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CONSULTA REITORIA UNICAMP
Anticandidatura é lançada por trabalhadores e estudantes
Flávia Telles

Em poucos dias, ocorrerá a consulta para a reitoria da Unicamp, um processo extremamente antidemocrático. Por acreditar que temos o direito de decidir os rumos da universidade e enfrentar sua estrutura antidemocrática, a partir da última assembleia dos funcionários e da realização de duas Plenárias Abertas dos três setores da universidade decidimos por um voto nulo de protesto e por impulsionarmos uma Anticandidatura, composta simbolicamente por um funcionário, Toninho, trabalhador da PRG, por mim, Flávia Telles, estudante da graduação do IFCH e por um trabalhador aposentado, Luizão, que sequer tem o direito de votar.

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Em poucos dias, ocorrerá a consulta para a reitoria da Unicamp, um processo extremamente antidemocrático, ainda mais quando pensamos na participação estudantil. Em menos de 10 dias da volta às aulas já acontecerá a “votação”, o que não permite uma ampla discussão para o posicionamento dos estudantes, em especial dos ingressantes. Também o peso do nosso voto e dos trabalhadores é muito menor do que o dos professores, assim como no CONSU. Fora que é só uma “consulta”, pois é o Alckmin que decidirá quem será o reitor, independente da votação - como na USP, por exemplo, que os dois últimos reitores escolhidos não fora os mais votados.

Em relação aos candidatos, são 5 candidaturas oficiais que estão disputando para a nova reitoria. Entre eles nas candidaturas de Magna, Léo Pini, Knobel e também na “anticandidatura” de Celso Arruda vemos posições abertamente mais à direita, sendo contrários ou ambíguos com relação à implementação das cotas étnico-raciais, eles mal usam a palavra permanência estudantil em seus programas, têm discursos meritocráticos e propõem planos privatizantes para a defesa de uma tal “marca Unicamp” e até discussão sobre criar cursos de Ensino À Distância ou fechar os que não julgam “atrativos”- todos discursos bastante preocupantes em tempos de Reforma do Ensino Médio. Sem dúvidas essas candidaturas mostram que buscam aprofundar o projeto privatista e elitista da Unicamp.

Vemos a candidatura da Rachel Meneguello com um discurso diferente das outras, ela diz defender as cotas e que não aumentará a terceirização - demandas que nós estudantes é que colocamos em pauta com a nossa forte greve do ano passado. No entanto tivemos também experiência com o que significa a Rachel na própria greve, onde atuou junto ao reitor Tadeu, gestão da qual é candidata sucessória e que sequer se posicionou a favor das cotas no ano passado durante nossa massiva reivindicação e mesmo nas Audiências Públicas que fizemos com parte interessada da comunidade acadêmica junto ao movimentos sociais. Raquel também é uma dos nove servidores que recebe dois salários devido à dupla matrícula, numa mesma universidade onde se cortou 40 milhões ano passado, onde faltam, além da permanência estudantil, melhores condições ao HC que serve à população e há trabalhadores com salários mínimos, e não questiona, nem a dupla matrícula, nem os mega-salários que garante privilégios a gestores da universidade.

Por acreditar que temos o direito de decidir os rumos da universidade e enfrentar sua estrutura antidemocrática, nós, a partir da última assembleia dos funcionários e da realização de duas Plenárias Abertas dos três setores da universidade decidimos por um voto nulo de protesto e por impulsionarmos uma Anticandidatura. Esta será composta simbolicamente por um funcionário, Toninho, trabalhador da PRG e por mim, Flávia Telles, estudante da graduação do IFCH e por um trabalhador aposentado, Luizão, que sequer tem o direito de votar. Com essa proposta queremos contestar inclusive a hierarquia, afinal, se construímos também todos os dias a universidade, por que apenas docentes podem ser candidatos? Queremos debater um projeto de universidade que responda às demandas de estudantes, funcionários e professores, mas que também dispute para que o conhecimento aqui produzido não sirva a poucos privilegiados e os lucros das empresas.

Não nos conformamos com uma Unicamp para poucos, em que 70 mil são excluídos pelo vestibular todos os anos, em que poucos são negros e pobres, e aqueles que dirigem a universidade ainda acreditam não haver a necessidade de cotas étnico-raciais. Não nos conformamos com as condições da nossa permanência estudantil, com a moradia superlotada e a falta de bolsas a todos que precisam de auxílio financeiro para concluir seus estudos. Não nos conformamos que nesta universidade de excelência, a carreira dos funcionários seja desvalorizada e que sofram cada dia mais com a falta de reposição do quadro, e centenas de mulheres negras sejam submetidas a precárias condições de trabalho pela terceirização da limpeza e do bandejão.

Defendemos uma universidade onde realmente possamos decidir seus rumos, que seja aberta à toda juventude, que seja mais que um hospital e se coloque à serviço da população que paga por ela, e reconheça o trabalho das terceirizadas. Convidamos todos à construírem conosco essa iniciativa, para que no momento de ataques à educação de conjunto que estamos vivendo, com a Reforma do Ensino Médio, a PEC 241, a ameaça de fechamento da UERJ e os ataques aos trabalhadores da USP, possamos dar uma saída para a Unicamp que não seja descarregar a crise nas nossas vidas.

 
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