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15M
Sem trégua com os golpistas! Por um plano de luta para derrotar as reformas
Danilo Paris
Editor de política nacional e professor de Sociologia
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

Às vésperas da paralisação nacional do dia 15 de março, é preciso organizar trabalhadoras e trabalhadores desde a base aglutinando a força necessária que imponha uma derrota a Temer e todos os golpistas.

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Em uma realidade nacional marcada por milhões de trabalhadores desempregados e 51% de reprovação do governo Temer, golpistas e grandes capitalistas estão unidos à grande mídia para tentar impor um ataque histórico aos direitos dos trabalhadores. A Reforma da Previdência e a Reforma trabalhista combinadas aprofundarão a precarização da vida de brasileiros e brasileiras (cuja média salarial é hoje inferior a dos trabalhadores chineses) e favorecerá ainda mais banqueiros e grandes empresários, como denunciamos aqui.

Frente a essa situação, trabalhadoras e trabalhadores precisam dar uma enorme demonstração de forças que mostre na prática que não aceitaremos nenhum ataque aos nossos direitos. Amanhã, as grandes centrais sindicais estão chamando uma paralisação nacional contra os ajustes do governo golpista. As pautas desta convocatória do 15M, especialmente a luta contra a Reforma da Previdência, são progressistas e por isso chamamos todos os trabalhadores a aderir com força a ela. Entretanto, não poderemos barrar os ataques sem um plano de luta concreto que ultrapasse apenas um dia de mobilização: é necessário preparar e organizar com assembleias democráticas de base os grandes bastiões da classe trabalhadora e colocar nossa força social nas ruas parando escolas, universidades, fábricas e transporte público.

Um ponto de apoio importante para tomarmos as ruas no dia 15 é a greve nacional de professores convocada pela CNTE. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e vários estados brasileiros estarão com os professores à frente em assembleias que aprovarão greve e poderão gerar um verdadeira greve nacional da educação. Escolas inteiras pararão suas atividades e educadores de todo o país estarão mobilizados nessa quarta-feira.

Os professores, extremamente atacados pela Reforma da Previdência que acabará com a aposentadoria especial e obrigará que lecionemos até 65 anos, devem desde já organizar a greve desde a base com um grande comando de greve nacional para que sejam os próprios professores os sujeitos de sua luta, que deve ultrapassar as direções sindicais encasteladas em seus postos e que atuam distantes dos verdadeiros interesses dos trabalhadores.

Para um enfrentamento real, a paralisação nacional não pode se restringir a apenas um dia. As centrais sindicais devem colocar toda sua força para mobilizar o conjunto da classe trabalhadora e, para que ninguém lute sozinho, assegurar ações conjuntas coordenadas entre as distintas categorias que dirigem, unificando os trabalhadores em uma frente comum contra esta ofensiva do governo golpista. A CUT e a CTB, que atuam com um interesse direto e aberto de reeleger Lula em 2018, propagandeiam que a solução para a crise nacional é retomar a estratégia petista para governar. Só não contam que foi o próprio PT o agente de ataques importantes e que ainda hoje, depois do golpe, segue negociando e atuando junto com PMDB e outros partidos golpistas. Não podemos alimentar nenhuma ilusão nessa saída, só a força dos trabalhadores pode derrotar o governo e seus planos de ajuste.

Por outro lado, a Força Sindical e a UGT que foram base de apoio do golpe , seguem buscando as formas de negociar as emendas na Reforma da Previdência e querem desviar a luta impondo uma agenda de negociação com o governo. Não é possível "melhorar" essa reforma como quer Paulinho da Força, precisamos derrubá-la!

Vivemos em nosso país um momento muito importante, já que os ataques, se aprovados, estabelecerão uma correlação de forças para o governo golpista e os grande capitalistas que permitirão muitos outros. Para o governo é vital seguir garantindo os lucros dos grandes empresários às custas da superexploração de nosso trabalho e de fim da garantia de nossa aposentadoria. Devemos exigir que as centrais sindicais rompam com seus interesses alheios aos dos milhões de trabalhadores e mobilizem seriamente o conjunto da classe operária desde a base, numa grande frente única com um plano de lutas ativo e dirigido desde a base de cada categoria.

Além disso, o PSOL que tem importantes parlamentares como Jean Willys, Ivan Valente e Giannazi – que tem apoio e conhecimento em professores que estarão paralisados em peso nesse dia 15 - e expressou a vontade de resistir à direita de forma independente do PT, com os mais de milhão de votos em Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, estando à frente de alguns sindicatos, deve colocar seus recursos à serviço de organizar trabalhadoras e trabalhadores desde a base, convocando plenárias abertas nos locais de trabalho e estudo para que se resolva um plano de ação comum que possa ser aplicado concretamente nas estruturas que influencia, mostrando que é possível unificar os trabalhadores e jovens na ação.

No dia internacional de paralisação das mulheres, o 8M, os trabalhadores mostraram que querem lutar e que é possível coordenar fortes medidas reais de luta. Por exemplo, em São Paulo, as professoras e professores de duas escolas estaduais (João Baptista e Pedro Alexandrino) não apenas paralisaram suas escolas, mas foram em peso junto ao Professores pela Base e o grupo de mulheres Pão e Rosas marchar em defesa dos direitos das mulheres junto aos trabalhadores. Se isto foi feito em pequena escala, imaginemos o que seria possível se a CUT (que dirige o sindicato dos professores, a APEOESP) rompesse sua trégua com o governo golpista e colocasse seu aparato material a serviço da mobilização pela base dos professores contra a Reforma da Previdência! A mesma coisa em todas as categorias que sentem muita vontade de sair à luta, de maneira unificada, como mostraram os trabalhadores da USP, que se enfrentaram contra a repressão policial no último dia 7 para barrar o plano de demissões da Reitoria.

Outro grande exemplo foram as trabalhadoras e trabalhadores da CEDAE (Companhia Estadual de água e esgoto) do RJ, que lutaram também contra a brutal repressão da polícia militar, junto a professores e estudantes da UERJ, contra o projeto de privatização proposto pelo governo Pezão. Ou mesmo os servidores públicos de Florianópolis, que se enfrentaram por mais de um mês contra os ataques do governo estadual.

Estes exemplos mostram disposição de lutar e vencer pelas bases. Tomemos as ruas por nossos direitos e contra esse governo que quer nos massacrar. Nessa trajetória precisamos colocar nossos sindicatos no único caminho que nos leve à vitória: a organização de base e a confiança em nossas próprias forças. A greve da educação que se avizinha pode ser esse começo!

O encadeamento dessa luta e a resistência aos ataques do governo deve nos levar a questionar de conjunto a podridão desse sistema econômico e político dos ricos e poderosos. Frente a crise enorme em que estamos no país, as saídas apresentadas por políticos da ordem é descarregar em nossas costas o peso da crise que foi criada pelos próprios capitalistas. Não existem saídas por dentro deste sistema político, e a Lava Jato só busca substituir um esquema de corrupção por outro. Nossa organização e mobilização desde a base deve servir para impor por nossa força uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, para que os trabalhadores e a população possam intervir nos problemas de fundo e que faça os capitalistas pagarem pela crise com seus lucros e privilégios, rumo a um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

 
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