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TRAIÇÃO À LUTA
Após abandonar a luta, Força Sindical, CUT e CTB sentam com Maia para negociar contribuição sindical
Bruno Carsten

Após trairem a luta no dia 30 de Junho e abandonarem por completo a perspectiva de construção de uma greve geral, CUT, CTB e Força Sindical sentam hoje com Rodrigo Maia para negociar a contribuição sindical. Ao mesmo tempo em que abandonam os trabalhadores no momento da aprovação da reforma trabalhista, debatem sobre o tamanho da fatia do bolo do capitalismo que receberão para permanecer traindo e boicotando a luta dos trabalhadores.

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O papel traidor das centrais sindicais tradicionais, em especial CUT, CTB e Força Sindical, ficou nítido no dia 30 de Junho. Naquela ocasião, as centrais, após uma trégua de quase dois meses ao governo Temer, resistiram em organizar uma greve geral das proporções da ocorrida no dia 28 de Abril, que paralisou completamente o país, demonstrando a força da classe trabalhadora. Mesmo diante da ampla disposição dos trabalhadores em realizar mais uma paralisação histórica, em meio a um momento de fraqueza do governo Temer, então paralisado pelas denúncias da JBS, tais centrais resistiram em travar uma luta séria.

Agora, diante da aprovação da reforma trabalhista, CUT, CTB, Força Sindical, UGT, CGTB nem cogitam a construção de uma greve geral. Mas seu papel traidor, já demonstrado em inúmeras ocasiões ao longo de 2017, não para por aí. Além de se negarem abertamente em construir uma luta ao lado dos trabalhadores, as centrais reúnem-se hoje, 30/08, com o presidente interino Rodrigo Maia (DEM), aliado do golpista Temer, para negociar a manutenção e regulamentação do imposto sindical após a aprovação da reforma trabalhista.

Em Junho, como dito acima, CUT e CTB, centrais diretamente ligadas ao petismo, em momento algum trabalharam para a construção de uma greve comparável a do dia 28, chegando até mesmo a tirar de seus sites o chamado à paralisação, ou substituí-lo por um genérico e vazio "vamos à luta", no sentido claro de tentar desmotivar o movimento. Mas isso não foi tudo: não satisfeitas, com o boicote à greve, essas centrais ainda votaram contra a adesão dos metroviários de São Paulo à paralisação, traindo aberta e diretamente os trabalhadores e sendo, portanto, coniventes com a aprovação da nefasta reforma trabalhista.

Veja Mais: Não foi uma greve histórica por responsabilidade das direções das centrais sindicais

A atuação da Força Sindical, central diretamente patronal, foi de traição ainda mais aberta. Claramente interessados em negociar com o governo para manter a contribuição sindical, Paulinho (SD) e sua turma de burocratas inimigos dos trabalhadores, se posicionaram abertamente contra a greve. Em Porto Alegre, a Força chegou a mentir que os trabalhadores rodoviários não queriam paralisar e se dispôs a furar os piquetes nas garagens.

Agora, essas centrais intensificam seu plano de traição e boicote à luta dos trabalhadores. Além de, mesmo após a reforma trabalhista ter sido aprovada, essas centrais estarem se negando a retomar o caminho da greve geral, elas decidem reunir com o presidente interino Rodrigo Maia (DEM), aliado de Temer e inimigo direto dos trabalhadores, para negociar a regulamentação do imposto sindical. Quer dizer, não satisfeitas em se eximir da luta contra a reforma trabalhista, sendo coniventes com sua implementação, as centrais, tanto as ligadas ao petismo (CUT e CTB) quanto as diretamente patronais (Força Sindical) legitimam abertamente essa reforma ao negociar o montante que receberão do governo com a implementação desse ataque histórico que é a reforma trabalhista.

A CUT, ao que depender de sua vontade, abandonou por completo a arena da luta de classes, concentrando seus esforços não em barrar as reformas, mas em desgastar o governo Temer visando a eleição de Lula em 2018. Para além do fato de que Lula já disse que seria exagero dizer que revogaria todas as reformas de Temer, que significa dizer que há reformas que não são um problema, chama a atenção como a central abandona completamente a luta dos trabalhadores visando buscar seus interesses eleitoreiros.

O atual presidente da central, Wagner Freitas, afirmou recentemente que a eleição de Lula em 2018 é só o que pode mudar os rumos do país (a eleição de uma figura que já se comprometeu com a manutenção das reformas e que tem em sua conta ataques históricos contra os trabalhadores como a reforma da previdência, de seu primeiro governo).

No início desse mês, Paulinho, da Força Sindical, não teve nenhum problema em afirmar abertamente acerca das negociações com o governo golpista. Disse que Temer já havia se comprometido em criar uma nova contribuição sindical por meio de MP. Paulinho relatou que Temer confirmou que "o acordo que fez com as centrais sindicais algum tempo atrás está mantido, de mandar pra cá essa medida provisória".

CUT, CTB, Força Sindical, CGTB e UGT têm, nitidamente, muitos problemas com a ideia de construir e travar uma luta séria contra as reformas e o governo Temer, mas não parecem ter problema nenhum em sentar para negociar na mesma que os golpistas que atacam a classe trabalhadora. Negociam a fatia do bolo que receberão para trair e boicotar a luta dos trabalhadores. A negociação da MP que regulamenta a contribuição sindical a partir da reforma trabalhista é, como dito acima, a legitimação clara e aberta dessa reforma.

A Força Sindical demonstra seu caráter abertamente patronal, enquanto CUT e CTB honram seu histórico de conciliação com a burguesia e traições sistemáticas à luta dos trabalhadores. Enquanto isso, a greve geral não aparece nem mesmo no horizonte dessas centrais. É necessário superar essas burocracias, petistas ou patronais, recuperar os sindicatos para a luta real dos trabalhadores, através de uma construção política e sindical com independência de classe, onde os trabalhadores sejam sujeitos e tenham nos sindicatos a ferramenta que precisam para se organizarem contra os ataques. É necessário retomar o caminho da greve geral para barrar os ataques que o governo ilegítimo desfere contra os trabalhadores e o povo pobre, a fim de jogar a crise dos capitalistas sobre nossos ombros. Não podemos pagar pela crise: nossas vidas valem mais que o lucro deles.

 
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