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TEATRO
Companhia Ensaio Aberto recontará a história da revolução russa em outubro
Fernando Pardal

A Companhia Ensaio Aberto, com 25 anos de estrada fazendo um teatro político e fincada na tradição épica de Bertolt Brecht e Erwin Piscator, está em processo de elaboração de sua nova peça, “Os dez dias que abalaram o mundo”, que será encenada para o público a partir de outubro, celebrando o centenário da revolução russa.

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Quando os trabalhadores tomaram o poder pela primeira vez em um país, organizando-se a partir de conselhos (sovietes) e derrubando o poder da burguesia, isso mudou a história da humanidade de forma irreversível. Hoje, cem anos depois, após um século XX atravessado por crises, guerras e revoluções que chegaram a expropriar a classe dominante em um terço do globo terrestre, o capitalismo segue mantendo um esforço imenso para convencer os trabalhadores, a juventude, os setores mais oprimidos e explorados nesse sistema, como as mulheres, os negros, os LGBTs e os imigrantes, de que não há outra alternativa: esse mundo, tal qual ele é, é nossa única alternativa.

Procuram soterrar a heroica luta dessas mulheres e homens que fizeram a terra tremer e, como dizia Marx, “tomaram o céu de assalto”. Querem nos fazer acreditar que tudo foi em vão, que essa luta é “coisa do passado” e que apenas “provou” que o comunismo é uma grande farsa, uma utopia irrealizável.

Por isso mesmo é fundamental resgatar essa história, mostrar o que representou essa revolução sem precedentes, o que devemos aprender dela, quais são os legados que deixa para o nosso combate atual contra esse mundo em que tão poucos têm tanto e tantos não têm nada.

A Companhia Ensaio Aberto, com seus vinte e cinco anos de luta e resistência por um teatro ligado à história de luta e resistência, e cuja própria história é um ato de enfrentamento à essa ideologia que cotidianamente nos diz “não” à nossa rebelião contra o capitalismo, colocará em outubro no palco a revolução russa.

Situados no Armazém da Utopia, um espaço na região portuária do Rio que foi ocupado há mais de dez anos e mantido com luta e resistência, hoje a companhia prepara a peça “Os dez dias que abalaram o mundo”, com estreia prevista para outubro, o mês que marca os cem anos da primeira revolução proletária vitoriosa.

Tomando o nome do livro do jornalista americano John Reed, que foi uma testemunha ocular e participante nos eventos que levaram os bolcheviques ao governo soviético, a companhia recorre a distintas fontes e materiais de pesquisa em sua peça. Relatos de soldados que batalharam na primeira guerra mundial, livros de Reed e obras como a monumental “História da Revolução Russa” de Leon Trotski, que foi o presidente do soviete de Petrogrado e comandante do Exército Vermelho que combateu a contrarrevolução fazem parte do material de pesquisa.

Luiz Fernando Lobo, diretor da companhia, conduz o processo de criação que é feito de forma coletiva pelos membros da companhia e outras pessoas, atores profissionais ou não, que se juntaram ao grupo a partir de oficinas abertas realizadas no começo do ano. Formação política e criação artística caminham lado a lado no processo criativo. O debate vivo realizado a partir dos estudos e dos experimentos cênicos vai forjando a peça como parte do amadurecimento estético e político do elenco e colaboradores.

O ambicioso objetivo da Companhia Ensaio Aberto é apresentar a peça para mil espectadores por dia de apresentação, e a busca pelo público almejado faz parte do processo de construção da peça. Estabelecendo contato com movimentos sociais, escolas e diversos setores que fazem parte daqueles para quem a herança da revolução russa é um tesouro fundamental, a Ensaio Aberto vai compondo um mosaico em que procura mesclar pessoas de origens diversas nas apresentações. Para os que moram longe e cujo acesso ao teatro é algo fora do comum, a companhia organiza transporte, conseguindo ônibus para trazer de longe aqueles a quem se nega cotidianamente tanto o acesso à cultura e lazer disponíveis para quem pode pagar por eles, como também a história de sua própria classe e das lutas que protagonizou.

Ensaio aberto e debate com alunos no Colégio Pedro II de Humaitá

Dessa forma, a busca da companhia por um teatro político que retome a história dessa revolução é também uma militância pela formação política dos que podem e devem se tornar os sujeitos revolucionários contemporâneos.

Para conseguir financiar esse projeto, não contam com o suporte material das produções culturais hegemônicas, que reproduzem os valores culturais e estéticos que vemos nas novelas, nos filmes hollywoodianos. Os recursos são cavados aqui e ali, procurando quem possa apoiar um projeto que não se propõe a ser um “teatro para distração”, mas para formação, debate, inquietamento e que instiga à ação.
Parte dessa busca passa pela venda antecipada dos ingressos, que já começou. Pelo preço antecipado de dez reais, a companhia disponibiliza hoje as entradas e viabiliza o espetáculo de amanhã. É, de certa forma, uma retomada, até onde é possível na situação precária que hoje temos, de tentar resgatar a ideia de um financiamento autônomo e da ideia do teatro por assinaturas que as primeiras experiências de grupos operários realizava no início do século XX.

Vivemos hoje um Rio de Janeiro atravessado por uma grave crise econômica e política, em que a revolta latente dos trabalhadores e do povo ainda não consegue se transformar na organização política necessária para derrubar governos questionados e sem legitimidade como os de Pezão e Temer; em que a violência social se agrava a cada dia, com a polícia acirrando cotidianamente seu papel nefasto de carrascos a serviço da ordem, matando indiscriminadamente nos morros a juventude negra e até mesmo crianças dentro de suas casas e escolas; em que reformas a serviço dos lucros capitalistas são impostas a ferro e fogo, e com a conivência das direções burocráticas que hoje dominam os sindicatos e centrais.

Todo esse convulsivo cenário, um verdadeiro barril de pólvora pronto a encontrar a fagulha que pode fazer toda essa precária estabilidade voar pelos ares, é um momento mais do que propício e necessário para a peça “Os dez dias que abalaram o mundo” da Companhia Ensaio Aberto se colocar ao lado da luta dos explorados, relembrando todo o potencial revolucionário dos trabalhadores e dos oprimidos; a possibilidade de, conhecendo nossas forças e nossos inimigos, levarmos adiante uma luta em que, por fim, possamos romper os grilhões que nos prendem e o pesado fardo que se impõe sobre nós.

Para adquirir os ingressos para "Os dez dias que abalaram o mundo", com preço promocional (10 reais a inteira, 5 reais a meia) até o fim de julho:

WhatsApp: (21) 98909-2402
[email protected]

 
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