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HÁ UM ANO DA VOTAÇÃO DO IMPEACHMENT
Um ano de Temer e do golpe institucional que veio para atacar duramente os trabalhadores
Fernando Pardal

Há um ano o Senado consolidava o impeachment de Dilma Rousseff e colocava definitivamente Michel Temer na presidência para conduzir grandes ataques aos trabalhadores e à juventude. O MRT e o Esquerda Diário desde o início batalharam contra essa medida para nos atacar, colocando uma posição independente do PT que não apenas abriu caminho para a direita com suas alianças e ataques prévios como não travou nenhuma luta consequente contra o golpe e as reformas de Temer.

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Em abril de 2016, assistimos ao reacionário espetáculo da votação na Câmara que afastou Dilma Rouseff da presidência e colocou Michel Temer à frente do executivo. O país vinha já em uma dinâmica de forte crise econômica, frente a qual o segundo mandato da petista se iniciou com ataques duros à educação e outros setores.

Contudo, a burguesia não se contentaria com os tímidos serviços prestados pelo PT para atender sua sede de lucro e seus planos de despejar os custos da crise sobre os ombros dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre. A "armação" do golpe, que reuniu toda a direita fisiológica que ainda na véspera era base de sustentação do governo petista, teve como propósito agradar aos patrões que puxam as cordinhas das marionetes do Senado, da Câmara, do Judiciário...

Temer e os golpistas Meirelles, bem como seus parceiros na Câmara e Senado não brincaram em serviço e vieram com tudo para cima dos trabalhadores. A PEC 55, com seu ataque aos gastos sociais, principalmente saúde e educação foi o primeiro grande golpe. Logo em seguida, a reforma do Ensino Médio veio para tornar o ensino mais precário e técnico, e desencadeou uma onde de ocupações em escolas e universidades contra essa medida.

Depois foi a PL da terceirização, aprovada apenas 15 dias depois do 15 de março, em que milhares de trabalhadores foram às ruas protestar contra a reforma da previdência. Desde então, já estava claro que havia muita disposição de luta para resistir a todas as medidas de Temer, e não apenas isso como já foi o suficiente para fazer o governo ter que rever os ritmos dos ataques naquele momento. Contudo, não era só o governo golpista que se colocava como obstáculo, mas também as direções das centrais sindicais, como CUT e CTB, e as que diretamente queriam sentar com Temer e negociar as reformas, com destaque para a Força Sindical, cujo real interesse era o de manter seus próprios privilégios.

Desde antes do golpe, o Esquerda Diário e o Movimento Revolucionário de Trabalhadores colocaram todas as suas forças para a construção de uma luta, mobilizando dentro de nossas possibilidades mas também colocando a necessidade de que a esquerda e os trabalhadores exigissem das centrais um plano concreto de luta que fosse para além das reuniões de gabinete e palavras ao vento.

Foi apenas em 28 de abril que saiu a paralisação nacional, uma greve que parou o país inteiro e diante da qual dissemos "é possível derrotar Temer, basta seguir o caminho da luta. Um caminho muito diferente dos acordos parlamentares e da campanha por diretas já, ou seja, uma antecipação do "Lula 2018" que infelizmente não apenas foi a bandeira central de CUT/PT e CTB/PCdoB, mas que levou na sua onda uma série de organizações de esquerda que deixaram em segundo (ou décimo) plano a necessidade urgente de seguir o caminho das greves. Politicamente, só as lutas contra os ataques poderiam colocar os trabalhadores na ofensiva e permitir uma saída contra o governo Temer que fosse uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana para debater todos os problemas nacionais, punir os corruptos e atender nossas demandas.

A última sinalização de luta feita por essas direções foi a marcha para Brasília em maio, que apesar de sua grande importância, não poderia ser mais do que uma medida de enfrentamento em uma necessária guerra dos trabalhadores contra os ataques. Seguimos lutando por essa perspectiva desde então.

Foi graças à passividade das direções, sua estratégia de tentar fortalecer a candidatura de Lula com a campanha das diretas por fora de qualquer organização da luta dos trabalhadores contra as reformas, e com a triste ajuda da maior parte da esquerda, que Temer encontrou uma avenida aberta para seguir com seus ataques.

Temer, que teve seu maior momento de fragilidade quando a sua imensa impopularidade se encontrou com o escândalo da denúncia de Joesley Batista, só tinha um caminho para se recompor diante de setores da burguesia que já procuravam novas alternativas frente a seu desgaste. Alguns, inclusive, negociando com o petismo a possibilidade das "diretas já", ou seja, de um repactuamento do regime para que nada "saísse do controle".

Contudo, foi a traição das direções dos trabalhadores que permitiu a Temer tomar um novo fôlego. A aprovação da reforma trabalhista, diante da qual as centrais nem sequer esboçaram uma reação, foi seguida pela massiva compra de deputados que permitiu enterrar a denúncia contra o governo. Antes, o STF já havia mostrado como estava disposto a cumprir sua parte no "grande acordo nacional" para nos atacar, e absolveu a chapa Dilma-Temer.

Após a aprovação da reforma, vieram os pacotes de privatizações, em que Temer quer passar para as mãos dos capitalistas 57 empresas estatais. E, ainda que tenha feito um pequeno recuo temporário, já deixou claro que vai avançar com todas as forças sobre a Amazônia, maior riqueza natural do país.

Não satisfeitos em atacar nossos direitos sociais, nossos salários e empregos, agora Temer e seus aliados querem restringir ainda mais as já poucas possibilidades que os trabalhadores têm de participar da política institucional no país, e por isso avançam para implementar uma reforma política em que o principal objetivo é fortalecer os grandes partidos patronais e suas lideranças, enquanto impede cada vez mais uma atuação independente dos trabalhadores e da esquerda.

Nesse momento nós seguimos lutando por uma perspectiva de uma saída independente dos trabalhadores, a única que pode derrotar os ataques, e por isso dizemos que é necessário retomar o caminho da greve geral. Também, como lição extraída dos últimos meses, é indispensável lutar para retomar os sindicatos das mãos da burocracia conservadora, para que estes importantes instrumentos de organização estejam a serviço da luta dos trabalhadores dos vários setores. Sem isso, os ataques apenas continuarão, e o próximo da lista é a reforma da previdência, para acabar com nossas aposentadorias e nos fazer trabalhar até morrer.

A mídia continua fazendo seu sujo papel tentando vender o governo golpista como um "mal necessário", e hoje saiu com sua mentirosa campanha de que o desemprego está melhorando enquanto vemos as imensas filas de desempregados onde quer que haja uma vaga, por pior que seja. Querem nos arrancar o couro.

É possível e necessário nos organizarmos, exigirmos das centrais e dos sindicatos a organização de assembleias, a construção de comitês de base, a rearticulação dos trabalhadores para lutar contra o governo golpista e suas reformas. A essa perspectiva chamamos a todos.

 
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