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LGBTfobia
Precisamos falar sobre homofobia e futebol
Mateus Carbonieri

O caso recente do Sport Club Gaúcho não representa apenas uma situação isolada, mas reflete a dura realidade do quão machista e homofóbico é o cenário esportivo no nosso país.

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Mais do que os artistas de televisão e da indústria fonográfica, no Brasil, os grandes ídolos do futebol tendem a personificar o padrão que é exigido a qualquer homem que ceda a pressão social e resolva esforçar-se para se enquadrar no nosso sistema machista e patriarcal.

Esclarecido isso, não é surpresa a ausência de LGBTs nesse meio, visto que desde cedo os homossexuais são marginalizados em tudo aquilo que “é de macho”, no conceito dos conservadores.

Entretanto, o recente caso do Sport Club Gaúcho traz à tona algumas questões muito importantes que vínhamos escolhendo ignorar ultimamente.

As vaias aos juízes e jogadores em estádios durante partidas de futebol são mantras carregados de homofobia e de todo tipo preconceito. Já se tornou estrutural, cultural.

Mas nos bastidores, o que ocorre é ainda pior. E um fato que comprova isso é o recente escândalo que deu-se graças ao vazamento de um vídeo íntimo envolvendo jogadores de um time pouco conhecido da terceira divisão do Rio Grande do Sul.

Nas imagens, que acabaram viralizando na internet, um dos atletas aparece masturbando dois de seus companheiros no vestiário.

Gilmar Rosso, o presidente do clube, não perdoou. Assim que tomou conhecimento do vídeo gravado na última sexta-feira, demitiu os quatro envolvidos já no dia seguinte. Em suas declarações, ele aproveitou, também, para destilar todo o seu preconceito, em discursos de ódio que refletem não só a sua visão, mas também a da maioria daqueles que dirigem esses espaços tão LGBTfóbicos.

Apesar de afirmar que não nutria nem apoiava nenhum tipo de discriminação, ele disse que, ao receber o vídeo através do roupeiro do clube, ele não conseguiu assistir até o fim, já que as imagens eram, no seu entendimento, “nojentas”.

O pretexto utilizado, então, para a demissão repentina? Ele afirmou estar revoltado com o descumprimento das regras que proíbem filmagens e fotografias dentro do ambiente.

Mas ele não parou por aí. Não satisfeito com tudo que já havia dito, ele ainda acrescentou que “apesar de não ser nenhum defensor da moral e dos bons costumes, [...] estava fazendo aquilo para proteger os jogadores de tudo que ouviriam da torcida caso voltassem a entrar em campo”. Disse também que “até onde sabia, nenhum dos três eram gays, mas que agora seria preciso provar isso”.

O caso não é uma exceção e só serve para comprovar o quão preconceituosa a indústria esportiva do nosso país é. Os jovens envolvidos tiveram suas identidades preservadas, mas não deixaram de trazer para todos nós um questionamento muito importante: eles foram apenas um dentre os muitos atletas que, com certeza, mantém em segredo quem realmente são por conta da pressão da sociedade, temerosos quanto a possibilidade de perderem tudo o que já conquistaram. Até quando nós, da comunidade LGBT, seremos impedidos de ocuparmos determinados espaços somente para que os conservadores possam sentir-se bem com eles mesmos?

 
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