www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
HISTÓRIA
Breve história da queda do Muro de Berlim
Stefan Schneider

Os motivos mais imediatos que levaram à queda do Muro e posteriormente ao colapso do regime stalinista foram questões democráticas como a fraude eleitoral ocorrida na primavera de 1989 e as demandas por liberdade de mobilização, de imprensa e de organização. Porém, outras contradições foram se acumulando ao longo dos anos.

Ver online

Os motivos mais imediatos que levarão à queda do Muro e posteriormente ao colapso do regime stalinista foram questões democráticas como a fraude eleitoral ocorrida na primavera de 1989 e as demandas por liberdade de mobilização, de imprensa e de organização.

Ao fim dos anos 80, havia-se construído em base a essas reivindicações um movimento opositor que se massificou no verão e outono de 1989. A questão da reunificação alemã, em um primeiro momento, não era parte das exigências dos protestos.

Contudo, a página de fundo das demandas democráticas foi a crescente crise da economia da República Democrática Alemã (RDA), tanto em relação à produtividade como às condições de vida que já não poderiam competir com os desenvolvimentos no Ocidente.

Portanto, os protestos democráticos contra a crise política do Partido Socialista Unificado da Alemanha (PSUA, ou SED, de acordo com sua sigla em alemão) estiveram ligados de maneira inseparável aos problemas econômicos do país.
A crise na RDA era parte de uma crise econômica e políticas mais em geral em todo o Estado Stalinista. A burocracia soviética sob o comando de Gorbachov já tinha começado em 1986, com a política de “perestroika”, a dar os primeiros passos em direção à restauração capitalista. Isso explica também porque houveram tão poucas resistências por parte da burocracia soviética e da RDA contra a pressão do Ocidente para uma restauração capitalista completa.

Aos fins de 1989 essa questão não se via completamente resolvida. O que em pouco tempo se demonstrou é que a crise econômica e a política da RDA não poderia se resolver de maneira progressiva, ou seja, sem restauração do capitalismo, sem a unidade com a classe operária no Ocidente.

O destino econômico, social e político da sociedade da RDA só poderia se resolver em chave capitalista ou em transformação, com base em uma república unificada socilista baseada em conselhos operários. O que estava claro era que a economia planificada burocrática já não podia continuar nos marcos estreitos da RDA.

No entanto, a oposição democrática na RDA não colocava essa questão, e quando o fazia era na chave de um “Terceiro caminho”, que combinava elementos de economia planificada e capitalista. Em termos políticos, buscavam só uma reforme do regime burocrático do SED, mas não estava presente em seu horizonte uma revolução política para derrubar a burocracia e estabelecer um sistema de democracia operária.
Ao fim de 1989 se estabeleceram “Mesas Redondas” por pressão das massas, que acabaram por desmobilizar e orientar todo o processo até as eleições parlamentares burguesas.

A RDA se encontrava em uma crise política profunda. As massas estiveram na ofensiva até novembro. Em 4 de novembro foram às ruas de Berlin meio milhão de pessoas, em 9 de novembro caiu o muro, e pouco menos de um mês depois o politburó do SED renunciou coletivamente.

Com esses acontecimentos não estava consolidado o caminho a uma restauração capitalista e a anexação da RDA. Mas se arrastava uma enorme crise de subjetividade, produto das derrotas anteriores nos processos de revolução política no leste, assim como pela ofensiva neoliberal do capitalismo ocidental.

Não houve nenhuma força política com influencia real que colocasse uma perspectiva revolucionária, ou seja, que levantasse uma perspectiva de “Apoio ao movimento de massas contra a burocracia stalinista! Não ao capitalismo!”. Desse modo, a “revolução incompleta” terminou em uma “contrarrevolução completa”.

Em seu lugar, os partidos burgueses da Alemanha Ocidental, sobretudo a coalizão do governo conservador de Helmut Kohl, aproveitaram a oportunidade de impor uma reunificação em chave capitalista. Isto significou também uma realocação estratégica a longo prazo do imperialismo alemão na cena mundial.

A política abstencionista da esquerda na Alemanha Ocidental também auxiliou para que não houvesse resistência contra essa perspectiva. Nas eleições para a “Câmara Popular” [o parlamento da RDA, NdoTr.] na primavera de 1990 não se apresentou nenhum partido relevante com uma perspectiva oposta à restauração capitalista.
Logo antes da reunificação, em 3 de outubro de 1990, foram dados passos decisivos como o estabelecimento da Treuhandanstalt, o mecanismo que levou adiante a privatização e o desmantelamento das empresas estatizadas da RDA. A União Econômica e Monetária, desde junho de 1990, levou ao caixão os restos do estado operário degenerado.

Sobre essa base se pôde começar os ataques às condições trabalhistas e de vida do proletariado na Alemanha Ocidental e mais ainda na Alemanha Oriental. A contrarrevolução social havia vencido. Acabou-se confirmando o prognóstico de León Trotsky de que a burocracia stalinista – se não fosse derrubada por uma revolução política – terminaria tomando o caminho da restauração capitalista.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui