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CRISE NO RIO
Que o PSOL e os sindicatos convoquem plenárias abertas para massificar a luta pela base
Carolina Cacau
Professora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

A derrota da votação da privatização da CEDAE não termina essa luta, mas mostra que a orientação levada até aqui não é capaz de barrar os ataques. É preciso massificar a luta. É urgente que Freixo, os parlamentares do PSOL, os sindicatos de trabalhadores que compõe o MUSPE (como o SEPE), a CUT, a CTB e todas as organizações operárias, estudantis e populares, coloquem todos seus esforços para organizar plenárias abertas em cada categoria e setor atacado, que sejam convocadas amplamente nas bases, em primeiro lugar na CEDAE e na UERJ, mas também nos bairros e em cada sindicato. Com uma concentração de todas as forças, é possível organizar centenas e até milhares em cada local e colocar em movimento dezenas de milhares para vencer, com greves e atos massivos.

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A votação na ALERJ da privatização da CEDAE, que foi um primeiro passo desse processo que Pezão, Temer e os capitalistas querem impor, contra o qual temos que seguir resistindo, obriga a fazer uma reflexão sobre a luta contra o pacote de ataques desses governos que querem fazer com que sejam os trabalhadores e o povo do Rio que paguem pela crise. Foi a derrota mais forte sofrida até agora. Precisamos reorientar o movimento porque eles vão querer passar ataques ainda mais duros. A crise econômica no país, e no Rio em especial, segue muito forte. Pezão está querendo se manter no poder, assim como Temer, mostrando para os capitalistas que ele é a melhor alternativa para passar os ataques, e está mostrando do que é capaz com muita distribuição de cargos para recompor uma maioria parlamentar e com uma feroz repressão para tentar intimidar as mobilizações, recorrendo até mesmo à militarização do Rio com 9000 soldados do exército.

Os trabalhadores da CEDAE demonstraram uma enorme disposição de luta com atos, paralisações e se enfrentando com a polícia, mostrando ter uma grande consciência do que está em jogo lutando não apenas pelos seus postos de trabalho, mas para que todo o povo do Rio de Janeiro tenha água e contra esse governo e seu pacote.

Essa demonstração de força dos trabalhadores da CEDAE, que precisam se manter de cabeça erguida, deve ser uma fonte de inspiração para todos os trabalhadores do Rio de Janeiro, e é o que precisamos generalizar para todas as categorias e setores atacados.

É o chamado que eu faço em especial a toda a comunidade universitária da UERJ, universidade da qual faço parte e que está em meio a uma enorme crise. Sei que há desgaste da luta que estamos há bastante tempo, que envolveu uma greve ano passado de meses (como os professores e setores da saúde), mas chamo a todos para fazer uma batalha em comum para reorientar o movimento.

Cobremos juntos das direções que impulsionem uma estratégia para a luta que seja capaz de vencer, já que a atual, impulsionada pelo MUSPE, Freixo e os parlamentares do PSOL, conseguiu apenas ser parte dos obstáculos que colocaram freios parciais ou adiaram os ataques, mas o fato é que agora com a entrada de Temer na aliança contra nós, estão vindo ainda mais duros nos ataques e na repressão. Por exemplo, ano passado não estava em jogo a privatização da CEDAE.

O ato do dia da votação da privatização da CEDAE foi a demonstração mais cabal do problema. As direções do MUSPE não apenas não mobilizaram suas bases, como não organizaram paralisações (o SEPE, por exemplo), deixando os trabalhadores da CEDAE isolados, e mesmo a direção do sindicato da CEDAE não garantiu que se ampliasse a participação dos cedaianos, que havia sido maior em atos anteriores. Não houve nenhuma iniciativa de massificar a luta, como plenárias de base como essa que propomos que votassem um plano de luta capaz de expandir a greve da CEDAE para outras categorias e organizar mobilizações massivas de dezenas de milhares. A polícia mais uma vez veio com uma repressão dura, dessa vez com 24 detidos e dezenas de feridos. E foram eles que tiveram seus salários colocados em dia pelo governo. Mais uma demonstração que os chamados de unidade com nossos algozes não servem.

A resistência aos ataques até agora foi feita com paralisações dos setores atacados descoordenadas, manifestações pequenas na porta da ALERJ, combinadas com a intervenção parlamentar do PSOL. Um dos problemas mais importantes é que os rumos da luta são discutidos somente em reuniões fechadas de dirigentes do MUSPE, nas reuniões da bancada do PSOL ou em assembleias de cada setor atacado em forma separada. Por isso, até agora não houve uma verdadeira coordenação (salvo às vezes calendários de atos na ALERJ, sendo que há tempos não conseguimos realizar algum verdadeiramente massivo) e principalmente a base de cada setor atacado não se envolve nas decisões dos rumos do movimento.

É preciso radicalizar e massificar a luta, em primeiro lugar, ampliando as forças em movimento e superando as reuniões entre dirigentes sindicais de um lado e, em separado, dos parlamentares de outro.

É urgente que Freixo, os parlamentares do PSOL, os sindicatos de trabalhadores que compõe o MUSPE (como o SEPE), a CUT, a CTB e todas as organizações operárias, estudantis e populares, coloquem todos seus esforços para organizar plenárias abertas em cada categoria e setor atacado, que sejam convocadas amplamente nas bases, em primeiro lugar na CEDAE e na UERJ, mas também nos bairros e em cada sindicato.

Com uma concentração de todas as forças, é possível organizar centenas e até milhares, em diversas plenárias em toda a cidade, para ampliar fortemente as forças em luta e para que todos tenham poder de decisão sobre os rumos do movimento. Somente como uma força dessa poderemos organizar paralisações e greves coordenadas e atos massivos, com dezenas de milhares que sejam capazes de barrar os ataques, resistir à política do medo e da repressão, colocar o governo contra a parede e fazer com que os capitalistas paguem pela crise.

A partir de plenárias de base massivas como essa, podemos avançar para votar uma coordenação dos setores em luta em base a delegados eleitos pela base e revogáveis, que seria a forma mais avançada de organização, colocando em outro patamar a nossa luta que, partindo de barrar os ataques em curso e colocar fim à militarização do Rio, pode colocar em cheque o governo e avançar na luta contra o governo golpista de Temer.

Em organismos democráticos como esse podemos discutir não somente os métodos de luta e como construir um plano de luta efetivo, mas também o programa. Nós temos defendido que o centro deve ser lutar pelo não pagamento da dívida pública e por impostos progressivos às grandes fortunas e que não podemos confiar na justiça e no parlamento para colocar para fora o Pezão, e sim que tem que ser com uma mobilização independente. Há outros programas defendidos no movimento, que poderiam ser votados democraticamente e a experiência diria qual é o mais correto.

Não podemos ter nenhuma confiança no parlamento, nem na justiça, ou na Lava Jato para barrar os ataques ou retirar o Pezão. Somente com uma mobilização independente poderemos de fato vencer a luta contra o pacote, fazer com que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

Essa mobilização deve ser dar no Rio e nacionalmente, construindo uma luta pela base dessa forma que propomos em todo o país, que deveria ser a política da Frente Povo Sem Medo, que também reproduz o método das mobilizações convocadas somente a partir de dirigentes. Agora está marcada uma mobilização nacional dia 15/3, é urgente apontar esse caminho na construção pela base, pois sem isso Temer e os Pezões que estão em cada estado vão seguir passando seus ataques.

Reorientemos a luta, é possível vencer. Que os capitalistas paguem pela crise.

 
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