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REFORMA POLÍTICA
Reforma política adiada para quarta: o consenso de atacar a esquerda não foi suficiente
Leandro Lanfredi
Rio de Janeiro | @leandrolanfrdi

A sessão da Câmara para votar a reforma política que perpetua corruptos e poderosos no poder foi adiada porque não havia acordo entre os deputados e dentro da maioria dos partidos sobre como proceder na votação. Cada um "general" de si mesmo e de seus interesses e privilégios particulares. A votação será retomada amanhã. O consenso de atacar a esquerda não foi suficiente (ainda) para organizar os interesses contraditórios.

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Foto: Dida Sampaio

A reforma política, feita na calada da noite, com mil e uma alterações para combinar os infindáveis interesses pessoais dos deputados, com os objetivos de fundo de atacar a possibilidade de representação dos trabalhadores e perpetuar os poderosos no Congresso encontrou dificuldade para sua aprovação pois não houve consenso nem em como proceder quanto aos dois principais projetos em votação.

O principal deles, de relatoria de Vicente Cândido do PT, garante o bilionário fundo de R$ 3,6 bilhões aos partidos que beneficiará sobretudo os partidos mais capitalistas e corruptos, só o o PMDB de Temer receberia 522 milhões segundo levantamento de Yuri Marcolino. O relatório de Vicente Cândido também propunha a criação do voto distrital misto em 2020 e impunha o "distritão" nas próximas eleições.

[Veja mais: Esquerda se pronuncia contra reforma política que defende corruptos e poderosos

Com dificuldades de aprovar o bilionário valor do fundo e a forma do distritão nas eleições do ano que vem, os deputados manobravam para aprovar e deixar como destaque para pautar amanhã, mas nem na manobra havia acordo. Sintomático da divisão dos partidos foi o encaminhamento para adiar a pauta feito pelo deputado Molon da REDE-RJ que teve defesa contrária pelo seu correligionário do mesmo estado, Miro Teixeira.

No último minuto, sem nenhum debate público, ao sabor dos interesses contrários aos trabalhadores dessa reforma, o relator do PT propôs dobrar o número de assinaturas para formar um novo partido, chegando em um milhão de assinaturas! É o PT garantindo que o Brasil que já tem uma das leis eleitorais que mais dificultam a participação nas eleições fique ainda mais restritivo, como mostrado nessa matéria.

O consenso em atacar a possibilidade de representação dos trabalhadores, seja pela via do distritão, pela dificuldade em formar partido e pela clausula de barreira indicava que outro relatório,o da deputada Shéridan do PSDB de Roraima seria o que primeiro iria a votação. Esse segundo relatório proíbe as coligações nas eleições para deputados já na próxima eleição e institui a clausula de barreira que tem como alvo principal a esquerda.

Saiba mais: A reforma política tem um alvo: a esquerda e os trabalhadores

No entanto, sem consenso com o fim das coligações o texto de Shéridan nem chegou no plenário e amanhã será analisado em comissão especial antes de ir a votação.

A divisão dos partidos e dos encaminhamentos em torno da reforma política mostram como o consenso dos partidos capitalistas e que gerem o Estado para os empresários de atacar a esquerda e a possibilidade de representação dos trabalhadores não foi suficiente para ter "consenso" sobre o restante da agenda. Em meio à crise de representação, política, econômica e crescentemente social que vivemos no país cada partido, cada fração, e mesmo cada ilustre parlamentar combina uma solução de sua cabeça para "salvar o país" e seus próprios interesses.

A única coisa certa, que todos partidos capitalistas, inclusive o PT concordam é: temos que tirar ou ao menos conter a voz da esquerda e dos trabalhadores. Sem um forte repúdio a essa reforma não haverá resposta progressista para os trabalhadores. Dia a dia crescem as especulações e propostas tucanas, de Temer e de setores da mídia para limitar o que o sufrágio alcança com o parlamentarismo agora disfarçado com o nome de "semi-presidencialismo".

Sabia mais: Não existe semi-presidencialismo, existe o roubo do voto e a nova forma para os negócios capitalistas

A burguesia está debatendo mil e uma maneiras não somente de retirar direitos trabalhistas mas de criar uma forma de governo ou no caminho disso uma reforma política mais restritiva que lhe seja mais funcional para administrar esses ataques e seus negócios. O descontentamento com as reformas e com os políticos e sua corrupção, seus privilégios, pode ser erguida numa resposta política que questione todas essas medidas, retomando o caminho da greve geral que foi abandonado pelas centrais em sua traição para negociar o imposto sindical (Força) ou para esperar o que fosse melhor para o Lula 2018 (CUT). Com a força dos trabalhadores retomando esse caminho é possível revogar os ataques de Temer e impor uma nova Constituinte que sirva para questionar não somente esse regime podre, de negociatas e conchavos de costas para o povo, mas que sirva também a apontar aos trabalhadores os limites desses modelos nas mãos da elite e da necessidade de uma ruptura com o capitalismo.

 
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