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VIOLÊNCIA POLICIAL
Mãe do jovem morto pela PM em Campinas fala sobre a execução “à sangue frio" de seu filho
Grazieli Rodrigues
Professora da rede municipal de São Paulo

No dia 24 de julho os moradores do Parque Oziel, bairro de Campinas, fecharam a rodovia Santos Dumont em protesto e atearam fogo a um ônibus, pois na manhã desse mesmo dia a Polícia Militar assassinou com três tiros pelas costas um jovem de 17 anos, Reinaldo Junior da Silva, numa ação contra o tráfico. "Eles (policiais) nunca admitem o que fazem, ainda mais favelado, pobre não tem vez, não tem nem o direito de viver. Eles matam mesmo."

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Claudete da Silva, de 49 anos e catadora de recicláveis, a mãe do jovem deu uma emocionante entrevista ao portal de notícias Correio Popular, onde relata sensibilizada a cruel execução de seu filho “à sangue frio” como ela mesmo classifica e se questiona: “Quando ele levou o primeiro tiro, já estava ajoelhado. Pediu por misericórdia e eles (policiais) deram mais dois tiros nas costas dele. Como poderia ter sido uma troca de tiros se ele foi acertado nas costas? ”. Claudete afirmou ainda que várias pessoas assistiram à cena, afinal eram 10h da manhã e várias pessoas passavam para ir trabalhar e levar os filhos à escola, porém toda a comunidade tem medo de se pronunciar, devido a ameaça constante de perseguição, como a que aconteceu no mesmo dia do protesto, quando Tropa de Choque e a Polícia Militar ocuparam o bairro reprimindo e violentando os moradores e trabalhadores que expressaram sua revolta pela morte do jovem.

A mãe de Reinaldo não nega o envolvimento do filho com o roubo do carro de que a polícia o acusa, afirma sempre ter feito o possível para que o filho escolhesse outro caminho, mas atribui também à condição social de extrema pobreza em que vivem parte da responsabilidade pelo desfecho da vida de seu filho, como relata ainda em entrevista ao Correio Popular:

"Eles (policiais) nunca admitem o que fazem, ainda mais favelado, pobre não tem vez, não tem nem o direito de viver. Eles matam mesmo. Teve uma vez que pegaram ele correndo e só não mataram porque a gente chegou e os meninos da rua começaram a tacar pedra nos policiais. Eles (policiais) davam tijolada nele, quebraram o nariz dele, no meio da rua. Eles não têm piedade. Mesmo comigo perto, saíram arrastando ele, bateram na minha frente. Outra vez, quando faltei do trabalho, estava fazendo café e minha vizinha me chamou falando que os policiais estavam matando meu filho. Quando cheguei lá, estavam socando ele. Bateram tanto que a roupa eu precisei jogar fora, de tanto sangue. Eles pisaram na cabeça dele e eu pedindo para parar".

A Polícia Civil e a Polícia Militar afirmam estarem investigando a morte do adolescente.

A morte de Reinaldo é um exemplo dentre tantos que fazem todos os dias aumentar de maneira escandalosa o genocídio de jovens negros e pobres mortos pela Polícia no país. Consequência da guerra às drogas que o Estado instaurou, porém, sem decretar antes qualquer guerra às condições sociais que levam a juventude negra e periférica a entrar no mundo do crime, sem dar quaisquer condições para que a juventude possa escolher pela vida.

Foto por: Dominique Torquato/ AAN

 
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