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VIOLÊNCIA NA USP
A voz das Mulheres sobre a violência do dia 7 de março na USP: Andreia, trabalhadora da FAU
Redação

Relato de Andreia, trabalhadora da FAU, sobre a violência policial sofrida em 7/3 durante manifestação pacífica na USP.

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Agride ver cercado um lugar que conheci como ponto de integração da ECA, que é conhecida por ser particionada feito um quebra cabeça. Agride ter que entrar no ponto de apoio ao trabalhador em risco pela porta dos fundos. Agride também assistir pela rede um colegiado criado pra ser democrático sendo conduzido por um tirano manipulador. Agride pensar que ainda que se grite ao lado dos ouvidos de quem toma parte nisso, a voz de quem rema pra fazer andar o barco não ressoe nem mesmo como alerta. Agride ter medo de apanhar de quem devia ser parceiro. Agride, de verdade, ser exposta como ’agressora’, por quem tem a capacidade intelectual reconhecida por títulos.

O medo estampado no rosto dos calouros que, em seu segundo dia de aula, tomaram pé do ambiente de guerra em que fomos submetidos nunca sairá da minha memória. Os olhos ardendo dos colegas, um tanto pelo efeito do gás que lhes foi atirado, outro pela dor do horror de ver companheiras de estudos e trabalhos sangrando, no chão, caídas, penso que nunca sairá da minha memória. De onde, apavorada, estava escondida, o barulho das incontáveis bombas que ouvi explodir ainda ressoa em meus ouvidos, assim como os gritos de quem se indignou ao presenciar agressões a mulheres de corpo frágil e espírito invencível. Porque estas, soube por relatos e assisti, em incontáveis vídeos, foram caladas pela absoluta covardia de policiais corpulentos e armados.

A palavra permite ser infinitamente combinada como bem convier, e o aparato institucional, disseminar inverdades sem fim. Mas os olhos, ainda mais aguçados pelo ’efeito moral’ das bombas lançadas, estes não mentem. Quem estava ali, viu. E, graças àqueles que tiveram condição de registrar os fatos e compartilhar a verdade, toda uma comunidade viu também. Nossas mulheres, prioritariamente golpeadas, subjugadas, expostas. Vimos sua dor, seu sangue escorrer. Porque esse sangue tinge o fundo de seus relatos, é nelas sim, que verdadeiramente acreditamos, é a elas a quem nos solidarizamos. E somos muitos.

Nada mais a tratar, registre-se.

Andreia, trabalhadora da FAU

 
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