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REINO UNIDO
Londres: greves e protestos contra os baixos salários
Alejandra Ríos
Londres | @ale_jericho
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Foto de @MFUnite

No dia 3 de agosto, os trabalhadores da limpeza e manutenção de hospitais, tripulantes de cabina da British Airways e do Banco da Inglaterra se unificaram em medidas de força pos demandas salariais.

Por volta de 750 trabalhadoras e trabalhadores da limpeza e porteiros de quatro dos cinco hospitais que conformam o grupo Barts Health NHS Trust, junto aos tripulantes de cabine da British Airways e trabalhadores do Banco da Inglaterra convergiram em um protesto sob o lema de “London Unite” em demonstração de solidariedade entre suas diferentes reivindicações. A mensagem em inglês brinca com a referência de “estar unificados” e o nome do sindicato que os representa, UNITED, o maior sindicato da Grã Bretanha e Irlanda com mais de 1.4 milhões de sindicalizados que trabalham em todos os setores da economia. Seu secretario, Len McCluskey, é um firme aliado do partido trabalhista, Jeremy Corbyn.

A série de protestos começou de manhã, nesta quarta-feira, na sede da multinacional JP Morgan aonde a empresa Serco apresentou seu balanço semestral aos investidores. Foi decidido este local porque a multimilionaria Serco, terceirizadora dos trabalhadores e trabalhadoras da limpeza, portaria e segurança do grupo de hospitais Barts, se nega a satisfazer a demanda dos trabalhadores de aumento salarial de 30 centavos de libra (menos de 40 centavos de dólar) por hora.
A greve de 14 dias começou no dia 25 de julho, logo após terem protagonizado uma paralisação de atividades de 48 horas e uma greve de sete dias no mesmo mês.

As trabalhadoras da limpeza vêm protagonizando ruidosas manifestações segurando cartazes com os lemas “Não ao racismo no NHS!”, “Contra os baixos salários” e gritando em uníssono “Somos trabalhadoras da limpeza, não lixo”, com melodias de canções de Bob Marley que se fazem ouvir de um estéreo portátil. São 750 mulheres e se encontram entre os trabalhadores pior remunerados de Lonfres, a maioria originárias da África oriental e ocidental.

Muitas delas tem jornadas de trabalho de 8 horas cada uma, em dois hospitais, para poder comer e pagar aluguel. Algumas delas já trabalham quase 9 anos na empresa. A carga de trabalho se intensifica diariamente, cada vez mais salas por turno e ainda por cima a empresa restringe o uso de materiais, o que lhes causa problemas de saúde, que vão desde dores nas costas até mãos rachadas.

Organizando-se espontâneamente, estas mulheres conseguiram que lhes fosse reincorporada a pausa de 15 minutos que a empresa havia eliminado. As 750 mulheres africanas estão enfrentando uma das corporações mais ricas, por isso, alguns cronistas dizem ser a luta de Davi contra Golias.

A companhia foi recentemente premiada com um contrato de 600 milhões de libras esterlinas (por volta de 790 milhões de dólares estadounidenses) por responsabilizar-se dos serviços domésticos de um grupo de cinco hospitais londrinos chamado Barts Health NHS Trust, do Sistema Nacional de Saúde. Este é um exemplo que ilustra as consequências atrozes da privatização dos serviços públicos: lucros bizarros para as corporações e salários de miséria para os trabalhadores.

Essa ação foi seguida de um protesto dos tripulantes de cabina contra a decisão da British Airways de um acordo de concessão com a tripulação de nove aeronaves da Qatar Airways para “cobrir” a tripulação de cabine da British Airways em greve. Segundo o sindicato UNITE, este acordo violaria as regulações comunitárias dos acordos de concessão de tripulação (ao qual só se pode recorrer em circunstâncias excepcionais e de maneira limitada). Este é um exemplo no qual um acordo comercial comunitário é utilizado pela patronal para acabar com greves.

Com a disputa com a tribulação de cabine como tela de fundo, no fim de junho se revelou que a empresa BA registrou um lucro de €742 milhões (880 milhões de dólares estadounidenses), um crescimento de quase 20%. Somado a isto, no começo da temporada do verão europeu uma falha informática expôs a ausência de um plano de contingência para atender os passageiros, o que representou um desastre das relações públicas da companhia aérea. Os salários dos trabalhadores de tripulação da BA partem de uma escala salarial que são verdadeiros “salários de fome”, muitos destes tiveram que recorrer a bancos de alimentos u conseguir um segundo emprego para poder se resolver. Os trabalhadores da BA já batem 58 dias de greve contra os salários de pobreza da empresa e contra as punições aos grevistas.

As três manifestações se concluiram nas portas do Banco da Inglaterra, onde os trabalhadores de dita instituição estão fazendo greve pela primeira vez em 50 anos. Segundo os representantes sindicais a disputa é em torno de uma proposta “irrisória” de aumento salarial que está muito abaixo da inflação e a negativa do gerenciamento de se sentar para negociar com o sindicato. Ontem foi o terceiro e último dia da greve dos trabalhadores da manutenção, limpeza e segurança.

Londres se transformou em uma cidade proibitiva para seus próprios trabalhadores. Grandes empresas multinacionais e corporações milionárias seguem alimentando os bolsos dos CEOs enquanto os trabalhadores se vêem empurrados para exaustivas horas de trabalho, inclusive suas jornadas de trabalho e recorrendo aos bancos de comida na cidade das finanças por excelência. A outra cara de uma das cidades mais caras do mundo.

O extraordinário filme “Eu, Daniel Blake” não é produto de nenhuma licença artística de Ken Loach, lamentavelmente é um fiel reflexo dos salários de pobreza e das condições de vida da classe operária da Grã Bretanha de baixos salários.

 
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