O Parlamento alemão, com o voto contra de Angela Merkel, aprovou nesta sexta-feira, 30, a legalização do matrimônio entre pessoas do mesmo sexo em uma polêmica sessão em que os socialdemocratas decidiram romper o acordo de coalizão com os conservadores, a três meses das eleições gerais.
Com 393 votos a favor, 226 contra e quatro abstenções, na última sessão plenária da legislatura em Bundestag (Câmara), Alemanha se somou aos 22 países que permitem matrimonio igualitário.
A iniciativa ficou fora do acordo da grande coalizão em 2013 e o Partido Socialdemocrata (SPD), que respeitou o pacto durante os últimos quatro anos, assegurou que seria requisito imprescindível para participar do futuro novo governo, a mesma condição que colocaram os liberais e os Verdes.
No domingo passado o Congresso extraordinário do SPD colocou a legalização do matrimônio igualitário como condição imprescindível para reeditar uma nova aliança com o partido de Merkel para as eleições legislativas que acontecerão em setembro.
Frente essa situação, Merkel abriu na segunda-feira a possibilidade para seus deputados de seu partido de "decisão de consciência" (voto descentralizado), e o SPD decidiu forçar uma votação nesta mesma semana, sem esperar os comícios do 24 de setembro (eleição geral).
Merkel, que havia qualificado como "triste" a situação, deu liberdade de voto a seus deputados e introduziu um cartão vermelho na urna colocada no centro do salão de votação em rechaço à lei que legalizasse o matrimônio igualitário.
"Para mim o matrimônio, na Constituição, é o matrimônio de homem com mulher, e por isso não apoio o projeto", manifestou frente os jornalistas depois da sessão e frente a todos os ativistas LGBT que estavam como convidados na tribuna.
Os socialdemocratas marcaram um ponto importante na pré-campanha eleitoral, mas sem questionar o acordo que mantiveram por anos com o partido conservador de Merkel, que seguirão apoiando caso eles obtenham a maioria simples em setembro.
O projeto foi respaldado pelos deputados do SPD, da Esquerda e dos Verdes, além de membros da bancada conservadora, que fizeram o uso do "voto de consciência" para apoiar a lei.
A votação que sem dúvidas é um triunfo, produto da luta de anos por parte do movimento LGBT, é utilizada pelos partidos como moeda de troca para favores nas coalizões eleitorais.
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