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DIREITA GOLPISTA
Reinaldo Azevedo: De entusiasta do golpe institucional à "vítima" do autoritarismo de toga
Rodrigo Tufão
diretor do sindicato das Metroviárias e Metroviários de SP e do Movimento Nossa Classe
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Essa semana uma das vozes da direita paulista foi exposta em áudios gravados com a irmã Aécio Neves, que hoje está presa. Para além de expor a relação do jornalista com o tucanato e suas fontes, nada mais mostra o áudio. Nenhum crime. Nenhum xingamento. Nenhuma pista. Então porque áudios dessa natureza são vazados mesmo não tendo nenhuma relação com os crimes investigados na lava jato?

Vendo esse caso, me lembrei do golpe militar de 1964. Naquele março, boa parte da burguesia brasileira apoiou e fez parte do golpe. A ideia era tirar o governo de centro esquerda de Jango, reprimir duramente os movimentos sociais e acabar com o perigo comunista. Assim os militares assumiriam o poder, limpariam o terreno e convocariam novas eleições. Com a esquerda dizimada, um candidato "puro" da direita, teria caminho livre para ser eleito.

Porém as coisas não correram como o combinado. Com o desenvolvimento do golpe, os militares não convocaram novas eleições, pelo contrário. No desenvolvimento da resistência à ditadura os militares vão endurecendo o regime até o famoso AI5 em 1968. Restringindo as liberdades democráticas e levando setores da burguesia que apoiaram ou deram junto o golpe, a virarem oposição ao regime, ou ao menos não apoiarem mais em seus jornais o governo central.

A partir desse momento o bloco burguês unificado que permitiu o golpe militar, com apoio dos americanos que estavam com suas tropas no Caribe a disposição caso os golpistas necessitassem, se dividiu. A continuidade dos militares no poder acaba por fragmentar os golpistas civis. Muitos foram perseguidos pelo regime. Acusados de colaborar com o terrorismo.

Lembrado esse episódio lamentável da história brasileira volto a Reinaldo Azevedo. Um dos grandes entusiastas do impeachment de Dilma, defensor principista das reformas trabalhista e da previdência em seus panfletos publicados pela revista Veja. Parece que o golpe institucional apoiado pelo mesmo se volta contra ele. O fortalecimento do judiciário como árbitro político nesse processo começa a cobrar seu preço. Reinaldo teve sua fonte revelada, foi exposto por críticas que começou a fazer a lava jato quando percebeu que a mesma não pegaria só Lula e o PT.

Aquele "pacto nacional para estancar a sangria" revelado nos áudios de Romero Juca ano passado parece que rachou com a incapacidade do governo golpista em aplicar as (contra)reformas, necessárias ao capital financeiro e os grandes monopólios. Incapacidade já registrada pelos mais astutos analistas depois das paralisações nacionais dos trabalhadores no dia 15/03 e 28/04, pois aprovadas tais reformas nas "alturas" só levaria a radicalização do movimento operário e social com um governo fraco e impopular no poder. O "blocão" do impeachment se fragmentou.

Primeiro a classe média que lotava as ruas contra a corrupção, frente ao resultado do impeachment e a aceleração das (contra)reformas, que tiram seus direitos também, se dividiu. Sentiu o peso dos trabalhadores nas suas duas greves gerais. Viu o grau de corrupção, dos que ocuparam o poder depois do impeachment e murchou.

Agora o primeiro setor burguês a por um pé fora da canoa furada de Temer, as organizações Globo. Seus jornais já dão a linha. Melhor limpar o executivo, para depois tentar aprovar as (contra)reformas, e fazer eleições indiretas, colocando alguém que minimamente pareça honesto para a população.

Reinaldo Azevedo ainda não faz coro com isso. Mesmo sentindo na pele os efeitos do golpe institucional, ainda acredita que o governo Temer pode ir até o final do mandato, aprovando as (contra)reformas. Só repele a lava jato, que passou dos limites e está cometendo uma ilegalidade atrás da outra.

Os trabalhadores precisam abrir os olhos e preparar a resistência. Pois se a Lava Jato comete arbitrariedades com um ex-presidente e jornalista famoso, imagina o que não podem fazer com um trabalhador comum. Não podemos admitir que o judiciário governe o país, pois seu autoritarismo se voltará contra os trabalhadores para que se aprove as (contra)reformas custe o que custar, nem que pra isso as liberdades democráticas sejam feridas.

Reinaldo Azevedo é inimigo dos trabalhadores. O judiciário também. Hoje eles estão em rota de colisão. Mas assim, como ontem, amanhã vão estar juntos para aplicar as reformas. Quem resistir será chamado de "terrorista". É necessário repudiar as ilegalidades da lava jato, mesmo contra os próprios setores da burguesia, porém de olhos abertos, pois quando for para tirar direitos dos trabalhadores eles estarão juntos e misturados.

 
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