www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
Temer diz não renunciar: greve geral para derrubá-lo e impor nova Assembleia Constituinte
André Barbieri
São Paulo | @AcierAndy
Ver online

Sendo abandonado pela própria base aliada golpista, “sangrando em praça pública” pela denúncia de ter comprado o silêncio de Cunha, Temer fez pronunciamento enfático de que “não renunciará”. Este é o mesmo roteiro definido pela manhã na equipe de Temer, uma vez que não saíram a público as escutas.

Temer disse que essa semana foi a “pior e a melhor ao mesmo tempo” para seu governo, apoiando-se nos ajustes antipopulares e nas reacionárias reformas da previdência e trabalhista, em andamento na Câmara e no Senado. Uma forma indireta de apelar aos grandes capitalistas e banqueiros que hoje sustentam o governo.

Mas a realidade é que estas mesmas reformas estão paralisadas depois do terremoto político de ontem. Há que ver quando o Congresso retomará a agenda econômica no curto prazo, debatendo-se com os múltiplos aspectos da crise política. A base aliada do golpe institucional já começou a deixar o governo: Bruno Araújo do PSDB, que era ministro das cidades, desembarcou. Como partido o PSDB ainda não retirou apoio ao governo (o tucano Antônio Imbassahy segue como secretario de governo), mas as reuniões partidárias tomam novas resoluções a cada hora. Roberto Freire, ministro da cultura pelo PPS, também anunciou entrega do cargo. O PSB exigiu a renúncia de Temer, assim como figuras do DEM como Ronaldo Caiado, que pede “eleições presidenciais diretas”.

Até mesmo os âncoras da GloboNews, entusiastas apoiadores do golpe institucional e do governo Temer, dizem que “se a economia vinha melhorando, hoje ela derreteu”, com a queda de 10% no índice Ibovespa e a paralisação das negociações na Bolsa. Buscam novas saídas para voltar a aplicar os ataques que por ora estão congelados pela crise política.

O autoritarismo judiciário e da Lava Jato seguem a todo vapor. Não apresentam publicamente os áudios da conversa que revela Temer usando a JBS para financiar o silêncio de Cunha. O STF, a Polícia Federal e o Ministério Público, mesmo em meio a suas divergências, desejam que a situação flutue de acordo com a pauta do judiciário. A Lava Jato mostra mais uma vez seu caráter reacionário, pró-imperialista e a serviço de recompor este podre regime político dos capitalistas, substituindo um esquema de corrupção com a cara do PT por um com o rosto da direita.

A renúncia não está fora do baralho. Temer se vê cada vez mais isolado e a elite dominante vislumbra distintas saídas frente a situação insustentável do governo, a fim de debilitar o perigo da luta de classes nas ruas. Existe apelo para eleições presidenciais diretas num espectro político que vai além do PT, e atinge setores da base golpista; essa via se daria com a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE. Mas não está descartada a possibilidade de eleições indiretas pelo Congresso, apoiada pelos círculos até agora mais próximos de Temer, que até 2018 seguiria com a aplicação dos ataques utilizando outra figura política para cavalgar a enorme crise do regime. O objetivo comum é manter de pé o regime político burguês.

O que não entra no cálculo da classe dominante é o fator mais importante: a luta de massas nas ruas. Os trabalhadores e a juventude tem muito a dizer sobre como se dará o desfecho da crise. Os trabalhadores mostraram sua enorme capacidade para paralisar a economia, que apareceu no dia 28 de abril. É imprescindível ir às ruas massivamente em todo o país pelo “Fora Temer” com nossos métodos de luta, exigindo das centrais sindicais imediatamente uma nova greve geral para derrubar Temer e suas reformas nefastas. Esse deve ser o conteúdo para fortalecer nossos comitês de base e nossa auto-organização, para tomarmos essa luta em nossas mãos.

Nós do MRT acreditamos que a saída de eleições diretas não é capaz de golpear o núcleo podre deste regime político. Nesse sentido, é necessária uma forte greve geral para derrubar Temer e impor a eleição de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que questione profundamente as bases desse podre regime político e altere as regras do jogo, e não apenas os jogadores. Que a população decida os grandes temas nacionais, e não o Congresso golpista!

A única maneira de colocar as grandes questões estruturais do país nas mãos dos trabalhadores e da população é impor pelos métodos da luta essa nova Constituinte, em que possamos eleger nossos representantes e anular todas as reformas de Temer, Lula e FHC, batalhar pelo fim do pagamento da dívida pública, a estatização sob administração democrática dos trabalhadores de todas as grandes estatais do país, a reforma agrária radical e que juízes e políticos sejam eleitos e revogáveis, recebendo o mesmo salário de um trabalhador.

Participamos dos atos pelo “Fora Temer” com essa perspectiva. Acreditamos que esta experiência, de atacar os direitos dos empresários e banqueiros, deve levar a um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo, uma democracia direta que tenha base em organismos de auto-organização da classe trabalhadora, única forma política capaz de colocar os trabalhadores como sujeitos políticos que vão pensar todo o funcionamento do país a partir das suas demandas mais sensíveis, como a dos negros, dos LGBTs, das mulheres dos indígenas e dos trabalhadores rurais.

Greve geral para derrubar Temer e impor eleições de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana!

Que o povo decida, e não o Congresso golpista!

Anulação imediata das reformas antipopulares!

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui