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PERU
Greve de professores no Peru: bases recusam acordo com governo e sindicato tenta desmobilizar
Zuca Falcão
Professora da rede pública de MG

Diante do rechaço das e dos professores de base, o comitê de luta não assinou os termos do convênio proposto pelo executivo e os congressistas mediadores. A onda de greves docentes que começou em Cuzco já dura mais de dois meses.

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O Peru vive uma onda de greves onde só este ano já houve mobilizações de setores importantes como médicos, mineiros e a mais longa de todas: dos professores, que teve seu início em 12 de Junho em Cuzco e se estendeu pela grande maioria das regiões do país, com grande adesão da base e mobilizações e bloqueios.

As principais demandas dos professores são rechaço da avaliação “punitiva” de desempenho que o governo planeja implementar, defesa de trabalho estável, aplicação de 10% do PIB na educação, defesa da educação pública e contra privatização das unidades de ensino, igualdade de direitos para professores contratados, reajuste nos salários e aposentadorias docentes,, entre outros.
O governo de Pedro Pablo Kuczinsky, vem tentando deslegitimar a luta dos docentes , inclusive associando-os a grupos terroristas, mas além de ter a adesão cada vez maior de professores de todas as regiões do país a greve ainda conta com o apoio dos pais e da comunidade, além de outros setores também em luta como médicos e mineiros.

A ação da burocracia sindical, através do Conselho Executivo Nacional que é a única entidade reconhecida pelo governo e controlada pelo Partido Comunista Pátria Vermelha, também tenta controlar o sentimento legitimo de revolta dos grevistas, desmerecendo suas pautas e firmando acordos com o governo na tentativa de dividir e debilitar a luta docente.

Nesta segunda-feira (21), os professores lotaram a Praça San Martín na capital Lima e as praças de armas pelo interior do país, expressando seu rechaço à proposta feita pelo governo peruano, fato que foi formalizado na terça-feira quando se reuniram com os dirigentes do movimento , formalizando a recusa ao plano de avaliação que será usado para eliminar professores nomeados e cortar custos e às propostas do Governo.

No documento acordado entre o governo e sindicato, estes últimos declararam seu rechaço à todo tipo de violência ocorrido nas manifestações, reforçando a imagem que o governo de PPK quer associar aos professores e garantiu em nome da base a aceitação do acordo, dando peso para a questão da garantia de manutenção dos professores em seus cargos ao invés das demissões de quem for mal avaliado, fato realmente importante, mas suprimindo as outras demandas mais estruturais como aumento do PIB para a educação, reajuste nos salários e aposentadorias e igualdade de direitos para professores terceirizados sobre as quais foram feitas propostas absurdas e vergonhosas que o sindicato tenta enfiar goela abaixo dos professores e forçar a retomada das aulas sob o discurso de não prejudicar os alunos e ignorando completamente a situação deplorável em que se encontra a educação peruana.

A educação no Peru hoje se encontra em uma profunda crise onde uma ínfima parte do PIB, fato que somado ao péssimo salário dos professores e alto índice de trabalho infantil leva esse país ao posto de um dos maiores índices de analfabetismo sulamericano. Mas o Peru não está em um contexto isolado regionalmente esse é um problema que em maior ou menor medida afeta todos os países da América Latina onde os governos priorizam o investimento em repressão policial e a concessão de benefícios para as grandes empresas e tudo isso passa com a ajuda de sindicatos pelegos que exercem o mesquinho papel de mediadores do governo e não de resistência e luta como deveria ser.

Os professores peruanos seguem em greve por tempo indefinido em luta por melhorias nas condições de trabalho, ensino e aprendizagem e sujeitos a enfrentar a violência repressiva do Estado peruano que, com o aumento da resistência dos trabalhadores tende a aprofundar suas medidas de violência a fim de derrotar de vez o movimento, resultado que o sindicato dirigido pelo partido Pátria Vermelha não é capaz de alcançar apenas com suas medidas conciliadoras.

 
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