www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
MINISTÉRIO PÚBLICO ANTINACIONAL
Enquanto poupa multinacionais de investigação, MPF ajuda a destruir programa de submarinos
Mariana Pereira

Esquema de corrupção entre empresas brasileiras e francesas é denunciado por ex- executivos da Odebrecht. Para atacar o programa nuclear, tornando o Brasil um dos poucos países detentores da tecnologia, o Ministério Público Federal não poupa esforços. O mesmo órgão nunca investiga as empresas estrangeiras citadas no cartel dos trens de São Paulo, ou as empresas imperialistas mencionadas nas delações da Petrobras dá mais um passo para destruir tecnologias nacionais.

Ver online

A delação da Odebrecht na Lava-Jato desdobrou-se em diversas outras delações. Mais recentemente, novas delações feitas pelos ex-executivos da Odebrecht Benedicto Júnior, Luiz Eduardo Soares e Fábio Gandolfo. Novos fatos vazados pelo MPF e pela mídia vinculam-se ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), projeto da Marinha orçado em mais de R$ 30 bilhões. Odebrecht e DCNS, empresa francesa responsável pela execução do programa, terminaram formando um consórcio para desenvolver o Prosub.

Procuradores franceses se reuniram hoje com procuradores brasileiros para trocar informações. Eles suspeitam que a DCNS, empresa privada que tem entre seus acionistas o governo francês, pagou propina a autoridades francesas e brasileiras, incluindo militares, para obter vantagens no programa de construção de submarinos no Brasil.

O acordo entre Brasil e França foi firmado entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy, em 2008. Segundo o site do programa, a DCNS é um “grupo francês com mais de 350 anos de experiência na construção de navios de guerra e uma das líderes mundiais no setor, a DCNS garante ao Brasil a transferência da mais moderna tecnologia na construção de submarinos”. Assim, a DCNS assumiu a responsabilidade pelo programa. Logo depois subcontratou a Odebrecht para construir o estaleiro em Itaguaí (RJ) condicionando sua entrada a um pagamento 40 milhões de euros ao lobista José Amaro Ramos da empresa francesa, uma das maiores propinas já identificadas da Operação Lava-Jato.

Dentre os envolvidos, estaria também o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por receber mais um pagamento da Odebrecht de aproximadamente R$ 17 milhões, sendo que teria repassado parte do dinheiro ao ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz da Silva e o ex-comandante Edilberto Braga.

Em 2010, após negócio com a DCNS e com o projeto em andamento, executivos da Odebrecht teriam sido procurados por Vaccari que teria pedido "contribuições". No início, os executivos rejeitaram o pagamento, mas após novas negociações, uma delas envolvendo o ex-ministro Antonio Palocci, a Odebrecht teria concordado em “contribuir” com R$ 17 milhões para o PT.

Todo desenrolar desde a delação da Odebrecht na operação Lava Jato só escancara para nossa época aquilo que Marx já dizia em 1848, que o Estado, no sistema capitalista, só pode ser o balcão de negócios da classe política e economicamente dominante, a burguesia.

O Ministério Público Federal, uma instituição nem um pouco neutra dentro desses jogos de interesses, pede ajuda internacional para investigar corrupção em empresas nacionais, em projetos nacionais mas nunca investiga as multinacionais denunciadas de esquemas de corrupção com os partidos e políticos burgueses, como o escandaloso caso do propinoduto tucano que envolve a Alstom/Siemens, empresas francesa e alemã, e os governos PSDB em São Paulo ao longo de décadas, não investiga também as empresas internacionais que são citadas no esquema da Petrobras.

Essa seletividade atua em benefício dos países imperialistas ou de determinados empresas imperialistas, seculares exploradores de nosso país e principais interessados e beneficiados pelo golpe institucional e as ações interessadas da Lava Jato de Sérgio Moro que não vai e nem pode acabar com a corrupção. Seus métodos reacionários e antidemocráticos (prisões preventivas, delação premiada) estão a serviço de selecionar um esquema de corrupção em detrimento de outros. Como que os juízes cheios de privilégios financeiros, que não são eleitos por ninguém e ligados aos políticos corruptos até o pescoço podem “combater a corrupção”?

Para um verdadeiro combate à corrupção, se faz necessário lutar para que todos os políticos e juízes vivam com o salário da maioria da população, que ganhem como operários, que sejam eleitos e, assim como os políticos, que tenham seus mandatos revogáveis a qualquer momento por seus eleitores.

Os crimes cometidos pelos políticos devem ser julgados pela população através de júris populares. Assim como o governo e os patrões sabem quanto os trabalhadores ganham, deve estar ao alcance de todos saber quanto lucram os empresários e para onde vai este lucro. Para que não coloquem este dinheiro roubado fora do país é preciso nacionalizar o comércio exterior e impor um banco estatal único que registre e contabilize os bens nacionais sob controle dos trabalhadores.

Os bens dos políticos corruptos e de suas famílias devem ser confiscados e esse dinheiro deve voltar para quem foi lesado, nós trabalhadores, por meio de planos de obras públicas. As empresas devem pagar por seus crimes de corrupção, suas contas devem ser investigadas pelos trabalhadores e por especialistas eleitos nas universidades públicas.

Todas as privatizações feitas desde os anos 90 devem ser revertidas e empresas nacionais reestatizadas sem indenização, sendo geridas pelos próprios trabalhadores, único setor que tem interesse real em seu bom funcionamento.

Em resumo, como coloca Diana Assunção a “delação da Odebrecht mostra a podridão dos políticos tradicionais e a corrupção inerente às empresas capitalistas que utilizam seu poder econômico para comprar medidas parlamentares ou projetos de lei que beneficiem seus interesses privados” (leia mais em). E os únicos verdadeiros prejudicados somos nós trabalhadores, juventude, em especial os setores oprimidos, que veem seu futuro nas mãos de representantes dos grandes empresários, dos patrões e dos governos. Precisamos mudar as regras desse jogo em nosso favor.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui