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DOSSIÊ: Dia internacional da mulher negra, latino-americana e caribenha
A luta das mulheres negras contra a exploração e a opressão capitalista é internacional
Odete Assis
Mestranda em Literatura Brasileira na UFMG

Nesse 25 de julho, dia Internacional das Mulheres Negras, Latino-Americanas e Caribenhas, queremos relembrar aquelas que em diversos lugares do mundo, se enfrentam com o machismo e o racismo desse sistema capitalista.

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Em todos o mundo, nós mulheres negras, precisamos nos levantar contra as amarras da exploração e opressão desse sistema. Numa luta cotidiana contra o racismo e o machismo, perpetuado pela sede de lucro dos grandes capitalistas. Uma luta de muitos séculos, que começou com a escravização do nosso povo, retirado à força das terras africanas, para servir de mão de obra nas grandes fazendas latifundiárias da América, fornecendo assim as bases para a acumulação de capital e o desenvolvimento do sistema capitalista. Onde para justificar tamanha exploração e opressão contra uma parte da população, a burguesia precisou desenvolver uma teoria que diferenciava as pessoas pela cor da pele, fazendo com que desse modo o racismo pudesse surgir como um fenômeno tipicamente capitalista.

No Brasil, as mulheres negras lutam a anos contra os resquícios da escravidão, que tentaram mascarar com o mito da democracia racial, mas que fica claro quando vemos quem é o principal alvo da violência policial, ou quem é maioria nas celas da prisão sem julgamento. Nós mulheres negras recebemos salários 40% menores que os homens brancos. Como se não bastasse isso, a violência machista e racista, que mata nossos filhos e violenta nossos corpos, é uma dura realidade em nosso país. Depois do boicote das grandes centrais sindicais a greve geral no dia 30, o governo conseguiu aprovar a reforma trabalhista, rasgando assim a CLT e retirando direitos históricos conquistados com muita luta dos trabalhadores. Um grande ataque que atinge sobretudo as mulheres negras, e que juntamente com a aprovação da terceirização irrestrita, visa aprofundar a precarização, exploração e opressão da vida de milhares de mulheres e trabalhadores.

Nos EUA, as mulheres negras lutam contra a violência policial, dizendo que as vidas negras importam. Essas mulheres, junto as imigrantes latinas, também foram parte importante da grande marcha de mulheres contra Trump, e agora, lutam contra os ataques desse governo que representa a face mais machista, racista e xenófoba do imperialismo. No Haiti as mulheres negras, do primeiro país do mundo a protagonizar uma revolução negra, se enfrentam contra as misérias impostas pela exploração das potências capitalistas e contra a invasão de tropas estrangeiras, principalmente as brasileiras, que estupram e matam as mulheres e a população desse país. Em toda américa latina, as mulheres lutam por nenhuma a menos contra a violência machista, num grande movimento que toma conta de diversos países. Declarando em alto e bom som que não nos calaremos diante da violência e que se mexem com uma, nós organizaremos milhares.

Na Europa centenas de mulheres negras imigrantes lutam contra a xenofobia da União Europeia. Fugindo da fome, da miséria e da pobreza extrema a que seus países foram submetidos pela exploração capitalista, essas mulheres passam por condições degradantes, muitas perdem suas vidas em travessias totalmente inseguras nos barcos da morte da imigração clandestina. Muitas são obrigadas a venderem seus corpos, vítimas das redes multimilionárias de tráfico de mulheres e crianças para a prostituição. Uma luta contra as mais conservadoras posições racistas mantidas pelos governos imperialistas das grandes potências e pelo avanço da extrema-direita racista como na Alemanha, França e Grã-Bretanha.

No continente africano, de onde todas nós possuímos nossas raízes e ancestralidade, as mulheres negras precisam lidar com a dura realidade de fome, desemprego e precarização de suas vidas, fruto de séculos de exploração colonialista dos países imperialistas sobre o continente africano. Em alguns países a herança patriarcal é tão forte que as mulheres são submetidas a tortura e mutilação dos órgãos genitais, revelando a face mais brutal que pode chegar a opressão machista e racista. Sua cultura e religiosidade são desrespeitadas, pois a única cultura válida nesse sistema, é a cultura burguesa, permeada de toda sua ideologia machista, racista e LGBTfóbica.

As mulheres negras muitas vezes são condenadas a serem submissas, condenadas a uma vida de exploração e opressão sistemática, em nome do lucro capitalista. Mas engana-se quem pensa que essa realidade de dor e sofrimento, faz com que nós sejamos submissas e conformadas. Pelo contrário, como disse o grande revolucionário russo Leon Trotski, “aqueles que mais sofreram com o velho, são os que mais lutam pelo novo”. Nossas ancestrais foram escravizadas, retiradas a força de sua terra natal, tiveram seus corpos violentados e suas vidas destruídas pela exploração, mas jamais abaixaram a cabeça. As mulheres, principalmente as negras, sempre estiveram na linha de frente das principais lutas pela emancipação e libertação da humanidade.

Nosso sangue carrega a força das escravas insurretas, a força das Panteras Negras, das grandes revolucionárias que escreveram seu nome na história em todo o mundo, mas também de cada trabalhadora que se enfrenta com o patrão, de cada mãe que luta contra o assassinato de seus filhos, de cada mulher que não se cala diante do machismo. É essa força que nos move para dar lutar contra o machismo e o racismo, que nos move para destruir esse sistema capitalista em todo o mundo. Lutando por uma revolução social dos trabalhadores, tomando para si a demanda de todos os setores oprimidos, para dessa forma construir uma sociedade livre de toda exploração e opressão, onde seja possível conquistar a plena emancipação de toda humanidade.

 
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