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ACAMPAMENTO: 100 ANOS DA REVOLUÇÃO RUSSA
Centenas de jovens debatem o comunismo ontem e hoje, suas ideias e sua prática
Redação

No acampamento 100 anos da revolução russa, organizado pela juventude Faísca e o grupo de mulheres Pão e Rosas, Iuri Tonelo, dirigente do MRT e editor da revista Ideias de Esquerda, falou sobre a filosofia, a teoria e a prática do comunismo. Das ideias de Marx, aos dias de hoje, falou às centenas de jovens presentes sobre a necessidade de retomarmos essas ideias para lutarmos hoje para preparamos o futuro de uma humanidade emancipada.

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A palestra de Iuri se abriu com uma reflexão sobre o legado que nos deixam as lutas, as revoluções passadas e inclusive as derrotas dos que vieram antes de nós. Que todas as experiências passadas, as lutas dos trabalhadores e de todos os setores oprimidos no capitalismo, são parte da construção de um futuro livre. O marxismo, suas ideias, sua prática, sua teoria e sua estratégia são parte do que há de mais valioso e fundamental de nosso acervo para a luta revolucionária.

Assim, Iuri nos disse como Marx não partiu do zero: se contrapondo à principal corrente filosófica da história, o idealismo, o materialismo dialético de Marx e Engels se apoiou no materialismo dos filósofos franceses que vieram antes dele. Os jovens revolucionários se ligaram à classe trabalhadora e, como na obra de Engels, "A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra", conviveram e aprenderam profundamente com as experiências concretas dos trabalhadores. Construíram uma teoria ligada à prática e a serviços da prática revolucionária.

O senso comum nos diz que o comunismo "acabou" e "não é possível". Quer nos dizer que a única saída possível é a vida sob o capitalismo, onde a alternativa é ser explorado e vender nossa força de trabalho, com um trabalho que não nos pertence, cujo resultado é propriedade dos capitalistas e serve para seu lucro.

Justamente o trabalho, que é o que nos diferencia dos animais, como disse o materialismo de Marx, o que significou uma ruptura sem precedentes, uma inovação completa em relação ao pensamento filosófico precedente. Como dizia Marx, o que distinguia o pior arquiteto das abelhas é que ele projetava a sua construção em sua mente antes de executá-la. Fazendo de seu trabalho uma intervenção consciente que constrói o mundo e, a partir disso, modifica sua própria condição de vida e sua consciência.

A divisão social do trabalho, conforme expôs Iuri, surgiu com a sociedade de classes. Da primeira divisão sexual do trabalho, tornou-se em seguida uma divisão entre trabalho manual e intelectual. E com a criação de uma classe dominante, uma força armada para proteger os privilégios dos exploradores.

É por causa do trabalho alienado e explorado que o homem, como diz Marx em seus Manuscritos Econômico-Filosóficos, que no capitalismo os homens se sentem mais animalizados em sua atividade que deveria ser a mais humana de todas; e, pelo contrário, se sente humano em suas atividades mais animais: comer, dormir, se reproduzir. E, de um trabalho no qual não se reconhece, pois o faz como "mais uma peça" no capitalismo a serviço do lucro, foge "como da peste".

Assim, Marx apontou como a história da humanidade é a história da luta de classes. E essa é o motor das modificações sociais, que por meio de revoluções impulsionam o desenvolvimento humano adiante. Cabe aos trabalhadores, aqueles que tudo produzem, revolucionar essa sociedade e romper com o capitalismo.

A exposição de Iuri também deu conta de apresentar os diferentes estágios de construção do comunismo, que os revolucionários posteriores a Marx convencionaram chamar de socialismo e comunismo. No socialismo, com o fim da propriedade privada e a planificação da economia, não mais de acordo com os lucros de alguns poucos, mas de acordo com as necessidades de todos, os seres humanos poderiam ter acesso ao produto integral de seu próprio trabalho. Não mais um roubo cotidiano por meio da mais-valia, levando ao bolso dos patrões a maior parte de nossa produção; nem as decisões do que e como se produz pautada por esse setor parasitário de capitalistas. E sim uma produção voltada às necessidades humanas, a satisfazê-las plenamente.

Já o comunismo, uma etapa superior, Marx dizia que seria um mundo de "produtores livremente associados" e uma sociedade que poderá inscrever em sua bandeira "de cada um de acordo com sua capacidade; a cada um de acordo com suas necessidades".

Por fim, Iuri falou um pouco sobre as revoluções que já vivemos, partindo da experiência da revolução russa, que foi tratada nas palestras anteriores. A revolução russa, baseada nos sovietes, ou seja, na auto-organização e no protagonismo político dos trabalhadores, impulsionou todos os campos sociais, tal como foi apontado pela Diana em relação às mulheres e à organização familiar. Contudo, o ascenso do stalinismo, por diversos fatores históricos, levou a que essa revolução se degenerasse, expropriando o poder político dos trabalhadores e colocando uma casta burocrática no poder, que oprimiu os trabalhadores em nome de seus privilégios. Inúmeros avanços retrocederam.

Em relação a outros processos revolucionários, em que a planificação econômica e a expropriação da burguesia veio sem que os trabalhadores contassem com sovietes, com o poder político diretamente em suas mãos, as contradições foram muito maiores e, portanto, os avanços sociais muito mais tímidos. A essas revoluções, dizemos que são deformadas, pois nascem com esses vícios em sua origem.

Iuri fez um apaixonado chamado a todos os jovens para que as ideias e a teoria do comunismo, o legado dessas batalhas passadas, fossem tomadas ali por cada um de forma militante. Para convencer dessas ideias, pela sua incrível força e potencialidade, que contém o germe de uma humanidade verdadeiramente livre e emancipada.

 
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