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DITADURA
Ex-agente duplo da ditadura diz não sentir culpa por promover torturas pois Deus o perdoou
Guilherme Garcia

Responsável por cerca de duzentas prisões, torturas ou mortes durante a Ditadura Militar, Cabo Anselmo, ex-agente duplo, diz não sentir culpa por entregar militantes ao regime, e ainda diz já ter sido “anistisiado” por Deus.

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Há quatro décadas atrás, José Anselmo dos Santos, mais conhecido como Cabo Anselmo, era um agente duplo, que ajudou a Ditadura Militar a prender cerca de duzentos militantes de organizações de esquerda, movimento do qual ele fazia parte. Em uma entrevista realizada para o site do Uol, ele afirma não sentir culpa pois estava, supostamente, a serviço de seu país.

“Colaborei com o Estado legal, com a pátria, com a nação, consciente de que a Ditadura do Proletariado ou qualquer ditadura é contrária à liberdade. A motivação maior foram valores cristãos incutidos na infância”

Cabo Anselmo era inicialmente um militante de esquerda que posteriormente começou a colaborar para os órgãos de repressão do regime militar. Entre as atividades mais perversas que ele colaborou foi no “Massacre da Granja de São Bento” realizado em Pernambuco em janeiro 1973, onde o agente atraiu o maior número possível de militantes para o local, onde sofreram uma emboscada executada pelo delegado Sergio Paranhos Fleury. Entre as suas vítimas estava Soledad Barrett, então companheira de Cabo Anselmo.

Segundo fontes e relatos, entre as organizações de esquerda já se desconfiava que Anselmo havia trocado de lado, antes mesmo de ter sido preso pelo o próprio Fleury em 1971. A partir daí ele começou a ser agente duplo, pois dali em diante todos os militantes que se encontraram com ele foram presos ou mortos pela repressão.

Em 2012, o cabo entrou com o pedido de reparação na comissão da Anistia do Ministério da Justiça e foi negado com doze votos a zero. Segundo ele: “A comissão foi integrada exclusivamente por pessoas filiadas à ideologia marxista. Foi uma ’ação entre amigos’ privilegiando os militantes e ideólogos da ditadura comunista”. O cabo é o único não beneficiado pela lei da anistia, mas essa mesma lei impede que ele seja julgado por colaborar com órgãos de repressão da Ditadura Militar.

Cabo Anselmo é um exemplo vivo da herança da Ditadura Militar brasileira. Afirma que estava colaborando ao entregar seus antigos companheiros para serem torturados e mortos, por acreditar que a ditadura do proletariado é contraria à liberdade, sendo que apoiava a ditadura militar da burguesia, que reprimia qualquer ascensão da classe trabalhadora. Tem algo mais contraditório e hipócrita do que essas palavras que ele pronuncia? É revoltante que um traidor e assassino ainda continue livre e sem ser julgado pelos crimes que cometeu. Assim como muitos outros que são responsáveis por casos de torturas e mortes e continuam soltos.

 
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