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HAMBURGO G20
Internacionalismo militante contra a cúpula do G20 e sua repressão
Lucía Nistal

No dia 8 de julho uma delegação da CRT e Pão e Rosas viajaram de Barcelona a Madrid para participar das mobilizações contra a cúpula do G20

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Quando pisamos no aeroporto de Hamburgo dois policiais armados nos cercaram e pediram identificação para comprovar nossos antecedentes, o que seria o princípio de uma larga rede de intimidação, persuasão e repressão contra o movimento anti G20 que não se cessaria até o momento em que deixamos o país.

Desde ali fomos a manifestação e no caminho vimos dezenas e dezenas de furgões, grandes caminhões com canhões d’água, vários helicópteros, policiais vindos de diferentes cidades alemães – alguns dos quais, segundo informou a imprensa alemã procedentes de Berlim, tiveram que enviar de volta para casa por se exceder suas festas noturnas – e ainda um tanque, preparados para intervir, mas que não forma capazes de impedir a presença de dezenas de milhares de manifestantes dispostos a enfrentar a cúpula e a repressão. Mais tarde nos inteiramos de que houve cerca de 100 mil pessoas: a maior manifestação contra a cúpula do G20 em anos.

O ambiente era alegre e combativo, com canções de protestos e discursos anticapitalistas de fundo. A composição das organizações era muito heterogênea, desde setores ecologistas, organizações de esquerda, sindicatos, coletivos feministas, grupos autonomistas e o bloco anticapitalistas, que que nós participamos junto com companheiros do Klasse gegen Klasse/ RIO (Organização Internacionalista Revolucionária) e outros grupos.

Apesar do ambiente tranquilo dentro da manifestação, a polícia tratou de provocar enfrentamento em determinado momento isolando a parte da manifestação em que estávamos e começou a deter manifestantes que marchavam diante nós, junto a qual aguentamos sem romper fileiras e esperamos para podermos terminar a marcha no ponto acordado.

Ao terminar nos aproximamos de um parque com a intenção de descansar e comentar o decurso da manifestação, mas a polícia, que estava perturbando nossos companheiros durante dias, nos seguia até onde íamos e começou a provocar diferentes grupos que, como nós, tratavam de descansar após a manifestação. A partir desse momento a tensão começou a subir, se obrigou a retroceder a polícia gritando “sumam, sumam!” e, aos poucos minutos, as cargas e detenções começara, e os canhões d’água puseram-se em marcha.

De volta ao acampamento internacionalista, situado na periferia de Hamburgo, tivemos a oportunidade de trocar impressões com os companheiros e levar a cabo um debate sobre a situação política, da luta de classes e o movimento de mulheres no Estado Espanhol e o trabalho do Pão e Rosas contra a violência e a precariedade que sofremos especialmente as mulheres trabalhadoras. Mas o aparato repressor do Estado não teria planejado nos dar um descanso e um helicóptero sobrevoou muito baixo sobre nós as 3 da manhã para impedir que dormíssemos, como haviam feito insistentemente nas noites anteriores.

No dia seguinte viajamos de ônibus à Berlim, mas outra vez sofremos perseguição da polícia que nos escoltou lentamente durante quilômetros até levarmos a uma área de descanso a 30 Km da capital em que nos esperava um enorme aparato policial com dezenas de furgões que nos teria detido durante mais de 3 horas. Uma vez que chegou o advogado que chamamos para informarmos bem dos limites legais da atuação policial, nos fizeram descer uma a um para identificar-nos, registrar minuciosamente cada um de nossos pertences, enquanto nos gravavam contra nossa vontade e da legalidade, nos intimidavam com suas perguntas e comentários e nos impediam de circular pelo espaço, nos deixando horas no sol. Me exigiram que não falasse em castelhano com nossos companheiros porque não entendiam, nos perguntaram pelo conteúdo de nossos dispositivos eletrônicos, requisitaram objetos como canetas e inclusive isolaram o companheiro que se identificou como da imprensa para que não pudesse gravar o que estava passando com o resto do grupo. Todo efeito, sob o subterfúgio kafkiano de tratarmos como possíveis testemunhas sobre o que que havia ocorrido em Hamburgo e como possíveis testemunhas de uma suposta manifestação futura que pudesse ocorrer em Berlim. Algo que não combina de nenhum ponto de vista com o trato que nos deram e a busca de armas e “provas” em nossa equipe.

Hamburgo, com grande orçamento para repressão e sob as ordens do prefeito do SPD Olaf Scholz cuja demissão exige desde o RIO, teria se convertido numa cidade sitiada por dezenas de milhares de policiais que teriam provocado dezenas de feridos e detido centenas de ativistas; as saídas da cidade teria se transformado num grande ponto de controle policial que buscava intimidar, criminalizar e recolher dados de ativistas nacionais e internacionais – todo o aparato pela lei de segurança ASOG aprovada em Berlim com o apoio de Die Linke – que não demoraram a utilizar contra nós quando tiveram oportunidade. Queremos denunciar a enorme repressão do Estado alemão que se ergue como campeão da democracia na Europa e no mundo, mas que não demora em suspender os direitos e liberdades democráticas básicas para destruir qualquer tipo de resistência e defender seus interesses, os interesses do capital.

Para nós, participar dos protestos contra a cúpula do capital e do imperialismo junto com os companheiros do RIO e compartilhar momentos de luta, resistência, reflexão e intercambio foi uma grande experiência de internacionalismo prático. Entendemos que frente a condição internacional dos grandes líderes do capital que nos exploram e reprimem é necessário opor uma solidariedade e organização internacional dos de baixo que, durante essas semana, no acampamento, em cada mobilização, conversa e ação caminham assim a transformação da sociedade que acabe com toda a exploração e opressão que tanto teme Merkel, o prefeito de Hamburgo Scholz, Trump, Macri, Erdogan e Rajoy, escondidos atrás dos agentes de sua ordem e nos muros de suas salas de conferência, que não são suficientes para nos parar.

Tradução Douglas Silva

 
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