O tucano João Doria, prefeito de São Paulo, perdeu o controle em evento no Grajaú, na zona sul da cidade. Um morador da região, que se identificou como Rafael, acompanhava a entrega de casas populares na manhã dessa quarta-feira (29/03) e se manifestou durante a fala do prefeito, irritando Doria.

Enquanto fazia sua fala, dizendo que estava entregando a chave das casas para as mulheres que seriam beneficiadas, Doria disse que “a força da mulher ninguém segura”. Rafael, que chamou o prefeito e os demais participantes da cerimônia, como o governador Geraldo Alckmin, de golpistas, gritou: “A força de Dilma para fazer as casas”.

O prefeito, então, perdeu a compostura e começou a responder aos gritos no microfone, com o dedo em riste. “Vou dizer para você que veio aqui tentar estragar a festa destas famílias que aqui estão... Que estas famílias não estão de acordo com você, não. Golpista é aquele que rouba o dinheiro público. Golpista é quem rouba o povo. Pergunta para o povo o que eles acham.” e segue, defendendo a Lava Jato de Sérgio Moro: “Vai embora procurar a sua turma. Vai embora procurar a sua turma lá em Curitiba!" Terminou seu discurso pedindo uma “salva de palmas para o Brasil”.

Não sabemos palmas para o quê. O prefeito tucano, com todo seu discurso pró-golpe, pede palmas para a série de ataques contra a classe trabalhadora que vem sendo desferida pelo governo golpista de Temer, como a Reforma da Previdência, o PL da terceirização irrestrita, a Reforma do Ensino Médio e outros tantos.

Doria, visto por muitos dentro do PSDB como a melhor opção de candidato à presidência, sendo a principal ameaça à pretensão de Alckmin de se candidatar, é hoje a cara da privatização em São Paulo, um grande roubo do interesse e do dinheiro públicos.

Ao gritar que o manifestante “perguntasse ao povo o que acham”, provavelmente não estava pensando nas centenas de milhares que tomaram as ruas por todo o país no dia 15 de março que, indignados com a reforma da Previdência, marcharam exigindo que cessem os ataques. Também não deve estar pensando, assim como Dilma não pensou em todo o seu governo ao rifar direitos como a legalização do aborto por acordões, nas mulheres cuja “força” reivindicou em sua fala - mulheres que, como deixa explícito em seu vídeo “Mensagem do prefeito João Doria no Dia da Mulher”, são “valorosas” por serem “mães e avós” e por terem “sensibilidade”, e não por serem as fortes mulheres que nesse 8 de março tomaram as ruas do Brasil exigindo o fim dos ataques e os seus direitos.

O mais irônico é que, ao reivindicar a reacionária Lava Jato, Doria se esquece de que, se o manifestante pró-Dilma deveria “procurar sua turma” na Curitiba de Sérgio Moro, também Doria poderia encontrar vários de seus colegas tucanos, envolvidos em diversos escândalos de corrupção, lado a lado com os corruptos petistas, pmdbistas, democratas...
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