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ARTE VIRA "CASO DE POLÍCIA"
Onda de censura à arte se espalha e Polícia Civil apreende quadro em museu de Campo Grande
Redação

Após o fim da exposição Museuqueer a investida reacionária da censura a obras de arte se espalhou.

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Foto de Marina Pacheco: quadro é embalado para ser levado pela polícia.

[atualizado às 22:10]

O novo alvo dos conservadores e patrulhadores da arte de plantão foi a exposição "Cadafalso", da artista mineira Alessandra Cunha Ropre. Dessa vez a ofensiva para a censura não partiu dos reacionários mirins do MBL, mas sim dos velhos representantes da podre política: os deputados da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul.

Durante o intenso debate entre os deputados, a obra que causou polêmica, o quadro chamado "Pedofilia", da artista mineira, foi acusado de falar “de sacanagens e desrespeito à família e aos bons costumes”.

Leia mais: Deputado ’moralista’ que censurou exposição no MS é acusado de manter funcionária fantasma

Quadro "Pedofilia" que foi apreendido pela polícia (reprodução TV Morena)

A exposição está no Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande (Marco) desde junho, mas só suscitou essa violenta reação após a absurda censura à exposição Queermuseu em Porto Alegre.

O deputado Lídio Lopes (PEN) foi quem levantou o debate, em que ele e colegas afirmaram que a exposição trazia cenas de masturbação e pedofilia. Ao final da sessão, outros três deputados, Paulo Siufi (PMDB), Herculano Borges (Solidariedade) e Coronel David (PSC) fizeram uma denúncia formal à DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente). O deputado Paulo Siufi (PMDB), que também é pediatra, foi testemunha no boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil. Eles não se contentaram em pedir a censura da obra, e também requisitaram que a artista seja incluída no cadastro estadual de pedófilos.

Foi essa denúncia que motivou o delegado Fabio Sampaio a comparecer à exposição e apreender o quadro "Pedofilia", alegando que se trata de "incitação ao crime". A redação do jornal Campo Grande News descreveu a obra como uma "imagem [que] reproduz a figura de um homem, com o órgão genital aparente, e uma criança em tamanho menor. A menina tem olhos grandes. Como figura de fundo, está um olho. A pintura também tem escrita a frase: o machismo mata, violenta e humilha."

O mesmo jornal questionou a Coordenadora do Museu, Lucia MontSerrat, sobre se ela vê algum "problema" com o quadro. Eles relatam que ela respondeu que vê, na verdade, uma denúncia à sociedade. Ao G1, ela disse que "A arte não é uma coisa passiva, e sim e discussão, de reflexão, de enfrentamento da realidade". Ela foi intimada a depor sobre a exposição na sexta-feira, 15.

O obscurantismo saiu de suas tocas e agora não quer apenas ingerir nas escolas, mas também nos museus. Da mesma forma que querem impedir que se debata o machismo e a violência contra as mulheres nas salas de aula, agora, sob o pretexto da "moral e dos bons costumes", querem calar a arte que faça a denúncia dessa mesma violência. É absolutamente inaceitável que sejam esses deputados que decidam o que pode ou não ser exposto, e sob as botas da polícia exerçam sua censura.

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