www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
CARNE PODRE
JBS, carne podre e vegetais transgênicos. Há alimentação saudável dentro do capitalismo?
Adriano Favarin
Membro do Conselho Diretor de Base do Sintusp
Ver online

Diante do escândalo da revelação de que grandes indústrias vendiam carne podre mascarada por níveis tóxicos de alguns aditivos e fabricavam embutidos com pedaços de papelão e outras substâncias, a grande maioria das pessoas começou a compreender que não se trata apenas de uma situação localizada nas empresas JBF-Friboi, BRF Foods (Sadia e Perdigão), Seara e outras menores, mas de uma prática aplicada pelos donos das grandes empresas e grandes latifúndios sobre a produção de alimentos em grande escala baixo o modelo de produção capitalista.

De agrotóxicos, transgênicos e hormônios a desmatamentos, doenças e incremento das desigualdades sociais (como deslocamentos populacionais, super-exploração do trabalho e extermínio de povos), a utilização do modelo capitalista de produção e distribuição de alimentos já se tornou há muito reacionário ao desenvolvimento social da humanidade, sendo esse escândalo a expressão mais repugnante dessa situação.

Da carne podre ao questionamento dos alimentos que o capitalismo oferece

Partindo de que o escândalo da carne podre não é apenas um excesso de algumas indústrias, é necessário então entender como funciona cada esfera do sistema de produção e distribuição da carne – e dos alimentos em geral –, inclusive fiscalizadas dentro dos marcos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Governo (ANVISA), para entender que esse sistema está envenenando a saúde e matando as pessoas, tanto as que trabalham nessas indústrias e latifúndios, quanto à população que consome seus produtos: os alimentos.

A ligação do Estado, pela via de seus governos e representantes (deputados, senadores, vereadores), com os empresários, latifundiários e burgueses em geral já é bastante evidente para muitos. A grande preocupação da burguesia é que os recorrentes escândalos midiáticos de corrupção e as recentes operações da Policia Federal evidenciem cada vez mais essa relação. Por isso, criar a ilusão de que os órgãos de um governo representante dos interesses dos patrões (de Collor até o ilegítimo Temer, passando por Lula, Dilma e FHC) serão capazes de impor maior vigilância para os seus próprios sócios – sugerindo a adoção de menores quantidades de “substâncias danosas” – além de utópico, só favorece aos interesses da burguesia.

A produção em massa e sob a lógica capitalista aplicada na produção de alimentos obriga a utilização de produtos químicos como nitritos de potássio e sódio, conservantes, acidulantes, corantes e aromas químicos e outros elementos estranhos ao alimento para manter sua aparência, cheiro e sabor, mas que também alteram suas propriedades, seus efeitos no organismo humano e sua salubridade. Essa matéria aponta a ponta do iceberg dos absurdos que a ANVISA permite legalmente, com o argumento “científico” de que a utilização desses produtos tóxicos e venenosos seria uma questão de quantidade e não de qualidade e, portanto, dentro de certos limites escolhidos subjetivamente, não seriam prejudiciais à saúde humana.

Muitas vezes, inclusive, o animal de onde provem a carne que irá ser comida já morreu há muito tempo, pela distância do início da produção até o consumo. Para além dessas químicas no processo de conservação da carne do animal morto e de falta de condições sanitárias no transporte, temos que, desde a criação até o abate os animais são alimentados com produtos transgênicos, tratados com anabolizantes, hormônios e medicamentos que modificam a carne do animal, produzindo radicais livres e outras transformações em suas células, as deixando exposta à presença de novos e poderosos vírus e outros invasores prejudiciais à saúde. Com as verduras, frutas e legumes também não é diferente, dos agrotóxicos até a criação artificial de sementes, transgênicas, temos a introdução química e genética que modifica as propriedades do alimento e a exposição química que permanece como veneno para quem as consomem.

As condições de trabalho nos processos de produção e distribuição de alimentos dentro do sistema capitalista também não são nada saudáveis. A indústria de alimentos é também uma indústria atua como rolo compressor de carne humana, e particularmente no Brasil, a carne humana negra. Com uma relação umbilical com os grandes latifundiários de terras e gado (coronéis agricultores e pecuaristas, ex-senhores de engenho e proprietários da Casa-Grande), os atuais empresários brasileiros da JBS e RBF, assim como os norte-americanos da Monsanto, se beneficiam do trabalho semi-escravo (quando não diretamente escravo) encobertos nos municípios e Estados afastados, pelo poder desses velhos coronéis, mas também nacionalmente pelas leis federais e judiciais que flexibilizam a jornada de trabalho, secundarizam a segurança e saúde do trabalhador e julgam a favor dos interesses do patrão. Tudo como bem denunciado aqui.

Do modelo que interessa ao lucro do patrão para o controle operário da produção

Como demonstrado, não serve exigir maior controle e vigilância por parte dos órgãos do governo, pois além de sócios do empreendimento, os padrões de avaliação e critérios de controle desses órgãos permitem uma modelo de produção que envenena e mata os seus consumidores, destrói o meio-ambiente e super-explora os trabalhadores. Multas e sanções momentâneas não adiantam, pois o objetivo dessas empresas sempre será o lucro, portanto a única alternativa é a interdição dessas indústrias sem qualquer indenização e o confisco dos bens de seus proprietários e sócios a serviço da população. Isso só pode significar a estatização das fábricas sob o controle dos trabalhadores.

A única maneira de começar a solucionar esse problema é retirar o controle da produção das mãos dos atuais proprietários cujo único objetivo é acumular capital, lucro, e para isso utilizam o modelo de produção capitalista, e passar o controle para as mãos dos trabalhadores, cujo objetivo coletivo é a produção social interessada na saúde e qualidade de vida suas e de todos os seus familiares, parentes, vizinhos e da maioria da população em geral.

Mas somente a estatização e o controle operário da produção nas fábricas não bastam. É necessário que a produção de alimentos esteja mais próxima dos centros de consumo, que a lógica de pecuária e agricultura em massa atual se transforme a partir da coletivização das terras e sua utilização de maneira planificada com a produção industrial a serviço de uma economia que atenda as necessidades do desenvolvimento social humano, uma sociedade socialista.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui