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Trabalhadores dos Correios questionam Guilherme Campos em Audiência Pública
Natalia Mantovan

No dia 10 de Agosto, última quinta-feira, aconteceu em Campinas uma Audiência Pública para discutir o fechamento de agências e outros ataques aos trabalhadores dos Correios, o presidente da ECT, Guilherme Campos esteve presente e os trabalhadores e trabalhadoras deixaram seu recado.

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A Audiência Pública que aconteceu na última quinta-feira, dia 10 de Agosto na Câmara dos Vereados de Campinas, colocou em discussão o fechamento de agências e a atual situação dos Correios no Brasil. Com a presença do presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) Guilherme Campos, de membros da FENTECT (federação que responde nacionalmente pela maioria dos sindicatos da categoria) e do SINTECTCAS (sindicato de Campinas) dirigido pela Intersindical e diversos trabalhadores, a audiência apresentou diferentes visões sobre os Correios.

Rogério Ubine, diretor da FENTECT, analisou como apesar de não implementarem concretamente a privatização, diversas medidas vão sucateando a empresa aos poucos e inviabilizam a prestação dos serviços, abrindo o caminho para este tipo de projeto privatista.

Já na presença de Guilherme Campos, o Luís Biaia falou pelo sindicato de Campinas e região, e relembrou como o atual presidente da empresa já atacou os funcionários em sua primeira entrevista, acusando os trabalhadores que adoecem de ser os culpados pela crise financeira da empresa, entre outros ataques e ameaças aos trabalhadores.

E Guilherme Campos, demonstrando hostilidade desde o início, alegou ter sido informado de última hora sobre o evento (informação desmentida pela vereadora Mariana Conti, que afirmou ter feito o convite com antecedência, convite não respondido pelo presidente, que preferiu chegar de surpresa), exigiu mais tempo para falar e usou todo esse tempo para expor uma tese simples, que se explica através das seguintes ideias:
1 – o atual rombo nas finanças dos Correios foi devido ao repasse exagerado dos lucros dos últimos anos à União
2 – o serviço postal (cartas e telegramas), sobre o qual os Correios detém monopólio, não geral lucro
3 – a vocação dos Correios é ser um grande operador logístico, mas neste setor existe livre concorrência com as demais transportadoras
4 – a saída para os Correios voltarem a lucrar é reproduzir as condições de trabalho precárias que essas transportadoras impõem aos seus funcionários, acabando com todos os direitos conquistados pela luta dos trabalhadores ao longo dos anos.

Não à toa, sua fala começou com um agradecimento ao presidente golpista Michel Temer pela indicação ao cargo. Guilherme Campos tenta dialogar não com os trabalhadores, mas com os empresários e políticos que recentemente aprovaram a Reforma Trabalhista, a terceirização e restrita e mal veem a hora de aprovar a Reforma da Previdência, mesmo quando fala para dezenas de trabalhadores e trabalhadoras dos Correios. Se limitou a responder três dos muitos questionamentos feitos pelos trabalhadores ali presentes, ignorando completamente todas as denúncias em relação à precarização do trabalho, aos ataques ao plano de saúde, ao programa de demissão voluntária e também ao fato das macro regiões de Campinas - Campos Grande e Ouro Verde não serem atendidas pelo serviço de entrega de encomendas dos Correios, deixando todo um contingente da população campineira na mão - como bem lembrou um entregador. O objetivo é claro, esmagar os trabalhadores, retirar todos os nosso parcos direitos em defesa dos seus lucros.

Todos trabalhadores que puderam se expressar durante a audiência apontaram as inúmeras contradições da tese defendida por Guilherme Campos. O carteiro Elvis, por exemplo, questionou abertamente como é possível tratar nossos poucos benefícios como privilégios enquanto Guilherme Campos e toda uma casta do alto escalão da empresa recebem super salários. O diretor sindical e carteiro Fábio mostrou que é um absurdo se falar em vocação logística enquanto maqueiam as entregas, colocando uma carga de encomendas superior ao que seria humanamente impossível de entregar, apenas para que o cliente rastreie sua encomenda e encontre um status de que ela está na rua, mesmo que depois volte sem que haja tentativa de entrega. Simplesmente para esconder que para realizar entregas, são necessários mais funcionários, e não menos como os recentes planos de demissão apontam.

Também intervimos pelo Nossa Classe, uma agrupação de trabalhadores de diversas categorias e pelo MRT - Movimento Revolucionário de Trabalhadores como é possível ver aqui no vídeo, denunciando a secundarização da vida dos trabalhadores diante dos lucros dos Correios, como é possível ver aqui.

Sobre o fechamento de agências, Guilherme afirmou que apenas foram fechadas agências onde havia sobreposição, ou seja, duas agencias próximas numa mesma região. Mas não contou a população que nos casos em que essa sobreposição incluía uma agencia própria e uma terceirizada, como aconteceu em Campinas, a agencia que permaneceu aberta foi a terceirizada. Inclusive a contradição de existir agências terceirizadas e próprias já diz muito sobre o projeto de Correios que está sendo criado.

A verdade é que o atual modelo e as medidas que seguem ocorrendo não beneficiam nem os trabalhadores nem a população. Não somos atendidos em nossas mínimas necessidade, a maioria de nós vive com muito menos do que o salário mínimo do DIEESE, ou seja, muito menos do que o necessário para manter uma família, e o que nos permite suportar a carga de trabalho é conseguir garantir o mínimo de qualidade de vida para nossas famílias com um convênio médico e um vale alimentação, mas com um salário extremamente inferior ao que precisamos. Isso sem contar o conjunto dos ataques vindos do governo de Temer - que nomeou Guilherme Campos como já dissemos. A Reforma Trabalhista que vem para flexibilizar ainda mais nossos parcos direitos e instaurar a terceirização, os PDVs e a Reforma da Previdência que vai nos obrigar trabalhar até a morrer, imagine um carteiro com mais de 60 anos: é o extremo da precarização e é esse o projeto do presidente golpista e de todo seu parlamento, assim como do presidente dos Correios, para os trabalhadores que fazem funcionar a ECT.

Nas agências, a população enfrenta filas, e não encontra o mínimo para ser bem atendido. Muitas vezes não temos embalagens, e os prazos mais rápidos para a entrega de SEDEX em capitais como Natal chega a 7 dias úteis, um absurdo. Ao mesmo tempo, centenas de trabalhadores e moradores das periferias sequer recebem suas correspondências. A vereadora Mariana Conti do Psol, que também estava na mesa e cujo mandato organizou a audiência, refletindo a cidade e os Correios dialogou com a contradição da precarização do serviço dos Correios e sua real importância, indo na contra-mão dos projetos privatistas que ameaçam a empresa.

Há inúmeras formas de encarar os dados econômicos e a situação real da empresa.
Se há um rombo, é necessário uma investigação independente dos trabalhadores e da população para abrir a contabilidade da empresa e entender o que aconteceu. Mas mais do que isso, contratar a quantidade de funcionários realmente necessária para realizar o serviço e que esses trabalhadores tenham direito a saúde e o mínimo de qualidade de vida, enquanto as necessidades da população sejam realmente atendidas não é nenhuma utopia. É necessário acabar com os privilégios de carreiristas como Guilherme Campos e tantos outros, estatizar as agencias terceirizadas, efetivar os trabalhadores terceirizados, e principalmente, colocar as necessidades dos trabalhadores e da população em primeiro plano, e não os lucros dos empresários.

 
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