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CRISE NO RIO
Para barrar os ataques na UERJ e no Rio, nos organizemos para somar todas as forças
Isa Santos
Assistente social e residente no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ
Desirée Carvalho

A situação da UERJ continua alarmante. Com as aulas tendo sido adiadas por cinco vezes, salários e bolsas atrasados, o governo de Pezão continua jogando sobre as costas da universidade os custos de uma crise que ele e seus comparsas capitalistas criaram. É urgente uma resposta à altura, que possa enfrentar os governos de Pezão e Temer, os deputados da ALERJ, e impor que a UERJ volte a funcionar plenamente, e que a crise seja paga pelos capitalistas.

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O adiamento do início das aulas foi, por um lado, a forma que a reitoria e os diretores de unidade utilizaram para tentar pressionar o governo. Nesse sentido, já mostrou sua completa insuficiência para reverter a situação da universidade. Por outro lado, é uma situação extrema fruto da situação de calamidade da UERJ, em que não se pagam bolsas e salários, e grande parte dos alunos não tem sequer o dinheiro das passagens (caríssimas) para poderem chegar a seus campus, e nem podem utilizar o bandejão, que se encontra fechado.

Até mesmo as crianças do Colégio de Aplicação (CAP) estão há oito meses sem aulas; e 300 trabalhadores da universidade foram demitidos sem receber os salários e direitos que lhes eram devidos. Em sua maioria, mulheres e negras.

Ainda que medidas de apoio e solidariedade importantes tenham ocorrido, entre as quais se destaca o festival Viva UERJ, com dezenas de artistas em apoio à universidade e contra o seu fechamento, também essas medidas, se feitas de forma isolada e sem se articular a um verdadeiro plano de luta em defesa da universidade, não são capazes de nos levar à vitória contra os ataques. Estamos em um impasse, em que o governo não demonstra em nenhuma medida que pretende fazer algo para que mude a situação de uma das principais universidades do estado. Sua preocupação está em passar seus ataques até o fim, por cima das nossas cabeças.

Um passo adiante na nossa organização para podermos erguer a luta em defesa da UERJ

Não podemos mais ficar reféns da política da reitoria de fechar as portas da universidade e entregar nas mãos de Pezão e da ALERJ o futuro da UERJ. Essa mesma reitoria que propõe essa forma passiva de resistência, incapaz de nos fazer vencer, não presta contas do que faz com o dinheiro. Enquanto deixa trabalhadores sem salários, não diz o que faz com a receita gerada na própria universidade, a fonte 10, que soma toda a renda gerada pelo aluguel do estacionamento em dias de jogos e eventos no Maracanã, o dinheiro gerado por eventos e alugueis das lanchonetes e xerox. Esse dinheiro é da UERJ, e queremos saber para onde vai.

Temos que organizar uma forte resistência, que seja capaz de transformar todo o apoio que vimos que a causa da UERJ tem na sociedade em uma força ativa e atuante.

Para isso, é fundamental que todas as entidades representativas de estudantes, docentes e funcionários, como ASDUERJ, SINTUPERJ, DCE e CAs, coloquem seu peso para uma organização unificada, com o chamado para um encontro em defesa da UERJ, em que todos possam participar para debater as medidas de resistência contra os ataques à universidade: estudantes, professores, funcionários efetivos e terceirizados, a comunidade que utiliza serviços de extensão ou toma a defesa dessa instituição como sua, para votar um plano de luta que supere o imobilismo, e efetivamente combata por uma saída de fundo para a crise da UERJ, que ligue a universidade a todos os setores que também estão sendo atacados, como os trabalhadores da CEDAE

Para a construção ampla e unificada desse encontro, é fundamental que os parlamentares do PSOL, e principalmente o deputado Marcelo Freixo, que teve um milhão de votos na última eleição, coloquem toda sua projeção política a serviço de colocar de pé essa iniciativa.

Não estamos falando aqui de uma assembleia rotineira e esvaziada para lamentarmos que “não há nada a fazer” e a universidade está condenada. O que precisamos é de um encontro real, que possa reunir milhares para organizar uma defesa séria da UERJ contra a crise, pensando nas saídas para que sejam os patrões que paguem a conta e não a universidade pública e os servidores. Em um encontro assim podemos debater as saídas para a crise, as propostas de cada setor, coletivo e ativista que queira dar uma saída para o impasse da UERJ.

O ponto de partida para uma unidade real com trabalhadores e o povo pobre contra a crise

Sabemos que os problemas da UERJ, no entanto, não começam nem terminam na nossa universidade. A crise que bate à nossa porta é estadual e nacional. Por isso queremos discutir as propostas de lutar pelo fim do pagamento da dívida pública e de impostos às grandes fortunas, medidas que podem dar uma saída real para que os capitalistas paguem pela crise.

Medidas assim não poderão ser conquistadas pela mobilização apenas da UERJ. O encontro que propomos deveria votar um chamado a que se realizassem muitos outros como ele, em cada local de trabalho, universidade, bairro – em cada local onde trabalhadores, juventude e o povo são atingidos pelos ataques do governo frente à crise. Chamar a que sindicatos, organizações populares e também os parlamentares do PSOL construam esses chamados.

Em cada um desses encontros, a partir dos debates feitos, podemos votar representantes ou delegados que se articulem com os demais para podermos coordenar a luta e tomar medidas unitárias. É só desse jeito que poderão existir medidas de força à altura de enfrentar a polícia de Pezão e os parlamentares dos patrões encastelados na ALERJ. Pensando atos com dezenas de milhares nas ruas que possam ser construídos em cada local; paralisações que efetivamente acertem em cheio o bolso dos patrões e mostrem nossa força real.

Se colocamos de pé um tipo de organização assim, onde cada um afetado pela crise é sujeito da luta e organiza a resistência aos ataques, o Rio poderá deixar de ser um exemplo de como a crise nos atinge, um exemplo dos ataques do governo com a privatização da CEDAE e os demais ataques, e passará a ser um exemplo de como lutar contra os ataques dos patrões. Poderá ser um exemplo de como organizar a resistência a ataques ainda maiores que virão nacionalmente organizados por Temer, como as reformas da previdência e trabalhista. É isso, e não as palavras ao vento em carros de som, que podem organizar uma greve geral para golpear os patrões e impor nossas demandas.

Passa da hora de que na UERJ nos coloquemos a tarefa de organizar esse encontro para botarmos em pé uma forte luta em defesa da universidade e darmos um exemplo de resistência. E todos aqueles que querem resistir, como os heroicos trabalhadores da CEDAE, que enfrentaram as balas e bombas da polícia contra a privatização, ao verem uma força como essa aliada à sua luta, também poderão avançar em sua organização e luta.

 
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