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LGBT
Páscoa e Homofobia
Ana Terra
Campinas

Acordei hoje 16/04/2017.

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Claramente um domingo de páscoa e como todos sabem um dia da família, um dia especialmente da família. Não havia lugar algum para me esconder e como todos os dias, a gente levanta e decide enfrentar o que vier pela frente e faz de tudo para que nada estrague nosso dia. Mas a verdade é que nunca sabemos o que virá pela frente. E nesse dia, foi minha primeira páscoa com muita homofobia.

Acordei na casa da minha companheira, dia de folga, os dias em que queremos aproveitar mais juntas e como todos sabem, fazer aquele almoço em família, já que ela ama cozinhar. Mas ao mesmo tempo, minha outra família esperava que eu fosse para casa e ficasse com eles, comemorando tradicionalmente a páscoa. Mal sabia o que dizer, me senti divida entre pessoas que amo, mas que por homofobia não conseguem se amar e não poderiam conviver no mesmo espaço, por um elemento que costumo chamar de preconceito por parte dos meus pais, que defendem a família tradicional. “Homem e mulher, jamais duas mulheres construirão uma família. Isso é aberração!” E nunca aceitaram que ela fosse em casa ou ao menos conhecer antes de dizer qualquer coisa. A única concepção é que duas pepekas não reproduzem e deus fez Adão e Eva. Agora sobre o ser humano ser mais do que objetos sexuais para reprodução e terem uma alma incrível que tem capacidade de sentir e transbordar coisas boas, isso não importa para a homofobia.

Passei então a data com minha namorada fazendo coisas que costumamos fazer nas folgas, como assistir filmes, dormir e trocar muito amor e carinho. Mas ao mesmo tempo em alguns momentos da tarde parava e pensava em como seria legal se não existisse homofobia e que poderíamos todos ter passado essa data juntos, rindo, compartilhando momentos e aproveitando o belo domingo, como pessoas que se relacionam naturalmente, se amam e tentam entender e ajudar umas as outras.

Quando cheguei na casa dos meus pais, mais de noite, todos já tinham ido para igreja como de costume. Mas admito que estou aqui nesse momento escrevendo esse texto e sinto-me triste por existir essa divisão, sinto-me com medo de perder as pessoas que amo, por acharem que amo mais um do que outro. Que dou mais atenção para um do que para outro. Sendo que o maior problema não é essa competição de amor e atenção e de maneira alguma sentimentos deveriam ser medidos assim. Mas o verdadeiro problema é a LGBTfobia que proíbe a convivência sem preconceitos e sofrimento.

Por essa e muitas outras luto pelo fim da homofobia e do capitalismo, que nos deixa a margem da sociedade e proporciona muita exploração para nós LGBTs.

 
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