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ESCOLA SEM PARTIDO
A falácia do projeto “Escola Sem Partido”
Sagui
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Sem qualquer discussão real com pedagogos, professores, pais e alunos que constroem as bases das escolas públicas e municipais de Campinas, o projeto 213/2017 do Tenente Santini (PSD) quer ser imposto as pressas.

O projeto que por si já traz a contrariedade no nome, dando a entender que nas escolas existem partidos inseridos e “doutrinadores” dos “aluninhos ocos”. E que na verdade, é apenas um bom nome, afinal, os pais não querem escolas com partidos né? Que inclusive, andam bem mal, já que cada vez mais os trabalhadores se deparam com mais escândalos de corrupção, reformas que beneficiam o patrão, a “doação” da riqueza e beleza nacional para os grandes capitalistas, etc.

Interessante notar que o fundador e coordenador do movimento Escola sem Partido, o advogado Miguel Nagib, em entrevista a revista Profissão Mestre, ao ser perguntado se “a doutrinação na educação é um problema grave na educação brasileira”, ele afirma:

“[...]É grave, em terceiro lugar, devido à extensão do fenômeno: segundo pesquisa realizada pela CNT/Sensus e publicada pela revista Veja, a imensa maioria dos professores (78%) acredita que a principal missão da escola é “despertar a consciência crítica dos alunos”.

E é grave, por fim, porque esse “despertar da consciência crítica” consiste sempre na mesma coisa: martelar ideias de esquerda na cabeça dos alunos.”

Usando-se principalmente como argumentação a ” liberdade de aprender do estudante” assegurada pela constituição, o advogado coloca claramente que esse projeto na verdade não é para assegurar o debate e a crítica dos estudantes que são “inexperientes e imaturos”, segundo suas próprias palavras.

Segundo a própria PL Municipal do projeto em “concordância” com Constituição, Art. 1º. III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; e,IV – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber. Ao fazer esse discurso citado a cima, não só feito pelo fundador, mais também seus aliados, deixam ainda mais claro que o projeto não somente é contraditório com o discurso, mas está sendo justamente uma ofensiva a ideias mais progressistas, ou de esquerda. Incitando ,inclusive, em outro artigo, que sequer os próprios alunos podem interferir com discursos mais sociais.

Outra pauta clara do projeto é a “falácia” que os professores pregam “Ideologia de Gênero e sexualidade”, ignorando que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de feminicidio no Brasil é a quinta maior do mundo, e que o número de assassinatos no país chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. Que a expectativa de vida das pessoas transexuais é menos da metade da média nacional, sendo de apenas 35 anos, onde 54 transexuais brasileiras foram assassinadas até maio de 2017. E que, a família LGBT em geral, sofre diariamente com a violência moral, física, sexual, etc.

Por que ao invés de pregarem a contra a discussão de “gênero e sexualidade” nas escolas, não discutir e botar em debate esses dados alarmantes de uma sociedade falida? Por que ao invés de colocar a culpa simplesmente no professor que tenta dialogar com valores preconceituosos já fundados, não questionamos a grande mídia com garotas ‘objetificadas’ para dar audiência? Ou até, nas propagandas sexualizando o corpo das mulheres para o consumo de um produto? Presente principalmente nas propagandas de cerveja.

O Projeto Escola Sem Partido fala tanto da "audiência cativa" do aluno, mas não questiona justamente que é o próprio Estado capitalista que prega isso. Chega a ser contraditório questionar o professor para ser "neutro" em sala, o que na realidade não existe, já que todos são dotados de valores culturais, religiosos, sociais, etc, que aprendemos primeiramente no berço e nas escolas da vida. Mas não questionar que quem se beneficia com o "sentado, calado, obediente" é as próprias mazelas do Estado. Afinal, questionar e debater são perigosos para a ordem social.

Urgente não é a votação de um projeto contraditório em si mesmo e suas justificativas, mas sim, no estado que se encontram as escolas públicas nacionalmente, faltando livros didáticos, fechando salas, professores ganhando uma miséria hora/aula, falta de estrutura, bibliotecas e laboratórios, etc, e nas escolas municipais, onde até o café da manhã esta sendo negadas as pequenas crianças. São cada vez mais cortes e negação do direito a educação, agora querem negar até o direito ao debate de ideias opostas?

Pois bem, pregam tanto a “doutrinação dos professores de esquerda”, mas o Brasil elegeu o Congresso mais conservador da história. E assim segue agredindo e matando as jovens crianças, sendo de fome ou a tiros simplesmente por ser pobre e negro, como no Rio de Janeiro onde Maria Eduarda e outras tantas morrem até mesmo dentro da escola.

Fica aberto o convite para o ato-debate contra o Projeto Escola Sem Partido, “Lei da Mordaça”, nesta quinta-feira, 31, às 19h, na Câmara Municipal de Campinas. Pois nos posicionarmos e debatermos é necessário.

 
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