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CSP-CONLUTAS
Construir comitês de base e levantar a bandeira de Constituinte Já!
Felipe Guarnieri
Diretor do Sindicato dos Metroviarios de SP
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

Declaração do MRT para a reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas nos dias 09, 10 e 11 de junho.

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A classe trabalhadora, apesar de suas principais direções, realizou uma enorme demonstração de força com as greves do dia 15/03 e 28/04, que também se demonstrou na histórica manifestação em Brasília no último 29/05. Essas ações massivas colocaram em cheque os planos de Temer e dos capitalistas, foram uma pequena amostra do poder que a nossa classe tem para atacar os lucros dos patrões que querem descarregar a crise nas nossas costas.

Os trabalhadores desestabilizaram o governo. Abriu-se uma importante divisão na burguesia e na mídia em torno de como seguir os ataques, principalmente após as delações da JBS, porém ainda não encontraram um substituto para assumir a presidência. Temer sabe que sua sobrevivência no governo está relacionada diretamente com a aprovação das reformas, por isso se apressa no Congresso para que sua tramitação seja mais acelerada, enquanto paralelamente no TSE segue o julgamento da Chapa Dilma-Temer pelos ministros do supremo.

A divisão por cima entre as frações da burguesia no governo, congresso e Lava-Jato, favorece a intervenção da classe trabalhadora. Como se mostrou nas greves a força social da classe trabalhadora ganhou um imenso apoio popular contra as reformas e aumentou ainda mais a rejeição a Temer. Não há nenhum trabalhador local que não esteja revoltado com esse congresso corrupto financiado pelas grandes empreiteiras como a JBS e Odebrecth. O sentimento de “tem que parar tudo” é generalizado nos locais de trabalho e se as reformas ainda seguem não é por conta da disposição de luta dos trabalhadores.

A burocracia sindical segue sendo um obstáculo para que os trabalhadores possam vencer. Apesar de, depois de muito tempo de trégua, terem convocado esses dias de mobilização, só o fizeram por conta da enorme pressão que sentem por baixo nas suas bases. As principais centrais sindicais possuem seus interesses bem definidos. Fazem corpo mole na hora de convocar novas paralisações, em detrimento dos seus próprios interesses. Por um lado, CUT e CTB não escondem de ninguém que sua real campanha é o “Volta Lula”. Sim, o mesmo Lula que já declarou que reformas são necessárias, mostrando que o PT não quer outra coisa senão aplicar as reformas a sua maneira. Por outro, está a Força, UGT e demais centrais, que apoiaram o golpe e o governo Temer e buscam melhores condições para negociar as reformas com esse governo.

Diante desse cenário, que a Coordenação Nacional da CSP- Conlutas irá se reunir nesse final de semana em São Paulo. Reafirmamos, que a central como parte da esquerda deve se apresentar como uma alternativa concreta frente a burocracia sindical que inevitavelmente ira trair a luta dos trabalhadores. Uma alternativa que como já dissemos deveria ter sido potencializada desde o golpe institucional, onde atuando com a posição do PSTU a central se adaptou ao golpismo, comemorando o impeachment junto com as manifestações verde-amarelas dirigida centralmente pelos setores golpistas do congresso e movimentos como o MBL e Vem pra Rua. O erro custou caro e deixou nas mãos do petismo e de suas respectivas centrais a bandeira contra o golpe institucional.

Agora para tirar do controle das centrais os rumos da nossa luta, não basta acordos e diplomacia por cima. Temos que dizer a verdade: não é a CSP-Conlutas e sua mediação que está fazendo as centrais chamar um novo dia de greve. Apostar nisso, consequentemente levará a não cumprir a principal tarefa que a CSP-Conlutas pode cumprir diante a situação, CONSTRUIR CENTENAS DE COMITÊS DE BASE NOS LOCAIS DE TRABALHO, BAIRROS E COMUNIDADES, para por baixo ser uma alternativa real a burocracia sindical e suas direções. A Conlutas tem que ser exemplo nisso, a convocação de comitês é urgente e necessária, onde a central está a frente de sindicatos, como em São José dos Campos e no Metrô de SP, mas também onde atua como oposição. Além, do que nos seus próprios materiais a delimitação com a burocracia deve ser colocada. Não se pode perder oportunidades como foi em Brasília, onde a central junto com outros setores da esquerda foi linha de frente na resistência as bombas e balas da polícia, e depois não dedicar uma linha nos seus textos para criticar o recuo das principais centrais, sendo que algumas delas chegaram a condenar publicamente a ação de resistência.

Outro debate que deve ser feito nessa reunião é qual resposta a nossa central deve apresentar para a crise no país? Frente a ameaça de saída reacionária com eleições indiretas pela via desse congresso corrupto, diversos setores da esquerda como o MAIS, ruptura do PSTU que constrói a CSP-Conlutas, caem na armadilha petista de fazer uma campanha pelas “Diretas Já”. Mais do que qualquer suposta “unidade de ação” essa campanha deu um salto de adaptação ao diretamente se constituir como uma Frente nessa semana com lançamento em Brasília, junto a setores burgueses como o PSB, e com a participação de parlamentares do PR, PSD e a Rede de Marina Silva. Vale lembrar que esse tipo de saída também não é descartada por partidos da direita tradicional, como o DEM com seu líder Caiado dando declarações a favor de tal emenda constitucional.

Apesar de dizer que essa não é a palavra de ordem no momento, o PSTU voltou a defender eleições gerais, um caminho que levara a central que antes se adaptou ao golpismo, agora ser base da campanha petista. Isso não podemos deixar acontecer. Qualquer campanha por eleições ou diretas, é uma saída por dentro desse regime podre e carcomido. Permanecerá os mesmos atores políticos, financiados pelas mesmas empresas, empreiteiras e multinacionais. Não será nem Lula, nem Dória, nem Bolsonaro que irão frear o avanço das reformas, eleger qualquer um deles de nada adiantará para os trabalhadores. A central deve constituir um pólo da esquerda para uma alternativa que se confronte diretamente com o atual regime, levantando a exigência para que as principais centrais convoquem uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela mobilização, para que possamos eleger mandatos dos trabalhadores em luta, controlados diretamente pela base a partir dos comitês. Só uma nova constituinte pode alterar as regras do jogo, tendo como primeira medida a anulação de todas as reformas e ataques dos capitalistas, mas para a partir dai também poder debater os principais temas políticos do país, como o não pagamento da divida pública, a reestatização das empresas publicas sob controle dos trabalhadores, a efetivação dos terceirizados sem necessidade de concurso público, e os direitos democráticos aos setores mais oprimidos como as mulheres, os negros e LGBTs. Para que assim os trabalhadores possam assumir o protagonismo da cena política no país, e com o seu programa dar uma resposta de fundo a crise gerada pelos capitalistas.

 
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