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DORIA ATACA EDUCAÇÃO
Doria fecha salas de vídeo, brinquedotecas, salas de leitura e informática nas pré-escolas
Fernando Pardal

Sob o argumento de criar novas vagas, Doria está acabando com todos os espaços que não são salas de aula nas escolas de SP. Ele defendeu a medida nas redes sociais após a Folha de S. Paulo divulgar a medida.

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Doria afirmou em vídeo divulgado em sua página de Facebook que "diante de uma circunstância onde temos um rombo de 7,5 bilhões de reais, a prioridade é a educação. E-du-car."

O prefeito empresário tucano pretende fazer isso acabando com os espaços didáticos nas escolas, como salas de leitura, informática, vídeo e brinquedotecas. Em sua visão, esses espaços não cumprem nenhum papel pedagógico, como ele deixa claro ao dizer que "o lazer é complementar, o lazer é importante, o esporte é importante também, mas o mais importante é educar."

A questão que fica colocada é educar para quem e para que? Em um cenário pós reforma do Ensino Médio em que fica cada vez mais evidente o projeto de governos e patrões para tornar a escola um espaço de mero treinamento técnico para cumprir funções restritas ao trabalho alienante que o capitalismo impõe dia-a-dia massacrando os trabalhadores, o empresário João Doria, com sua ofensiva sobre os espaços pedagógicos travestida de expansão de vagas, mostra-se em sintonia. Veja abaixo o vídeo em que defendeu a medida:

Certamente, nem ele nem nenhum de seus filhos, ou os filhos de seus amigos empresários, estudou ou estudará em uma escola que não tenha biblioteca, sala de informática, sala de leitura e de vídeo. Essa educação que se restringe ao treinamento para tarefas laborais alienantes ele reserva aos filhos da classe trabalhadora.

De acordo com a secretaria da educação, já são 33 escolas que passaram por mudanças, fechando 11 salas de informática, 5 salas de leitura e 3 brinquedotecas. Afirmam que com isso foram criadas 74 turmas em dois períodos diurnos. E procuram. Mesmo entre os pais que conseguiram matricular seus filhos nas novas turmas, há um evidente descontentamento com a medida, como mostrou a reportagem da Folha que trouxe a seguinte declaração de uma mãe que passou 6 meses a espera de uma vaga para seu filho: "Ele até chorava sem ir pra escola, então foi um alívio. Mas não achei a melhor solução", diz. "Não faz sentido eles ficarem só na sala, era importante ter esses espaços."

A perversidade do governo empresarial de Doria de fechar os espaços pedagógicos fundamentais para as escolas é agravada pelo cinismo de seu marketing, que procura vender esses ataques com a chantagem de que só assim podem ser criadas vagas. É uma farsa. O dinheiro para resolver a fila que em março chegava a 4.352 crianças aguardando vagas em pré-escolas está em outro lugar. Está, por exemplo, no pagamento da dívida pública que suga o orçamento para encher o bolso de capitalistas. Está nas mansões como as de Doria, que deve dezenas de milhares em impostos e ocupa um terreno onde caberiam dezenas de escolas públicas, com salas de leitura, informática, brinquedoteca, campo de futebol e piscina.

Em 2013 uma decisão judicial obrigou a prefeitura de São Paulo a criar 150 mil vagas em creches e pré-escolas, e explicitava que isso não poderia ocorrer com perda de qualidade. A gestão de Haddad passou por cima da determinação e aumentou o número de vagas passando terceirizando a gestão de escolas para entidades privadas - muitas religiosas - ampliando a educação infantil como mercadoria na mão de escolas com parâmetros de ensino próprios. Além disso, aumentou a lotação das salas chegando a 35 alunos por classe, quando o MEC indica um limite de 20 para a qualidade das aulas.

Doria vem para mostrar que pode ser ainda pior, fechando os espaços pedagógicos com a alegação de que criou 2.077 vagas (um número ridículo se comparado ao que ordena a decisão da justiça). E, cinicamente, usa a péssima qualidade das instituições públicas para se justificar. A secretaria de educação, comandada pelo PSD, em sua nota afirmou que 58% das EMEIs (Escola Municipal de Educação Infantil) não possuem brinquedotecas e 76% não tem salas de leitura. Mais uma vez, usam a precariedade que seus próprios governos e os capitalistas que os comandam criaram para justificar uma nova leva de precarização. E ainda se justifica dizendo que PT e PSDB não fazem diferença: alegam que a gestão Haddad fez o mesmo com 71 salas de informática.

Basta de tratar a educação dos filhos dos trabalhadores como se fosse lixo!

 
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