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CASAMENTO IGUALITÁRIO NOS EUA
Um dia histórico para o Movimento LGBT
Bruna Lemos
Marie Castañeda
Estudante de Ciências Sociais na UFRN
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O dia 26 de junho de 2015 entrou para a história. As LGBTs e ativistas de todo o mundo comemoraram uma importante conquista de direitos: os Estados Unidos da América legalizaram o casamento homoafetivo para todo seu território Nacional, que antes era permitido em apenas 36 dos 50 Estados. Estados como Ohio, Nebraska e Texas, onde antes a união não era reconhecida passarão a ser obrigados federalmente a tornar válida uniões entre pessoas do mesmo sexo.

A decisão foi tomada pela Suprema Corte dos EUA, com 5 votos contra 4, em resposta a uma ação coletiva que já dura anos. O líder da ação coletiva, Jim Obergefell, discursou emocionado lembrando do marido já falecido, e recebeu um telefonema da casa Branca, no qual o presidente Barack Obama parabenizou-o pessoalmente por “ ter se tornado um exemplo para as pessoas, sua luta trará uma mudança duradoura para o país”.

Essa importante conquista da comunidade LGBT repercutiu em todo o mundo, se tornando uma nova esperança de que se alcance as igualdades de direito nos países, como o Brasil que ainda se negam a reconhecer direitos civis plenos à população LGBT. Foi comparado por seu alcance com outras medidas como a ilegalização da segregação racial nas escolas ou ainda a legalização do aborto. Para um país extremamente racista, onde os protestos que tomaram as ruas de Baltimore e tantas outras cidades que diziam que "a vida dos negros importam", esta é sem dúvidas uma expressão das lutas que começaram desde 1969, com as barricadas de Stonewall que expandiu a todo o mundo a primeira onda do levante pela liberdade sexual e identidade.

Expressando a ala conservadora da corte, o Juiz Antonin Scalia afirmou que se trata de um "golpe de estado judicial" e "disse que o Supremo Tribunal é uma ameaça à democracia estadounidense". A lei não entrará em vigor imediatamente porque existe um prazo de aproximadamente três semanas para os estados que se opõe possam recorrer.

Obama: um novo símbolo LGBT?

Mas nem todos os LGBTs presentes nesse dia histórico foram tão bem tratados por Obama. A mexicana e transexual Jennicet Gutierrez foi expulsa da Casa Branca após denunciar as prisões e a política de deportação compulsória que o governo dos EUA promove entre os imigrantes LGBT no país. “Presidente Obama, liberte todos os LGBT das prisões! Pare com as torturas e abusos contra mulheres trans nos centros de detenção!" Estas foram as palavras de Jennicet poucos minutos antes de ser retirada por seguranças da cerimônia a mando de Obama.

Mesmo com as lindas palavras de Obama de que "Essa é uma vitória para toda a América (...) hoje demos um grande passo no caminho da igualdade", não se pode esconder a demagogia da Casa Branca, do Senado estadounidense e do presidente Obama que mesmo “comemorando” uma conquista dos LGBT, escondem que a igualdade na lei não significa igualdade na vida e que os EUA continuam sendo um imperialismo opressivo contra LGBTs, negros, latino-americanos, islâmicos, etc, nos EUA e no mundo todo.

Virgínia Guitzel que é colunista do Esquerda Diário e militante da Juventude ÀS RUAS comentou "No EUA e no mundo, as leis e o Estado ainda são expressões do antagonismo das classes sociais. Essa histórica conquista, ainda está neste marco, da igualdade formal. Se Obama fosse realmente um símbolo das lutas dos oprimidos, não tratariam as massas negras dos Estados Unidos como vândalos, e não teria utilizado da repressão contra os protestos que assim como no Brasil denunciam o assassinato cotidiano pela polícia. A luta dos LGBT é a mesma luta dos negros e das mulheres, por isso, se nos tocam a um como foi Mike Brown ou Eric Garner, nos tocam a todos".

No Brasil segue a luta pelos direitos LGBT

Para os milhares de LGBT no Brasil, o país em mais LGBT são assassinados no mundo, a alegria era compartilhar este grande fato e poder desafiar e exigir dos reacionários fundamentalistas religiosos que passaram toda a semana utilizando da Câmara e do Senado como suas igrejas, que sigam o exemplo dos EUA. Eram posts que mostravam Malafaia reivindicando os EUA e logo abaixo a pergunta "e agora?". Essa imensa alegria tomou as fotos de perfis do Facebook e outras redes sociais, é a expressão do mês do Orgulho LGBT se chocando no Brasil com o ódio legitimado e naturalizado pelas bancadas evangélicas e demais setores conservadores.

A presidente Dilma apoiou formalmente a decisão dos norteamericanos, mas não até hoje não deu sequer um passo sério no sentido de garantir os direitos civis dos LGBT. Não abrirá mão de suas alianças com setores ultraconservadores da Câmara como a bancada evangélica e tampouco pretende se contrapor aos seus projetos reacionários. Em troca de acordos escusos, Dilma leiloa os direitos mais democráticos dos LGBT, como a opção de casar-se ou não, a criminalização da homofobia ou um plano de educação nacional que abranja questões de gênero e sexualidade dentro das escolas brasileiras. O PT, que se autoproclamou tão “progressista” durante as campanhas presidenciais se esconde atrás do intransponível véu conservador e nega segurança e direitos básicos aos LGBT. Se num país como os EUA em que o racismo e a homofobia fazem parte inerentemente de suas instituições esse direito democrático fosse reconhecido, o que poderia ser feito no Brasil se o petismo fosse de fato progressista e não covarde?

Por fim, Virgínia disse: "Hoje, um dia depois desta conquista histórica nos preparamos para em poucas horas marchar por justiça a mais uma vítima do transfemincídio no pais: Laura Vermont. Assassinada pela polícia com respaldo neste Estado que não nos reconhece e no governo de Dilma e do PT que seguem calados sobre nossos direitos, é uma grande demonstração do falso progressismo do PT e que a "onda conservadora" nada mais é que os acordos que mantiveram este governo ainda hoje no poder, mesmo com tanta rejeição".

 
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