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CONTAGEM REGRESSIVA 8 DE MARÇO - FALTAM 15 DIAS
Mulher, negra e lutadora - Carolina de Jesus: uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil
Fanm Nwa

Na contagem regressiva para o 8 de Março, o Esquerda Diário quer trazer as grandes referências de mulheres negras lutadoras. Hoje falamos sobre quem foi Carolina Maria de Jesus que, com seu livro “Quarto de despejo”, desbancou Sartre e Jorge Amado nos mais vendidos.

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Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914, numa comunidade rural de Minas Gerais onde seus pais eram meeiros. Após a morte de sua mãe, em 1947, Carolina se mudou para a metrópole e foi morar na favela do Canindé, zona norte de São Paulo.

Ela trabalhava como catadora e, com essa renda, sustentou sua família e construiu sua própria casa, usando todo e qualquer material que encontrasse. Ela também usava os cadernos que encontrava no lixo para registrar o cotidiano da comunidade e começou a escrever sobre seu dia-a-dia, sobre como era morar na favela.
Mesmo tendo cursado apenas as séries iniciais do primário, ela reunia em casa mais de 20 cadernos com testemunhos sobre o cotidiano da favela e um desses cadernos deu origem ao livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960.

“O Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”

Em seu diário, Carolina descreve em detalhes o cotidiano dos moradores da favela e escreve abertamente sobre os fatos políticos e sociais que via.

Ela foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, em abril de 1958. Conta-se que Dantas cobria a abertura de um pequeno parque municipal e depois da cerimônia uma gangue de rua chegou e reivindicou a área, perseguindo as crianças. Carolina estava de pé próxima ao local gritando "Saiam ou eu vou colocar vocês no meu livro!" Após o fim do episódio, Dantas perguntou o que ela queria dizer com aquilo, então Carolina o levou até o seu barraco e mostrou os seus escritos. A história de Carolina "eletrizou a cidade" e, dois anos depois desse encontro, Quarto de despejo, foi publicado.

Após o lançamento, seguiram-se três edições, com um total de 100 mil exemplares vendidos, tradução para 13 idiomas e vendas em mais de 40 países. A tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotou em uma semana e há quem diga que, nos primeiros 3 dias, foram vendidas trinta mil cópias.

Pesquisadores ainda trabalham na organização do material inédito deixado por Carolina de Jesus, totalizando 58 cadernos que somam 5.000 páginas de texto. Ao escrever 7 romances, 60 textos curtos e 100 poemas, além de 4 peças de teatro e de 12 letras para marchas de Carnaval, nos é possível entender quão completa era a escritora e por quê esteve na frente de clássicos da literatura nos mais vendidos.

Em 2014, como resultado do Projeto Vida por Escrito, em que há organização, classificação e preparação do inventário do arquivo de Carolina Maria de Jesus, foi lançado o Portal Biobibliográfico de Carolina Maria de Jesus. Já em 2015, foi lançado o livro Vida por Escrito - Guia do Acervo de Carolina Maria de Jesus, organizado por Sergio Barcellos. O projeto mapeou todo o material da escritora que se encontra custodiado por diversas instituições, dentre elas: Biblioteca Nacional, Instituto Moreira Salles, Museu Afro Brasil, Arquivo Público Municipal de Sacramento e Acervo de Escritores Mineiros (UFMG).

Carolina Maria de Jesus morreu em 1977, de insuficiência respiratória, aos 62 anos.

Livros publicados

Quarto de despejo (1960)
Casa de Alvenaria (1961)
Pedaços de fome (1963)
Provérbios (1963)

Publicação póstuma

Diário de Bitita (1982)
Meu estranho diário (1996)

 
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