Poucos conheciam Doria como figura pública antes de sua campanha a prefeito bancada pelo seu padrinho político Geraldo Alckmin e pelos seus milhões em marketing que convenceram uma parcela razoável da população da mentira do "João trabalhador".
Mas o prefeito-empresário que hoje se dedica a privatizar a cidade de São Paulo inteira, tentando ver a melhor forma de transformar tudo - de parques a cemitérios - em um negócio lucrativo para seus amigos empresários, já tinha um pé na vida política.
Nos anos 80 o tucano foi presidente da Embratur. Em um episódio que na época gerou revolta foi a declaração de Doria durante uma reunião com mais de cem empresários cearenses, em que ele colocou a sua proposta para fomentar o turismo no nordeste: transformar a seca em turismo para os habitantes de outras regiões.
O episódio foi documentado na edição de 2 de Julho do Jornal do Brasil, que citava Doria: "a seca poderia ser um ponto de atração turística no nordeste". O jornal ainda relata que a radialista Adisia Sá, apresentadora do programa "Debate do Povo", um dos recordistas de audiência em Fortaleza na época, disse que prometia ser a primeira a receber qualquer agência de viagens que chegasse com uma excursão na região, e lideraria uma multidão para vaiá-la e fazê-la voltar de onde veio. Ela concluiu o programa chamando Doria de "dandi do do society transplantado para a vida pública."
Não se pode dizer que a precisa definição de Adisia não se mantenha atual frente ao novo posto de prefeito de Doria.
Outra nota de jornal relata o fato:
Frente às bizarrices que vemos Doria fazer na prefeitura de São Paulo, e seu autêntico desprezo pelos pobres, como demonstra sua operação de guerra na cracolândia, podemos considerar o episódio da Embratur como um "treino" para sua atual função.
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