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TRABALHO INFANTIL
Flagrado trabalho de crianças de 5 a 12 anos na produção de farinha do Acre
Flavia Valle
Professora, Minas Gerais
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A realidade da cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre, é a cara do capitalismo: para existir os lucros dos empresários e capitalistas é necessária a sobrevida do mais atrasado de antigos modos de produção como o trabalho infantil.

Crianças de 5 a 12 anos que foram encontradas trabalhando em casas de farinha do município, manuseando facões e carregando sacos de até 50 quilos nas costas. O flagrante foi feito pela Secretaria de Assistência Social de Cruzeiro do Sul no final de julho.

As crianças tem que conciliar a jornada da escola com a do trabalho, perdendo seu tempo de brincadeiras e aprendizagem dos diversos conhecimentos e práticas para manusear facões que não raro leva a mutilações. As crianças acompanham os pais no roçado até casas de farinha. Essa realidade é antiga, já tendo sido expressa na música de Luiz Gonzaga, Farinhada: “A meninada, Descascava a macaxeira, Zé Migué no caititu, Eu e ela na penera”. A prática na região é naturalizada ao ponto de que já houveram denuncias de diretores de escolas que liberavam as crianças das aulas para ajudar os pais na farinhada.

Segundo o IBGE, em 2015, quase 80 mil crianças entre 5 e 9 anos estavam trabalhando cerca de 60% delas vivem na área rural das regiões Norte e Nordeste e a maior parte delas trabalha com a própria família. Apesar de projetos de conscientização contra o trabalho infantil que existem também no município e dos planos de prevenção desse tipo de crime, sua sobre vida ultrapassa a gestão das famílias sobre o trabalho de seus entes mais novos.

Essa realidade do trabalho infantil na produção de farinha é antiga e mostra da vida dura e de super exploração de uma população explorada pelo agronegócio. Isso porque a extração da farinha de mandioca está ligada a toda uma ordem de produção para grandes empresas nacionais que direta ou indiretamente ganham seus lucros às custas do trabalho infantil. Expressão de forma de super exploração de uma mão de obra que muitas vezes sequer é paga e serve para diminuir o custo de mão de obra já tão precária.

Esse mecanismo nefasto do capitalismo tem nome e foi definido por Karl Marx em seu livro “O Capital” como cheap labour, ou seja, um trabalho barato o suficiente para baixar o custo com a mão de obra em toda a sua cadeia produtiva de tal ramo, beneficiando os empresários às custas do sangue e suor dos trabalhadores e inclusive de seus filhos mais novos.

A cara do capitalismo é também a cara do trabalho infantil, das crianças sem futuro e dos pais e mães sem direitos garantidos como a aposentadoria e agora a possibilidade de legalização do trabalho escravo no campo como permitirá a nova reforma trabalhista.

Por tudo isso a luta a necessidade de barrar as reformas também faz-se urgente, assim como cada vez é mais necessária a luta para acabar com o capitalismo: para que as crianças tenham uma vida digna de ser vivida, que seus pais possam viver sem a dor de deixar todo seu sangue e suor nas produções dos produtos primários Brasil adentro para que os empresários possam seguir vivendo em suas mansões e resorts de luxo.

 
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