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Nas fábricas, nossas vidas valem mais que o lucro deles!
Adeilton Ramos

Todos os dias vemos suspensões, advertências, ameaças de justa causa e demissões. Quando desempregados vemos que cada dia custa mais conseguir um novo trabalho e quando conseguimos é sempre mais precário ou com piores condições que o anterior.

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Estávamos todos em volta do painel principal da máquina, conversando um pouco enquanto aguardávamos a aprovação de um novo pedido de produção. Raramente isso acontece - ficarmos parados conversando – e quando acontece, apesar de aproveitarmos o fôlego, sabemos que não é bom sinal. Produção baixa, algum erro no pedido anterior, qualquer coisa, sabemos que qualquer coisa pode ser a brecha para novas demissões. Por isso, esse era o assunto:

- Muita máquina parada, a moleza é boa mas por outro lado é até triste de ver. Logo inventam alguma coisa pra mandar todo mundo pra rua.

  •  É, aqui não existe respeito não, só querem saber é de dinheiro. Pra eles todo mundo aqui é só mais um número, deu problema, troca a peça e coloca outra mais barata no lugar. É foda tio... pra eles, nossa vida não vale nada.
  • Todos os dias vemos suspensões, advertências, ameaças de justa causa e demissões. Quando desempregados vemos que cada dia custa mais conseguir um novo trabalho e quando conseguimos é sempre mais precário ou com piores condições que o anterior.

    Os jovens se acabam em poucas horas mal dormidas para conciliar as 44 horas semanais na fábrica com os estudos na faculdade, no técnico ou em cursos profissionalizantes que contamos as moedas para bancar.

    As mulheres são guerreiras, trabalham muito mais. Além de encarar o assédio e o machismo reproduzido no ambiente de trabalho, ocuparem postos mais precários, muitas vezes recebendo salários mais baixos e ainda tem que encarar o segundo turno de trabalho; cuidar da casa, dos filhos e dos maridos. Da mesma forma, os negros e negras, maioria no chão de fábrica, também ocupam funções mais precárias, recebem menos e lutam todos os dias para não deixar o racismo apagar sua identidade e sua história de luta e resistência, inclusive apagando seus traços e costumes, alisando os cabelos e sofrendo com o preconceito e a demonização de sua cultura e religião.

    Os governos pedem que trabalhemos mais. A FIESP diz que deveríamos operar a máquina com uma mão e comer com a outra. Os empresários nunca perdem. Envolvidos até o pescoço nos escândalos de corrupção, molhando a mão dos políticos como no caso da JBS, eles mostram que o governo não passa de um balcão de negócios para favorecer seus interesses, seus lucros. Assim, mesmo sendo eles próprios, e os políticos capitalistas, os responsáveis por toda a crise do pais, fazem de tudo para tentar aprovar reformas que jogam a conta nas nossas costas, como a reforma da previdência e a trabalhista. Querem aumentar as jornadas, diminuir as pausas, retirar diretos, querem aumentar a velocidade das máquinas, ou seja, aumentar a exploração do nosso trabalho. E assim, também, vão crescer os terríveis índices de doenças e acidentes de trabalho. Literalmente cada dia mais deixamos nossa saúde e nossas vidas no trabalho. Não podemos permitir:

    NOSSAS VIDAS VALEM MAIS QUE O LUCRO DELES

    Esse deve ser o grito dos que não aceitam que os únicos planos possíveis para sair da crise são os dos empresários e seus políticos corruptos - os golpistas do PSDB, PMDB, mas também o próprio PT, que no governo Dilma já tinha planos para reformar a previdência e que agora, ao invés de ir com tudo para barrar as reformas, está mais preocupado com as eleições de 2018. Lula, há poucos dias afirmou que se for eleito não anularia as reformas. Deles realmente não podemos esperar nada. Também não podemos esperar que as centrais sindicais façam o papel que deveriam. A prova disso foi o último dia 30 de junho. A Força Sindical diretamente traiu sem mover uma palha e a CUT e a CTB fizeram corpo mole, fazendo com que esse dia fosse muito mais fraco do que a disposição de luta dos trabalhadores nos locais de trabalho mostrou que poderia ser.

    - Um dia a gente vai ter que se unir pra resolver tudo isso ai. Nosso sindicato não faz nada... é uma máfia de vendidos. E nós... nós é que vamos sofrer com essas reformas por que somos nós que trabalhamos.

  •  É, nós que trabalhamos, mas ao mesmo tempo é da nossa mão que vem o dinheiro da fábrica, da cidade e do país. Merecemos respeito, nossa vida vale muito mais que o lucro deles.
  • Nós trabalhadores temos que ter outro plano, um plano para que a crise seja paga por eles! Precisamos nos organizar por comitês nas fábricas e locais de trabalho, impormos que os sindicatos lutem contundentemente para barrar as reformas, derrubarmos o governo golpista de Temer e eleger nossos representantes para mudar as regras do jogo. Por isso propomos que em meio a essa luta construamos uma assembleia constituinte que anule as leis contra os direitos dos trabalhadores e permita votarmos medidas que atendam aos nossos interesses, levando ao fortalecimento de uma alternativa dos trabalhadores que possa nos fazer tomar em nossas mãos a tarefa de definir os rumos da sociedade.

     
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