desde que esteja disponível em proporção adequada.”

As mercadorias quando analisadas como seu valor de uso, expressam suas diferentes qualidades. Quando analisadas como valores de troca, podem ser reduzidas a algo em comum. O corpo de uma mercadoria só possui propriedades que satisfazem necessidades humanas porque são produtos do trabalho. Isso significa que para sua existência enquanto mercadorias, foi necessário que trabalho humano fosse depositado nelas e nelas concretizado, nelas foi acumulado trabalho humano.

A quantidade de trabalho contida em uma mercadoria é definida por Marx como “substância formadora de valor”.

Marx aponta que “O trabalho que constitui a substância dos valores é trabalho humano igual, dispêndio da mesma força de trabalho humana. A força de trabalho conjunta da sociedade, que se apresenta nos valores de mundo das mercadorias, vale aqui como uma única força de trabalho humana, embora consista em inúmeras forças de trabalho individuais”. E continua dizendo que o “Tempo de trabalho socialmente necessário é aquele requerido para produzir um valor de uso qualquer sob as condições normais para uma dada sociedade e com o grau médio de destreza e intensidade do trabalho”.

É preciso ter em mente que essa discussão sobre a Mercadoria e o Valor (trabalho), que a primeira vista poderia parecer desinteressante, ou não relacionada com as lutas práticas cotidianas são a base para o entendimento do conceito de mais valor, essencial para entender a exploração de uma classe (trabalhadora) por outra (capitalista ou burguesa).

O que permite comparar as diversas mercadorias é o valor delas (não confundir com preço), o valor por sua vez deve ser medido, ou comparado com outro valor através do Tempo de Trabalho Socialmente Necessário para produzir aquela determinada mercadoria.

Vale frisar que “Para produzir mercadoria, ele tem de produzir não apenas valor de uso, mas valor de uso para outrem, valor de uso social.” A mercadoria deve ser produzida tendo em vista o mercado, a troca, a sociedade. Esse mercadoria que vai ter além de valor de uso, vai ter, também, valor.

Aqui foi apresentado de maneira muito resumida, a discussão da nossa sessão passada, fica o convite aberto para a próxima. Destacando que Marx não está interessando em estudar simplesmente o capitalismo, seu interesse é na superação desse modo de produção, por isso um exame tão apurado, para mostrar suas profundas contradições.

Convidamos todos a participar do grupo de estudos d’O Capital na UFRN!

 
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