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OPINIÃO
Nenhum dia de descanso para as reformas e os conchavos de Temer: greve geral já
Isabel Inês
São Paulo

A marcha de Brasília foi histórica com mais de cem mil pessoas. Essa marcha é uma continuidade da Greve Geral do dia 28 de Abril, aprofundando a crise do governo, onde Temer se segura por um fio, enquanto não surge outro nome que unifique partidos e empresários para seguir as reformas. Esse “vazio de poder” somada a entrada em cena dos trabalhadores e dos atos coloca a possibilidade de derrotar as reformas e dar uma resposta anticapitalista para a crise se tomamos a luta em nossas mãos.

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Brasília pegou fogo, na política e literalmente, essa quarta feira marcada por um ato histórico como parte da luta contra as reformas, o ato foi composto por pessoas de todo o Brasil reuniu mais de 100 mil. A massividade do ato mostra a vontade de lutar contra as reformas e abriu mais ainda mais a crise no governo Temer, durante todo o dia fatos novos chegavam, com o presidente tentando acabar com o ato colocando as Forças Armadas nas ruas do Distrito Federal, fato que não ocorria desde a ditadura.

A tentativa de demonstração de força de Temer ao chamar o Exército desnuda o nível da crise e mostra a força das ações dos trabalhadores, que entraram definitivamente em cena no dia 28 de abril recompondo uma subjetividade de luta. Não à toa, mesmo com a campanha do governo para aprovar as reformas com todo o apoio da mídia, a grande maioria da população segue contrária aos ataques. E aprofunda a crise com os partidos tradicionais, na medida em que surgem mais escândalos de corrupção, pegando agora o próprio Temer e Aécio.

Um ano em um dia: Forças armadas nas ruas, ato massivo e crise no governo

O chamado às forças armadas pode ter um significado contraditório, uma ação de força e "dureza" de Temer, também mostra sua debilidade e desespero de se manter na presidência mesmo sem apoio popular e com o próprio congresso já assumindo que não será possível Temer seguir até 2018. Contudo um dos fatores que fazem com que Temer siga é a própria incapacidade dos partidos do regime conseguirem um nome de consenso, que reunifique os interesses opostos.

Essa situação de divisão de projetos nos “de cima” abre espaço para que as lutas dos trabalhadores consigam aparecer como defensor dos interesses da população e tomar um papel político para dar resposta a crise.

Também potencializa a crise orgânica no regime e a possibilidade de maiores fatos de instabilidade vindos da Lava Jato, ou por personalidades seguindo seus anseios individuais, como Renan ou o próprio Temer. Temer não só potencializou sua crise de governo ao chamar as forças armadas, como impôs uma politização da última instituição do regime que até agora não estava intervindo, contudo pós chamado do presidente o general Vilas Boas declarou que a ação dessa quarta “gerou muita insegurança no exercito”.

Como pudemos ver com o chamado das forças armadas pelo presidente, ação aumentou a crise no governo, fazendo até um dos principais aliados de Temer, Rodrigo Maia presidente da Câmara tenha que se delimitar do presidente sobre a responsabilidade no chamado do Exército. Maia disse ter pedido apoio das forças nacionais, e a responsabilidade em ter sido chamado o Exército seria uma decisão do governo.

Juca ainda tentou defender o governo disse "não adianta falar que Temer chamou as Forças Armadas para tentar se sustentar. Ele chamou para garantir a ordem" contra os "vândalos que estavam nas ruas", e disse que o PMDB esta apoiando Temer para aparentar estabilidade e segurança. Mesmo tendo sido uma clara ação desesperada, não só Maia se delimitou de Temer, mas também Renan elevou o tom contra o governo dizendo que a açãobeirou a “insensatez”.

Somado a isso, desde a manhã, mesmo com Temer tentando passar tranquilidade, a quarta acordou com a saída do empresário Mabel do cargo de assessor de Temer, e no decorrer do dia foi visto tudo menos tranquilidade. Se Temer já está em situação critica, com uma visão geral de que seu governo não se sustenta, após o acionamento do Exército, Temer recebeu ainda mais criticas de políticos e juízes, o que terminou em Temer tendo que voltar atrás na sua ação.

A "demonstração de força" odiosa de Temer, e a repressãoque foi vista durante todo o dia, é a tentativa de calar a luta deixando centenas de feridos, um grupo de policiais chegou a atirar com arma de fogo contra os manifestantes. Repressão respaldada pela Globo e a grande mídia falando de vandalismo, para colocar toda sua estrutura midiática a serviço da aprovação das reformas.

O silencio do PSDB e o problema da falta de um novo nome

O PSDB desde a delação da JBS fez pronunciamentos dúbios, ao mesmo tempo em que faz criticas ao governo, mantém uma posição "em cima do muro" sem deixar a base do governo, o PSDB é hoje a principal sustentação do golpista. Os Tucanos estão em uma encruzilhada não querendo tomar nenhuma ação aventureira que coloque em risco as reformas e a sua figura de partido estável e responsável com o capitalismo.

Claramente estão analisando as possibilidades políticas, FHC chegou a declarar que frente a crise Temer deveria deixar o cargo sem criar mais alarde. Fato que não ocorreu, e um dos problemas é que não há outra figura que consiga fazer confluir os setores do regime e tenha ao mesmo tempo respaldo popular para conseguir aplicar os ataques sem maiores sobressaltos. Hoje as instituições e os partidos do regime contém planos opostos que contribui com o sentimento de caos.

