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1 ANO DE GOLPE
Um ano de golpe: atos, greves e greve geral. Agora é hora de dar um basta!
Ítalo Gimenes
Mestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

Há um ano de golpe no Brasil e de consequentes ameaças cotidianas às condições de vida dos trabalhadores e da juventude, nossas lembranças não serão amargas e destrutivas graças a coragem daqueles que ainda hoje mostram para si mesmos e para o país uma verdadeira saída para as reformas e o regime político falido. A luta dos trabalhadores e da juventude é a marca positiva desse último ano, que deverá elevar-se, impondo uma derrota fragorosa aos golpistas e seu projeto negativo de país.

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Antes mesmo de Temer assumir a presidência da República, jovens das universidades do país, em especial as estaduais paulistas, buscaram denunciar e resistir à manobra reacionária dos empresários, banqueiros e imperialistas, dos capitalistas, que anunciavam com o golpe um período de aprofundamento de retirada de direitos e de precarização da vida. Um momento ainda mais reacionário do que foram as políticas dos governos do PT, este que traiu os jovens e trabalhadores por 13 anos de governo, assim como na luta contra o golpe do qual se dizia a maior vítima.

Frente a esse abandono por parte do PT, que não impulsionou uma luta série contra o golpe, universitários das estaduais paulistas tiveram a audácia nesse momento reacionário colocar, combinada à pauta política nacional de luta contra o golpe, uma demanda fundamental dos negros do país de acesso à universidade pública, a política de cotas raciais, como pauta de ocupação de reitorias, em denúncia do projeto racista da universidade pública do país, com grande destaque das estaduais paulistas.

Na USP, os estudantes fizeram uma importantíssima greve geral junto aos funcionários, que expôs o racismo institucional da universidade maior e mais elitista do país. Na Unicamp, a greve e ocupação da reitoria mobilizou quase a totalidade de cursos para essa pauta, obrigando até mesmo o MBL a ir com seus gatos pingados e toda imprensa que se esforçou para apagar essa luta do cenário nacional, até a Unicamp deixar suas declarações racistas e privatistas. Arrancaram na marra conquistas importantes para o movimento estudantil, como moradia e um forte cenário de debate e de mobilização em torno da aprovação de cotas no Conselho Universitário, órgão que expressa objetivamente a ligação da universidade com empresas e seus interesses elitistas, racistas e antidemocráticos. Mobilização essa que está na sua reta final hoje!

Após consolidado o golpe no país, a população não se deixou intimidar ou ficar catatônica perante tamanho reacionarismo vigente no país. Saíram aos milhares nas ruas do país, anunciando que não era a volta de Dilma ou Lula que resolveria a situação, mas o enfrentamento direto com os ataques desse novo e ilegítimo governo que pudesse se desenvolver e apontar uma saída política para o país que fosse uma alternativa real para os trabalhadores. Deixamos aqui o exemplo do ato Fora Temer de São Paulo, que reuniu cem mil nas ruas.

Anunciado um dos primeiros ataques do golpismo, a PEC 241/55, a PEC do teto ou PEC do fim do mundo, que limita muito os gastos com saúde e educação no país para usar esse dinheiro para pagar a dívida com os banqueiros bilionários, a juventude mais uma vez mostrou exemplos de radicalidade na luta para combater os ataques, de modo que mais de 1000 escolas no país todo, enorme parte delas do Paraná, foram ocupadas pelos seus estudantes contra essa PEC. No mesmo lugar onde Sergio Moro articulava seus vazamentos seletivos dentre outras das medidas arbitrárias do Judiciário, se pintando de herói nacional, os estudantes mostraram para o país que não era o Judiciário, a Lava-Jato, a saída para a situação política para o país, mas a luta radicalizada contra os ataques baseada em democracia de base.

Em 2017, os trabalhadores do Rio de Janeiro deram projeção nacional para uma resistência feroz e muito combativa que foi a sua luta contra os ataques do governo do estado. Os trabalhadores da CEDAE se recusaram a aceitar que a água do Rio de Janeiro fosse privatizada junto a essa empresa, o que significaria demissões e mais precarização do trabalho, além dos seus salários atrasados em meses. Com a campanha CEDAE É DO POVO, os trabalhadores questionaram que os capitalistas pagassem pela crise, e não os trabalhadores com o seus salários e a água. Sofreram uma violentíssima repressão policial, mas deram o exemplo nacionalmente de como se enfrentar com os ataques de Temer e dos governos estaduais.

Virado o ano foram as mulheres que novamente na história, reproduzindo em pequeno o feito das mulheres há exatos 100 anos na Revolução Russa, começaram no 8 de março, lutando contra o machismo, o feminicídio e a misoginia da direita, denunciar que a ofensiva de Temer a Trump era contra as mulheres, de modo seria necessário resistir à direita nacional e internacionalmente.

