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HOMOFOBIA
Estupro homofóbico em lava-jato assassina jovem no MS
Adriano Favarin
Membro do Conselho Diretor de Base do Sintusp

Wesner Moreira da Silva, 17 anos, morreu no dia 14/02 em consequência dos ferimentos ocasionados pelo abuso sexual cometido por seu chefe e outro colega de trabalho em um lava-jato no qual trabalhava em Campo Grande-MS.

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Thiago Demarco Sena, 20 anos, e Willian Henrique Larrea, 30 anos, decidiram humilhar Wesner introduzindo uma mangueira de ar-comprimido em seu ânus. A vítima permaneceu 11 dias hospitalizada com perfuração de 40 cm no intestino grosso e compressão dos pulmões.

Durante todo o processo de investigação, enquanto Wesner permanecia internado passando por várias cirurgias, o Delegado e a mídia reproduziam a versão dos agressores de que tudo não teria passado de uma “brincadeira”. A mesma versão foi contada por uma suposta testemunha, uma criança de 11 anos, que afirmou que estas “brincadeiras” entre os três eram corriqueiras.

Após os laudos médicos, e em condições, Wesner prestou depoimento ao Delegado do caso no hospital negando que a violência tenha sido parte de uma “brincadeira” entre os três e que ele havia dito aos colegas "que aquilo não era tipo de brincadeira, que pediu para eles pararem diversas vezes, mas que só pararam depois que ele começou a vomitar e a defecar".

A agressão com evidente conotação sexual deixa claro o caráter homofóbico da humilhação que os agressores queriam fazer Wesner passar. Nenhuma fonte informa – e não interessa a ninguém – a orientação sexual de Wesner. O fato é que para humilhá-lo (ou como parte das “brincadeiras” que os agressores e a testemunha afirmaram serem feitas sistematicamente contra Wesner), Thiago e Willian estupraram brutalmente a vítima.

Esse tipo de agressão praticada por eles é comumente mascarada como “brincadeira” ou bullyng e sempre encobre humilhações, xingamentos, violência psicológica e até essas brutais violências físicas contra pessoas que não se enquadram em determinados padrões exigidos pela sociedade. Se você é do sexo masculino e não se enquadra nos padrões do que é aceito como masculinidade em determinado meio social – sendo ou não gay – você será agredido, ridicularizado e humilhado em forma de “brincadeira”, pois é socialmente aceito que os homossexuais e transexuais (ou mesmo qualquer homem heterossexual cis que apresente “qualidades femininas” ou o inverso) sejam motivo de “piada”.

Wesner foi mais uma vítima de um homicídio, como parte de um estupro, com indícios claros de homofobia. Inicialmente a investigação policial recusou-se a aceitar a hipótese de abuso sexual, pois não havia evidência (sic!) de conotação sexual. Posteriormente ao laudo do corpo de delito, representaram no fórum acusação de lesão corporal grave. Hoje, com Wesner morto e pela pressão dos familiares por justiça, o Delegado Paulo Sérgio Lauretto, responsável pelo caso, sinalizou a possibilidade da dupla responder por homicídio doloso – com intenção de matar – uma vez que o proprietário e o funcionário do lava-jato sabiam como o compressor funcionava e que colocar o ar comprimido internamente ao corpo de uma pessoa através da mangueira poderia causar ferimentos graves.

Mais uma vez o caráter homofóbico do assassinato passará em branco, ou será tratado como uma "brincadeira", dando a entender que a vítima também teve participação na violência ocorrida. Uma forma semelhante de como a justiça trata os casos de feminicídio: como crime passional, em que o assassino mata por tanto amar (sic!) à vítima. Ao Estado não interessa reconhecer que os crimes de ódio racial, machista e LGBTfóbico existam, porque isso o obrigaria a ter iniciativas de políticas públicas educacionais, de saúde, moradia e emprego que diminuíssem, até a eliminação, essa violência.

Nos solidarizamos inteiramente com os familiares de Wesner na exigência de justiça!!!

 
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