A Lava Jato com seus laços ao imperialismo rifando e ameaçando os partidos do regime, que contribui a delações bombásticas como da JBS. Entre eleições diretas e indiretas também se envolve múltiplos interesses: a primeira levantada pelo PT que poderia colocar Lula no poder, eleições indiretas por outro lado é a principal opção de empresários como a FIRJAN, e também da mídia, mas não há o esperado nome. Alguns clamam por um tecnocrata que acabe com as polarizações partidárias outros nomes envolvem o judiciário como Carmem Lucia.

FHC é um dos cogitado à eleição indireta, e uma possibilidade de poder aos tucanos, contudo seria colocar seu principal dirigente no governo de um pais fervendo para aplicar medidas anti populares. Mas para o PSDB a demora e possível crescimento da reivindicação por eleições direitas dariam muito espaço ao PT, quando o PSDB está com suas principais figuras pegas na Lava Jato, com Aécio a beira de poder ser preso, e Alkmin e Dória com incertezas legais de se candidatarem agora.

Há rumores na mídia de que Lula cogitaria as eleições indiretas com um nome de centro, que tire o poder das mãos do PSDB, e dando um sinal de “despolarização pró ajustes”, e contribuindo para assumir com tecnocrata que bem longe da imparcialidade, estaria totalmente aberto para impor toda a dureza contra a população e os trabalhadores.

O tempo nunca foi tão precioso: Greve Geral já

Temer deu tempo para a organização dos trabalhadores, esse é um dos motivos para estar sendo pego pela Lava Jato. Agora os trabalhadores não podem dar tempo ao Temer e às reformas, todas essas crises no regime mostram uma dificuldade dos partidos do regime conseguirem dar uma resposta à crise, e abrem espaço assim para os trabalhadores aglutinarem o sentimento geral de raiva com a crise e as reformas, e darem uma resposta que enfrente esse regime podre.

Contudo as centrais sindicais não buscam esse enfrentamento direto para destruir as reformas. A CUT e CTB estão com discurso que não faz mais sentido chamar “Fora Temer”, e sim agora devemos chamar "Diretas Já", tirando a batalha contra as reformas do centro. Assim trabalham para construir as eleições de Lula, não à toa a CUT declarou que os atos saíram do controle e foram maiores que o esperado. Isso porque houveram ações mais radicalizadas que a central não conseguiu controlar a partir da sua tradição de atos rotineiros e inofensivos.

A Força Sindical, por sua vez chegou a falar que não tinha relação com os "vândalos" fazendo coro à mídia, enquanto ia pela manha se reunir com Maia para negociar as reformas. Sendo que Paulinho da Força, membro do Solidariedade, foi dos principais apoiadores do golpe institucional, e um dos principais objetivos da Força é impedir que a reforma trabalhista retire o imposto sindical que justamente mantém uma direção sindical encastelada e cheia de privilégios alheia aos interesses dos trabalhadores.

A CUT colocou em seu site que devem chamar uma nova greve geral sem data. Agora não é possível dar mais tempo, é necessário organizar para já uma nova greve, organizando comitês de base para que a nossa luta não fique sob os interesses políticos das centrais, mas sim que os trabalhadores avancem num questionamento mais profundo de todo o regime e do capitalismo. ACUT e CTB querem restringir o movimento à reivindicação aos parlamentares, e para uma saída institucional de novas eleições, que mantenha esse mesmo regime, o mesmo congresso e que por consequência siga os ataques, mais ou menos intensos.

O grande risco para o governo hoje são as lutas dos trabalhadores, as greves e atos. Por esse motivo mesmo com toda a divisão de interesses dos setores do regime, no aspecto de tentar diminuir os atos, transformar todos em vândalos há uma confluência geral. E é o discurso mais forte da mídia, como o jornal da Rede Globo escandalizando vidros quebrados enquanto ignora a dezena de feridos, mas não só a emissora e os jornais querem reduzir tudo a atos de sindicalistas e poucas pessoas. Não há visões aéreas que mostram a massividade do ato.

Tanto dia 28 de abril como dia 24 foram milhares de pessoas lutando contra a reforma, que essa sim é um atentado a vida de todos, com exceção dos políticos e dos capitalistas. O Brasil passa por um momento histórico, é hoje dos principais países epicentros da crise internacional com o regime desestabilizado e com a recomposição do ativismo operário.

As centrais sindicais são responsáveis por impedir que rapidamente essa força se transforme em sujeitos do enfrentamento ao capitalismo. A CONLUTAS deve aglutinar um chamado, com MTST, correntes do PSOL, MAIS, que estiveram na linha de frente na marcha de Brasília, de uma grande exigência as centrais sindicais para concretizar a greve geral.

Tomar a luta em nossas mãos, colocar os nossos tempos e necessidades é central para derrotar Temer e as reformas sem permitir desvios, chamando para já a greve geral. Impor uma assembleia constituinte jáque revogue todos os ataques de Temer e dos anteriores governos, que estatize todas as empresas envolvidas em corrupção e privatizadas, acabe com os privilégio dos políticos e avance para um governo dos trabalhadores.

 
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