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CHACINA DE SEM TERRA NO PARÁ
“Levaram os corpos e trouxeram a carniça”: assim tratam os sem terra assassinados pela PM
Fernando Pardal

O massacre promovido pelo governo do Pará contra os sem terra em Pau d’Arco não acabou com os assassinatos. Após os dez assassinatos, o governo trouxe os corpos aos familiares dois dias depois, em avançado estado de putrefação.

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Foto: reprodução G1

A chacina contra dez sem terra foi um dos maiores massacres promovidos nos últimos anos pelo Estado brasileiro e os latifundiários, somando=se a uma escalada de assassinatos que ganhou novo fôlego no governo golpista de Temer: ao menos 17 sem-terra foram assassinados nessas últimas semanas a mando dos latifundiários da região, seja pelas mãos de seus capangas ou da Polícia Militar.

Não é uma situação nova, é o que ocorre há muitas décadas no campo brasileiro, com o agronegócio e os latifundiários decretando as mortes de camponeses pobres e sem terras impunemente, enquanto o Estado brasileiro atua em defesa desses capitalistas do campo, seja executando suas sentenças ilegais de morte por meio da polícia, seja com sua conivência ao fazer "vista grossa" para os jagunços agirem. Recentemente, completaram-se 20 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido no mesmo estado da chacina de Pau d’Arco, em que 19 sem terra foram executados.

Enquanto isso, a Secretaria de Segurança Pública do Pará repete a versão oficial contada pelos policiais, que é digna das histórias bárbaras inventadas durante a ditadura para encobrir assassinatos e torturas feitos pelos militares. Segundo a versão dos assassinos, que vem sendo repetida à exaustão pela mídia patronal, ocorreu um "confronto", em que os policiais foram recebidos a bala e reagiram. Nesse suposto confronto, não há nem sombra de uma bala disparada contra os policiais: nem um ferimento, nem um arranhão. Do outro lado, dez mortos. Os policiais matam, cumprindo as ordens dos fazendeiros, pois tem a certeza da impunidade por parte do Estado. Estão cumprindo seu dever de manter a riqueza nas mãos dos ricos e zelar pela propriedade privada.

Mas não acaba nos assassinatos a humilhação e a tortura dos familiares que restaram vivos: oito dos corpos, levados para autópsia a centenas de quilometros pois não há sequer IML na região, foram devolvidos dois dias depois, na madrugada dessa sexta-feira, 26, em avançado estado de putrefação na cidade de Redenção. Os outros dois foram enviados a Pau d’Arco.

Trazidos em caminhonetes e envoltos em sacos plásticos, foram despejados diante dos familiares, com cheiro de decomposição e sangue escorrendo. A promessa feita pelo governo de que seriam embalsamados não foi cumprida. Os rostos dos camponeses assassinados estavam desfigurados pelo inchaço. Tratados feito lixo pelo Estado enquanto eram vivos, assassinados brutalmente, despejados com desprezo após sua morte. A reportagem da Folha acompanhou o processo de devolução dos cadáveres e os jornalistas descreveram assim a reação dos familiares: "Irritados com a promessa não cumprida de que os corpos chegariam embalsamados, familiares gritavam contra os funcionários da perícia que tentaram impedir a filmagem pela imprensa. Muitos choravam; três mulheres tiveram de ser amparadas para não cair no chão."

Eles foram enterrados no cemitério municipal pelos próprios parentes, pois não há nem funcionários no cemitério para enterrar os mortos. "Levaram os corpos e trouxeram carniça", disse o filho de uma das vítimas. É preciso dar um basta à infindável história de mortes no campo a mando do latifúndio e do agronegócio, feitas pelo Estado.

 
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