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ELEIÇÕES NA ARGENTINA
Veja o que são as PASO e a força da frente de esquerda nas eleições argentinas
Isabel Inês
São Paulo

Nesse domingo ocorrem na Argentina as PASO (primárias abertas simultâneas e obrigatórias). Assim como a cláusula de barreira debatida no Brasil, as PASO são parte de regras eleitorais que visam impedir a maior expressão da esquerda. Contudo a FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) vem gerando grande entusiasmo em sua campanha ligada aos trabalhadores e suas lutas e pode fazer uma eleição com grande importância para a esquerda mundial.

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A população na Argentina vem para esse processo eleitoral já tendo sua primeira experiência com o governo de direita de Mauricio Macri, e suas tentativas de aplicar planos de ajustes, assim como no Brasil. Recentemente a luta dos trabalhadores da PepsiCo conseguiu impedir que o governo passasse um projeto de reforma trabalhista no país.

Essa eleição promete ter grande importância para a esquerda mundial com a grande repercussão que tem tido a campanha dos candidatos da FIT. Entusiasmando milhares de pessoas com ideias que se chocam com os lucros dos capitalistas, além de profundamente ligada as lutas dos trabalhadores, dos jovens, das mulheres e todos setores mais oprimidos.

As PASO foi criada em 2009 e prevê um processo primário eleitoral onde a população vota nos candidatos que poderão disputar os cargos de governo de fato. Realizando assim uma primária antes da eleição, o candidato precisa obter ao menos 1,5% dos votos válidos para conseguir ir para a segunda fase do processo eleitoral. A ideia era criar uma barreira com o objetivo de atacar os partidos de esquerda, para tentar impedir que a expressão das ideias da esquerda chegassem a amplos setores.

A FIT (Frente de Esquerda composta pelo PTS, PO e IS) foi composta justamente no ano da aprovação das PASO, para romper essa barreira unificando a esquerda trotskista com um programa de independência de classe frente a todas as variantes patronais e o kirchnerismo, e defendendo um programa de governo dos trabalhadores.

Esse sistema, assim como a cláusula de barreira discutirá no Brasil, é uma resposta dos governos à crescente crise de representatividade que ocorre em uma série de países pelo mundo. Frente a crise com os partidos tradicionais e a falta de novas figuras da burguesia, as mudanças nas regras eleitorais visam restringir ainda mais o regime político e impedir justamente que surjam figuras de esquerda que consigam organizar essa revolta popular com os partidos da ordem.

Mas na Argentina essa medida vem se mostrando falida, frente a grande expressão que a FIT vem ganhando.

PTS na FIT: Uma força de luta contra os ajustes

Apesar das medidas de cerceamento do regime eleitoral, a FIT vem conseguindo passar pelas PASO. O PTS com suas principais figuras, como Nicolás Del Caño e Myrian Bregman, a partir dessa campanha tem colocado a FIT como uma alternativa para organizar a raiva contra os ajustes instalada na sociedade, e junto a uma campanha dinâmica e ligada às lutas dos trabalhadores, das mulheres e de todos setores oprimidos pelo capitalismo, tem gerando grande impacto em amplos setores da sociedade.

A Frente de Esquerda se apresenta como uma alternativa independente aos partidos patronais. Está com uma lista unificada com candidatos por todo o país, são trabalhadores, jovens e mulheres que protagonizaram as principais lutas que ocorreram em cada região da Argentina, e com essa campanha colocam a importância de construir uma alternativa política para enfrentar os ajustes e para construir uma nova sociedade onde a vida de cada pessoa valha mais que os lucros dos capitalistas.

A ideia de “nossas vidas valem mais que os lucros deles” foi o principal eixo da campanha que o PTS levou na FIT. Essa campanha se materializou na proposta de que frente a crise e o desemprego, as jornadas de trabalho fossem reduzidas para 6 horas, por cinco dias na semana, sem a redução salarial. Assim os jovens poderiam ter tempo para estudar, os pais para cuidarem das suas famílias, as pessoas gozarem do lazer e da arte.

Ou seja, uma campanha que se enfrenta com os lucros dos capitalistas e conseguiu entusiasmar milhares de pessoas com a idéia que é possível construir outra sociedade onde não seja preciso trabalhar mais de 8h por dia, perder horas no transporte, e não sobrar nada para viver e ser feliz.

Saiba mais: Frente de Esquerda: trabalhar seis horas e dividir as horas de trabalho

Nesse domingo está claro que todos aqueles que quiserem se colocar contra o governo neoliberal de Macri, devem votar na FIT e não em Cristina Kirchner, candidata a senadora na província de Buenos Aires. O peronismo em suas mais diversas cores, inclusive o kirchnerismo, votou todas as leis propostas por Macri, conferindo governabilidade ao presidente ajustador, e aplicando ajustes onde governa.

O encerramento da campanha foi realizado junto aos trabalhadores de PepsiCo, que protagonizaram uma importante luta contra o fechamento da fábrica na qual Nicolás Del Caño junto a centenas de militantes do PTS estiveram ombro a ombro com os trabalhadores em todo o processo. Essa luta se transformou em um caso nacional o que significa uma candidatura aliada às lutas operárias.

A força que tem as candidaturas da FIT é justamente porque não são candidatos isolados, mas sim expressão da força militante que está em cada escola e universidade, em cada fábrica, telemarketing e no serviço público. Junto aos candidatos existem centenas de pessoas que atuam todos os dias pela ideia de acabar com a exploração e emancipar a humanidade da opressão e de vidas miseráveis. Essa força não começa nem acaba no processo eleitoral, mas segue como uma batalha contínua, que no nono ano da crise capitalista mostra que vem ganhando cada vez mais força.

 
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