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8 de MARÇO
O 8 de Março que comemoramos a vitória da greve com as garis do Rio de Janeiro
Rita Frau Cardia
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Está chegando o dia internacional das mulheres e é impossível não lembrar desse mesmo dia no ano de 2014. Foi o dia da vitória da grande greve dos garis de o Rio de Janeiro!

Aquele foi um dia histórico e muito emocionante para nós do grupo de mulheres Pão e Rosas, da juventude Faísca e do MRT, pois estivemos lado a lado deles no carnaval apoiando ativamente a greve, participando dos piquetes, de todos os atos em que saíamos da Tijuca, da sede do sindicato, e percorríamos toda a Presidente Vargas fazendo ecoar o samba de guerra da greve, “Acelera Comlurb” e “Não tem arrego!”, que virou uma lição para todas as lutas dos trabalhadores e da juventude.

Esta greve foi uma experiência profunda e um grande exemplo que segue sendo lembrado pelos trabalhadores e a juventude carioca e nacionalmente. Uma greve em que os garis e as garis se auto-organizaram de maneira independente do sindicato (Asseio- UGT), decidindo os representantes da comissão de negociação, que poderiam ser substituídos (caso achassem necessário), e usando os métodos históricos da classe trabalhadora enfrentaram prefeito, a empresa e a justiça. Mesmo sob ameaça de demissão de 300 garis seguiram na luta sem arrego!

Uma categoria de maioria de homens negros, mas que teve a participação de muitas mulheres que foram linha de frente na organização de base em suas gerências, nos piquetes e nos atos que tomavam as ruas da cidade em pleno carnaval. Era impressionante ver a força daquelas mulheres e a sensação de libertação que transmitiam em poder lutar contra a “escravidão”, como elas e eles mesmos diziam.
Conheci uma gari, hoje amiga, que participava da greve escondida do marido, pois sabia que teria resistência em casa. Mas ela dizia que tinha que estar ali, e ao lado de suas companheiras de trabalho seguiam juntas para os atos. Outras participaram ativamente dos piquetes e se enfrentavam contra os gerentes que assediavam e traziam policiais para a porta das gerências para evitar os piquetes. Enfrentaram repressão policial, declarações desmoralizantes do ex-prefeito Eduardo Paes e seu acessor, Pedro Paulo, o agressor de mulher, mas mesmo assim seguiram na batalha e ganharam o apoio da população do Rio.

No dia 8 de março decidimos estar junto dos garis e das garis na porta do Ministério Público do Trabalho enquanto a comissão de negociação estava reunida com a empresa e prefeitura.

Era um dia chuvoso e ficamos embaixo de chuva com eles e elas. Não poderíamos deixar de estar ali! Enquanto ocorria o ato do dia internacional das mulheres na Lapa (que defendemos que deveria ser junto as garis), ficamos com elas esperando o resultado da negociação, e a cada contra-proposta feita pela Comlurb, os representantes da comissão desciam para decidir coletivamente.

Enquanto esperávamos, nos reunimos as mulheres e fizemos uma faixa em referência ao dia internacional das mulheres. As garis decidiram o que viria escrito: “Somos mulheres que não fogem da luta!”

E eram mesmo, não teria outra frase que expressasse melhor a moral e a força daquelas mulheres que estavam participando de uma greve histórica e que acreditavam que iam vencer ombro a ombro com seus colegas de trabalho.

Para nós do Pão e Rosas foi muito profundo estar ali, pois nossa perspectiva de combate a toda forma de opressão e machismo é anticapitalista e em aliança a classe trabalhadora. Pois se é verdade que o machismo existe mesmo antes do capitalismo, também é fato que a opressão às mulheres é fundamental para manter as bases do modo de produção capitalista, baseado na exploração de uma classe sobre a outra.

Por isso a vitória daquela greve também era uma vitória das mulheres garis que foram grandes guerreiras que não fugiram da luta. Na sua maioria mulheres negras, que no Rio de Janeiro convivem com a violência policial, a precarização do trabalho e do atendimento dos serviços públicos fundamentais como saúde e educação. Que são as que mais morrem por abortos clandestinos e ocupam os postos de trabalho terceirizados.

O 8 de março deste ano deveria expressar com força a luta pelos direitos das mulheres, contra a privatização CEDAE e o pacote do Pezão e Temer, pois será um ataque não só ao funcionalismo estadual mas à todo povo carioca, sendo as mulheres as mais atingidas.

As trabalhadoras da CEDAE, professoras do estado do RJ e servidoras da UERJ e universidades estaduais, as garis e tantas trabalhadoras, deveriam estar na linha de frente neste dia de paralisação internacional de mulheres, mas as centrais sindicais como a CUT e a CTB estão se negando a aderir a paralisação internacional de mulheres, e sindicatos como o SEPE já votou contra paralisação neste dia.

O Pão e Rosas estará participando do ato unificado e convidamos todas as estudantes e trabalhadoras para darmos a batalha nos locais de trabalho e estudo para sermos parte da paralisação internacional das mulheres exigindo das centrais sindicais de fato haja uma paralisação efetiva, para lutarmos por Nem Uma a Menos contra a violência machista, em defesa do direito ao aborto legal,seguro e gratuito e contra a privatização da CEDAE, o pacote do Pezão/Temer e as reformas do governo golpista do Temer. Para que em cada luta as mulheres sejam o sujeito do embrião de uma nova sociedade, sem submissão, violência machista e exploração.

 
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