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ATAQUE À PESQUISA
Faperj cancela pesquisa sobre Aedes aegypti e exige devolução de R$ 570 mil
Redação

Utilizando a morte de coordenador do grupo de pesquisas como pretexto, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) cancelou as verbas de uma pesquisa sobre o mosquito transmissor da dengue, zika e chicungunha e quer que pesquisadores devolvam R$ 570 mil.

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O repasse das verbas destinadas à pesquisa já estavam atrasados, e, após a morte morte do líder da equipe, o bioquímico Mário Alberto Cardoso da Silva Neto, a Faperj cancelou as verbas e exigiu a devolução de todo o dinheiro já investido no projeto.

O cientista falecido havia vencido desde 2013 cinco editais de pesquisa sobre o Aedes aegypti e a doença de Chagas, num total previsto de R$1,4 milhão de reais. Mas as verbas sempre eram repassadas com um atraso de, no mínimo, seis meses. Apenas um de seus trabalhos conseguiu acesso suficiente para a conclusão: todos os demais tiveram as verbas canceladas devido aos cortes feitos pelo governo de Pezão.

Diversos professores e departamentos da UFRJ, inclusive a vice-reitoria, apelaram para que a fundação não congelasse a verba de Silva-Neto, destinando-a para Georgia, chefe do Laboratório de Bioquímica de Lipídios e Lipoproteínas, um dos doze colaboradores envolvidos com os projetos do bioquímico.

Georgia Atella, esposa de Silva Neto, explicou um de seus projetos: "O Mario fez, em parceria com a Fiocruz, uma coleta de mosquitos Aedes em vários pontos da cidade. Sua intenção era compará-los ao Aedes que usamos no laboratório, que vêm de países do Primeiro Mundo e têm o DNA diferente. Esta iniciativa poderia nos ajudar a ver quais moléculas podem tornar o Aedes “carioca” mais resistente ao inseticida do que o outro, e de que forma conseguiríamos diminuir sua defesa aos produtos. Mas, para realizar este sequenciamento genético, precisamos de R$ 73 mil. Não vamos fazer. Não teremos estas respostas."

Rodrigo Nunes, pesquisador de pós-doutorado no laboratório de Silva-Neto, falou sobre o projeto Flower Power, o principal que era dirigido por Silva Neto:

"Usamos a maria-sem-vergonha, uma das flores mais assediadas pelo Aedes, para estudar como ocorre a alimentação do mosquito — explica. — No início de sua vida, o mosquito chupa primeiro a seiva da planta e, depois, a fêmea começa a nos picar. O projeto consiste em modificar geneticamente a planta para que ela possa desenvolver uma proteína na seiva que impeça o inseto a buscar o sangue de um mamífero."

Ele diz que se os pagamentos de verbas fossem feitos em dia, já teriam recebido todas as verbas necessárias para a conclusão do projeto. Agora, terão que procurar novos editais, que, devido à crise e os cortes feitos pelos governos, estão cada vez mais raros. Eles consultaram a Faperj, após a morte de Silva Neto, sobre a mudança de coordenador do projeto para o repasse das verbas - que é feito nominalmente aos coordenadores - e a resposta obtida foi: “na realidade vocês não gastam. Todo o dinheiro é devolvido”.

Nesse ano, o orçamento da Faperj já foi reduzido em 30% em comparação a 2016. O pagamento de bolsas e o investimento em ciência e inovação, que era de cerca de R$ 430 milhões, não ultrapassará a marca de R$ 300 milhões este ano. Estima-se que 2 mil laboratórios podem ser fechados até dezembro — o que poderia causar um retrocesso de até 20 anos na produção científica do estado, segundo especialistas. Os centros de estudo do estado do Rio de Janeiro contribuem para 5% da pesquisa mundial sobre o vírus da zika.

 
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