Foi logo em seguida o início da entrada da classe trabalhadora nacionalmente no cenário político, demonstrando enorme disposição de luta para barrar os ataques e derrotar Temer com os métodos próprios de combate dos trabalhadores: controle de toda produção material capitalista. Assim, no 15 de março, boa parte dos transportes, escolas e setores importantes da produção, ficaram paradas, cuja pequena demonstração de todo potencial que tem a força dos trabalhadores parando a produção foi reforçada com atos importantes pelo país.

No dia 31 de março esteva marcado um dia nacional de lutas, com atos de centenas de milhares nas ruas das principais capitais do país. Desde São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Natal, Belo Horizont e, se via uma ânsia e disposição para derrotar os ataques e Temer, com uma greve geral no país, pressionando as Centrais Sindicais, CUT e CTB, a se movimentarem. Assim, estava marcada para o mês seguinte uma greve geral no país.

Era sexta-feira, dia 28 de abril. As imagens das ruas do país eram impressionantes, completamente vazias, o país literalmente parado. Foi uma paralisação nacional dos transportes nunca antes sentida. Era greve geral, bancos, escolas, muitas e muitas fábricas, complemente paradas contra as reformas de Temer. Um dia histórico de luta dos trabalhadores que fecharam rodovias, piquetaram as fábricas, botaram terror em Temer e na burguesia. Finalmente os trabalhadores puderam ter um dia em que se deparavam com o que eram capaz de fazer com o país, com a produção capitalista. Os sinais de defensismo da burguesa era expresso na mídia e nos discursos oficiais dos políticos. A sensação de que é possível derrotar as reformas e derrubar Temer nunca foi tão forte.

Está marcada agora uma Marcha em Brasília que pode servir para continuar uma grande luta contra as reformas, que carregue esse espírito de que os trabalhadores, se demonstrem todo seu potencial, podem barrar os ataques, sendo essa ação parte de um plano de lutas recheado de ações combativas da classe junto aos estudantes que preparem uma nova greve geral até derrubar as reformas e Temer. Por isso, é fundamental que o ato reúna, digamos, ao menos 100 mil trabalhadores e jovens, que seja um ato massivo, semelhante ao que foi o ato que ocupou o Congresso em Junho de 2013, com a qualidade de reunir não apenas jovens mas trabalhadores do país todo. Por isso, é necessário que exijamos da CUT, CTB e Força Sindical, que utilizem seus grandes recursos para que milhares de ônibus saiam de cada local de trabalho e estudo levando centenas e milhares à capital do país.
Além disso, é fundamental que a construção do ato em Brasília sirva de momento de preparação dos trabalhadores para uma nova greve geral no país que só se encerre quando derrotarmos as todas as reformas e revertemos os ataques já aprovados. Nesse sentido, em cada local de trabalho e estudo é preciso uma ferramenta de auto-organização dos setores em luta: comitês de mobilização que busquem reunir centenas de trabalhadores e de estudantes para debater nesse momento como levar o máximo possível de pessoas para esse ato em Brasília, exigindo das suas direções sindicais e estudantis que organizem quantos ônibus forem necessários para isso.

Sendo assim, a Marcha em Brasília pode servir para continuar uma grande luta contra as reformas, de modo que os trabalhadores demonstrem todo seu potencial para barrar os ataques, sendo essa ação parte de um plano de lutas recheado de ações combativas da classe junto aos estudantes que preparem uma nova greve geral até derrubar as reformas e Temer. Inclusive, a partir da nossa mobilização nos comitês, precisamos exigir que as centrais convoquem uma nova data para essa greve, para que os trabalhadores possam se preparam o quanto antes para que ela seja ainda mais estrondosa do que a do dia 28.

Com uma forte mobilização, uma greve geral que derrote as reformas, Temer deverá cair pela mão dos trabalhadores, de modo que estes possam tomar nas mãos não apenas essa luta, mas as decisões sobre os rumos do país, chamando eleições para deputados de uma nova Constituinte, que revogue todas as leis de Temer, debata como erradicar o desemprego reduzindo a jornada de trabalho sem redução de salário, discutir o não pagamento da dívida pública e o fim dos privilégios dos políticos, entre outras saídas de fundo a todos problemas nacionais. Dessa forma, Temer e a burguesia se arrependerão de ousar dar um golpe contra os trabalhadores, as suas condições de vida e seus direitos, pois serão expectadores da classe trabalhadora tomando para si a construção de uma alternativa emancipatória para eles, os negros, os LGBTS, indígenas, mulheres, todos que cotidianamente encontram barreiras à sua existência e à uma vida que possa ser plena de sentido.

 
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