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PRONUNCIAMENTO DE TEMER
Temer quer "paz e tranquilidade", nós queremos derrubar as reformas e o seu governo
Valéria Muller

Em pronunciamento nesta quarta (10), o presidente golpista fugiu do maior assunto da política nacional do dia, o depoimento de Lula à Lava Jato. Ele voltou a defender as reformas que destroem direitos da classe trabalhadora e, cinicamente, falou de "paz e tranquilidade". Ele disse ainda que "nada vai impedir que o Brasil continue a trabalhar", diferente do que mostrou a classe trabalhadora no dia 28 de abril, quando paralisou o país contra as reformas.

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Temer encerrou seu discurso desta quarta (10) dizendo que é necessário "eliminar a raivosidade que permeia a consciência nacional". Ele sabe que a raiva que a maioria da população tem dele, expressa na sua popularidade que ruma a zero, é em virtude justamente da destruição dos direitos da classe trabalhadora que seu governo quer promover para garantir os lucros dos capitalistas. 


Fugindo do maior assunto da política nacional do dia, o depoimento de Lula à Lava Jato, o presidente golpista se disse também contra a agressão "verbal e física", utilizando termos como "cordialidade", "pacificação", "união nacional". Ao que parece, a violência só serve quando é colocada a serviço da repressão contra a classe trabalhadora que luta, como ocorreu no 28A em diversas cidades do país.

Temer saudou a PEC 241/55, aprovada no ano passado enquanto as bombas da polícia calavam milhares de estudantes e trabalhadores que protestavam em Brasília. Tratou como um elemento de "responsabilidade fiscal" a reforma trabalhista e a reforma da previdência, comemorando o fato de a primeira já ter sido aprovada na Câmara, dizendo que "certa e seguramente" será também aprovada no Senado. Como se acreditasse que pode enganar os trabalhadores, Temer ainda afirmou que não ocorrerão prejuízos a quem trabalha, quando na verdade a proposta consiste, basicamente, em rasgar os direitos historicamente conquistados.

Estes são os grandes projetos de seu governo: nos fazer trabalhar até morrer, em empregos precários e terceirizados, até 12 horas por dia. Aumentar a exploração e a precarização do trabalho para garantir os lucros dos capitalistas. Temer faz propaganda de seu governo com a miséria que quer impor à classe trabalhadora e ao povo pobre. Um governo que subiu ao poder através de um golpe institucional para aprofundar os ataques que os governos do PT já vinham aplicando.

O evento era a assinatura de um Decreto de Regularização Portuária do Brasil. Um decreto, mais uma vez, alinhado aos interesses do empresariado. Temer agradeceu, entre outras figuras de seu governo, ao poder legislativo, afirmando que este governa junto ao executivo. Talvez o presidente impopular faça questão de demonstrar um clima de colaboração entre os poderes pois necessita disso para aprovar as reformas. Com isso também encobre quaisquer disputas que colocam esses ataques e seu próprio governo em risco.

Temer falou da "força do capital gerador de emprego", que é, na verdade, gerador de exploração. O presidente golpista afirma que a economia brasileira "começa a respirar". Ele talvez se refira somente a uma pequena parcela do país, as elites e a casta política privilegiada. Para os mais de 14 milhões de desempregados e outros tantos milhões em subempregos e "bicos", o sufoco continua, e todas as medidas que o governo aprova sob alegação de "aquecer" a econômica levam ao aprofundamento deste quadro.

Ao final, Temer citou pesquisas e números que supostamente demonstrariam que seu governo funciona, porém nada disse sobre sua mísera aprovação de 4%. O presidente golpista apela ao nacionalismo mais medíocre dizendo que é necessário "unificar o país" e evitar o "embate de brasileiro contra brasileiro". Para ele, a maioria dos brasileiros deve aceitar trabalhar até morrer para garantir os lucros de poucos, sem que isso gere nenhum tipo de embate.

Mais tarde, em outro pronunciamento, o presidente golpista falou de algo importante: a recuperação da história. Mais do que nunca é necessário recuperar a história de lutas da classe trabalhadora. Lembrar das grandes greves, marchas, paralisações e ocupações que garantiram os poucos direitos que hoje persistem. Lembrar também das traições das direções petistas. Se inspirar e aprender com essa história, e se organizar em cada local de trabalho e estudo, com comitês de base que mobilizem milhares para garantir que o governo golpista não tenha paz, tranquilidade, nem trégua. Mostrar mais uma vez a Temer que ele está profundamente enganado quando diz "nada vai impedir que o Brasil continue a trabalhar", batalhando pela construção de uma greve geral até derrubar as reformas e o governo.

O dia 24 de maio pode ser um importante marco nessa luta, desde que as centrais sindicais garantam milhares de ônibus para que sejamos mais de 100 mil trabalhadores e estudantes em Brasília. Não podemos nos limitar à pressão parlamentar, precisamos tomar em nossas mãos essa luta, sem admitir qualquer negociação das reformas que as centrais queiram fazer com o governo.

Também não podemos cair na armadilha do PT, que utiliza o depoimento de Lula à Lava Jato para se vitimizar e se reafirmar como alternativa, dizendo que a volta do ex-presidente ao poder, em um novo governo de conciliação com os capitalistas, pode ser uma solução. É necessário mostrar aos golpistas que não há cordialidade quando nosso presente e nosso futuro estão em jogo, mostrar aos petistas que é necessário e possível derrubar as reformas e o governo Temer agora, e que nossa vida vale mais dos que os lucros dos capitalistas.

 
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