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GREVE GERAL DIA #30J
#30J As centrais sindicais estão construindo a greve geral? Porque tomá-la em nossas mãos?
Fernanda Peluci
Diretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe
Romeu Montes, aeroviário de Guarulhos

No último dia 5 de junho as centrais sindicais se reuniram para discutir os passos seguintes da luta contra as reformas e o governo Temer e definiram uma nova greve geral para o dia 30 deste mês. No entanto, informes que temos das principais categorias e acompanhando os sites das centrais sindicais do país como CUT e Força Sindical podemos perceber que quase não falam nada em suas páginas sobre esta greve, menos ainda há chamados para assembleias nas categorias, comitês de base para organizar a luta, ou qualquer outro chamado para transformar a maior classe trabalhadora da América Latina em sujeito desta luta importante. É necessário tomarmos esta luta em nossas mãos!

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Acaba sendo vergonhoso entrar no site da maior central sindical do país, a CUT. Não há em toda a página principal da Central um só chamado a construção da greve geral no dia 30. Se procurarmos bem, é possível visualizar uma nota bem pequena sobre um suposto "esquenta da Greve Geral" (como a central intitula) onde mostram uma minúscula manifestação com meia dúzia de sindicalistas e uma faixa no Aeroporto de Porto Alegre - RS.

Já a política que hoje colocaria o candidato da CUT como presidente do país, Lula (como mostram as pesquisas), expressa na campanha que possivelmente restabeleceria o regime em crise, ou seja, o chamado por "Diretas Já", ganha destaque na capa do site e toma quase por completo a página da central. Nenhum, absolutamente nenhum chamado para alguma reunião de base de trabalhadores, ou assembleias para organizar a greve. E na aba “agenda” do site, seria cômico se não fosse trágico: nenhum evento encontrado em Junho, e na parte de "Multimídia/Assembleias" podemos encontrar bem grande um "Página não encontrada/em manutenção".

Não estaria tão mal se o problema se resumisse a questões técnicas virtuais se no trabalho concreto do dia-a-dia, no chão de fábrica e dos locais de trabalho, estivesse ocorrendo minimamente o processo de construção da greve. Porém, sabemos que menos ainda isso vem ocorrendo.

Quem conhece a atuação destas centrais sindicais não se engana: sabe que nunca pode contar com seu sindicato (do menor ao maior dos problemas) e que mais cedo ou mais tarde estes sindicatos vão dar um jeito de, às portas fechadas, negociar os direitos dos trabalhadores com os patrões e entregar a luta. Esta "entrega" acontece há décadas no Brasil, e durante o governo do PT, que foi quando mais aumentou o número de terceirizados e trabalhos precários no país, os trabalhadores perderam muitos direitos básicos e as centrais não resistiram contra estes ataques, entregando "de bandeja" aos patrões as conquistas dos trabalhadores, engessando os principais sindicatos do país – reconhecidamente combativos em outras épocas – em detrimento da defesa incondicional e da estabilidade do governo do PT.

Já a Força Sindical (FS), dirigida pelo pelego Paulinho Pereira – ainda que oficialmente não seja mais o presidente da central – em seu 8º. Congresso, ao invés de apresentar um plano de mobilizações para a construção da Greve Geral, apenas reproduziu a farsa que costumam encenar nestes congressos tomados por dirigentes mafiosos e sem quase nenhuma presença da base dos trabalhadores. Pior: em meio ao congresso, viram seu ex-presidente, deputado federal pelo Solidariedade, ter seus direitos políticos cassados por pelo menos cinco anos, em virtude de improbidade na utilização dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), notícia recebida no mesmo fim de semana em que declarou aceitar as reformas de Temer, desde que sejam negociadas. E neste clima político, nenhuma assembleia foi agendada nas categorias em que a FS dirige.

As últimas grandes demonstrações de força da classe trabalhadora no Brasil nos dias 15 de março com a paralisação nacional e dia 28 de abril só ocorreram devido as centrais se virem obrigadas pela pressão da base a se movimentarem contra o gigantesco ataque contra os trabalhadores com a Reforma Trabalhista e da Previdência, e principalmente por isso se sentem obrigadas a seguir a luta, embora contra suas vontades. Buscaram conter o máximo que puderam as lutas que se deram para não sair de seu controle o movimento de trabalhadores, que poderiam derrubar estas burocracias sindicais e tomar os sindicatos de forma a organizar efetivamente as lutas.

