Os atos nesse domingo, chamados pelas centrais sindicais e pela frente Brasil Popular, e Frente Povo sem Medo, apesar de terem sido realizados em 19 capitais foram na maioria pequenos organizando de centenas a poucos milhares. Muito longe de conseguir expressar a vontade de luta e o rechaço generalizado que existe às reformas que o governo Temer tenta aplicar.
A chave para isso está nas direções sindicais petistas (CUT e CTB) que tem toda a responsabilidade de não ter convocado marchas contundentes após se abrir mais crise no governo com a delação do também corrupto capitalista Joesley Batista, que aprofundou os rachas na base do governo, no Judiciário e na mídia. E já não ter marcado uma nova greve geral com o objetivo de derrotar as reformas num momento de enfraquecimento de Temer, mostrando para os trabalhadores uma orientação decidida e dando confiança na possibilidade de seguir a luta.
As declarações de figuras do governo, como do relator da reforma da previdência lamentando que “a crise irá atrasar a votação”, não significam que estas reformas não vão seguir. Elas estas cambaleantes, mas a burguesia quer aplicá-las a ferro e fogo contra os trabalhadores. As centrais sindicais, ao contrário de organizar todo o ódio contra esses políticos que vivem de luxos e as nefastas reformas da previdência e trabalhista (querem que trabalhemos até morrer!), sustentam a ilusão de que “as reformas estão paralisadas”, que “as reformas não serão aprovadas agora”, e estão tentando girar toda a luta para a pauta de “Diretas já” enquanto tentando fortalecer a candidatura do Lula.
Essa é a razão que explica por que não convocaram ainda uma data concreta para a nova greve geral, e por que razão divorciam a ida a Brasília (que não convocaram desde as bases e não colocaram seus recursos para que todos que queiram ir, pudessem ir) de um plano de luta real que leve a uma greve geral que derrube Temer. Um dos casos mais esdrúxulos é o da APEOESP (sindicato dos professores estaduais de SP, dirigido pela CUT!) que manteve as eleições sindicais para o mesmo dia da ocupação de Brasília proposta pela central! Assim elas não só perdem um momento decisivo como tiram do centro a luta contra as odiosas reformas, que é o principal combate que está colocado para os trabalhadores e a juventude.
Quem colocou Temer em risco não foi a delação em si, mas sim a força expressa no dia 28A, que colocou o governo e os empresários de cabelos em pé pela força dos trabalhadores de paralisar a economia. A grande pressão da burguesia internacional e nacional é para que se aplique as reformas, com Temer ou sem Temer.
A falta de síntese em um projeto comum por parte do judiciário, da mídia e dos principais partidos do regime, como PT, PMDB e PSDB, gera rachas que abrem espaço para o movimento operário surgir com força política e derrotar as reformas, mas também avançar em questionar todo o regime. A CUT e a CTB não querem derrotar as reformas e fazer surgir um movimento operário que hegemonize as pautas da população. Buscam sim fortalecer a candidatura de Lula para 2018, enquanto usam de uma estratégia de barganha e exigência aos parlamentares para que melhorem um ou outro ponto das reformas, mas não para derrotar os ataques.
Não precisamos nem mencionar a Força Sindical, que é cínica ao ponto de comemorar o fato de que os atos de hoje fossem esvaziados, dizendo que são apenas “um esquenta” para a ida a Brasília (como se isso demonstrasse força).
O discurso da CUT e da CTB é um discurso de traição. As reformas não vão “cair sozinhas” pelo peso da crise do governo; só vão parar com a força da classe trabalhadora em mobilização, independente de qualquer variante patronal e do freio das burocracias sindicais.
A marcha convocada a Brasília nesse dia 24 deve servir para convocar uma nova greve geral para derrotar os ajustes. É necessário construir comitês de base, para colocar a luta nas nossas mãos sem ficarmos a mercê dos interesses políticos da burocracia sindical, não podemos dar tempo para Temer, é preciso derrotar as reformas agora, sem que a força de luta dos trabalhadores se transforme num pilar para o projeto do PT, ou para novas eleições convocadas e organizadas por esse mesmo congresso podre, e que só estabilizaria esse regime carcomido.
É necessário organizar a greve geral que imponha uma constituinte Livre e Soberana que revogue os ataques de Temer, que estatize todas as empresas corruptas, ou seja, uma constituinte que faça com que os capitalistas paguem pela crise.
|