Se por um lado temos Lula e Ciro preparando suas candidaturas como "oposição consequente" ao golpe, e com isso dando uma verdadeira trégua aos ataques de Temer, os golpistas também começam a se movimentar para colocar em disputa a viabilidade de seus candidatos.

O prefeito de São Paulo, o empresário João Doria, vem realizando ultimamente ações de marketing pessoal que analistas avaliam ser parte dessa pré-campanha. Teve propaganda sua durante um jogo da seleção brasileira, Doria vem realizando jantares de gala com figurões da elite paulistana, e na última segunda-feira houve o lançamento de sua proposta de privatização da rede municipal de educação infantil, num evento recheado de banqueiros. Cada uma dessas coisas, vistas sozinhas, não significariam nada. Mas tomadas de conjunto pode-se perceber uma tendência que aponta para a tentativa de fortalecer a figura do prefeito-empresário em suas aspirações políticas futuras.

É claro que ainda é cedo para definir se ele será ou não o nome do PSDB para a presidência ou se seria ainda uma campanha para o governo estadual. Isso porque no cenário nacional haveria uma competição interna com o "padrinho" Geraldo Alckmin, com Aécio Neves, com José Serra e com outros nomes mais antigos na política tucana. Mas no caso de essas figuras mais marcadas se tornarem inviáveis, seja por uma restrição judicial devido a suas ligações com escândalos de corrupção, seja por estarem já queimadas num cenário de crise de representatividade, a direita já vem se preparando para fingir que tem algo de novo a oferecer.