Para fortalecer ainda mais a greve geral no dia 30 é necessário uma série de ações que envolvam a base das categorias, como a organização de comitês de base em cada local de estudo, de trabalho e nos bairros para organizar esta luta, assim como grandes e massivas panfletagens à população para colocar a importância do movimento contra as reformas e Temer, e também manifestações massivas que coloque nas ruas milhares em luta pela não retirada de direitos. No calendário tirado pelas centrais está marcado no próximo dia 20, terça-feira que vem, manifestações em vários estados do país, o que estão chamando de "esquenta da greve geral". Devemos desde os locais de estudo e trabalho que estamos construir com tudo essas manifestações de rua com milhares de trabalhadores e estudantes para fortalecer ainda mais a greve geral e mostrar para este governo golpista que não aceitaremos a retirada de direitos. Tampouco estas centrais se mostram preocupadas em lotar as ruas e construir atos fortes e massivos nas bases levando em consideração a seriedade e urgência do momento político atual do país e a disposição dos trabalhadores em continuar com o curso combativo apresentado na última greve geral dia 28 e o grande ato de Brasília, semanas atrás, pois não há nenhum chamado desses atos em qualquer lugar que seja.

E o grande “crime” de centrais como CUT e CTB, dirigidas por PT e PCdoB respectivamente, é minar essa disposição de luta já comprovada pelos trabalhadores e pela juventude nos últimos anos no país, em troca de uma saída do tipo “mais do mesmo”: a campanha “Diretas já”, aparece como uma opção viável para PT e PCdoB pois é uma maneira de seguir um discurso supostamente democrático, contra o governo golpista de Temer sem tocar no regime burguês de exploração que eles tanto necessitam e são parte. Frente à crise dos principais partidos e do regime político, o PT encabeça a campanha pelas Diretas para dar legitimidade ao sistema político e tentar desviar a indignação da juventude e dos trabalhadores para uma saída eleitoral e de relegitimação a este regime, para tentar construir uma nova governabilidade com o “projeto Lula-2018” aliados à mesma direita que lhe puxou o tapete já que os governos Lula-Dilma apresentaram contradições para implementar as reformas.

Por isso entendemos que na lógica dos ex-governistas até mesmo a bandeira de “Diretas Já” não será levada com o afinco que espera e acredita a base honesta e sincera da juventude e dos trabalhadores que acreditam nesta via apresentada como saída para a crise, já que, em troca do velho pacto de governabilidade, o projeto que interessa a cúpula petista se apresenta nitidamente como uma nova reeleição de Lula, ainda que este, por baixo dos panos, siga em articulação com os mesmos figurões golpistas que atacam os direitos dos trabalhadores, pois é literal o objetivo das "Diretas já" de recompor o regime político dos conchavos, dirigido pela corrupção inerente dos capitalistas. Não podemos permitir estas manobras e a estratégia petista de desviar as lutas canalizando a vontade do trabalhador de lutar, em palanque para o projeto eleitoral que em nada mudará nossas condições e nem impedirá a aplicação das reformas.

Estamos em meio a uma das mais importantes crises políticas do país onde se abre um cenário em que a classe trabalhadora precisa avançar como o fator determinante na política nacional para dar a sua própria saída para a crise política e impor que sejam os capitalistas que paguem pela crise. Somente com a força da mobilização da base podemos derrubar o Temer e suas reformas. Por isso chamamos cada trabalhadora e trabalhador a construir conosco uma enorme agitação em vários estados e cidades do país tomando as ruas e os locais de trabalho para construir de fato uma greve geral que tenha força decisiva.

Precisamos impulsionar centenas de comitês nos locais de trabalho e estudo para tomar em nossas mãos o destino dessa luta, pois, a cúpula das centrais sindicais como a Força Sindical, CUT e CTB já preparam nova traição aos trabalhadores.

É possível e necessário tomar o dia 30 de junho em nossas mãos construindo uma greve geral maior do que a do dia 28 passado para derrubar Temer e as reformas, e impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana para que os capitalistas paguem pela crise.

VEJA TAMBÉM Esquerda Diário e MRT lançam campanha "Tomar a greve geral nas nossas mãos"

 
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