Marielle foi abordada por uma revista mais que constrangedora, racista, no aeroporto de Brasilia. Esse tipo de abordagem, que nunca é aleatória, mas orientada pelo racismo estrutural da sociedade, foi ofensiva no caso de Marielle: além de sua bagagem de mão, a vereadora teve seu corpo, seu cabelo e até mesmo seus pés descalços revistados.
A denúncia de Marielle em sua página do facebook chegou a milhares de pessoas que se solidarizaram com a vereadora. Veja o relato abaixo:
"Procedimento de inspeção aérea?
Abordagem aleatória?
No aeroporto de Brasília o "aleatoriamente" se confirmou em regra. Mais uma mulher negra é inspecionada. Sim, eu!
Incluindo a verificação da bagagem de mão, estojo de canetas e até mesmo as necessaires. E, o mais constrangedor, o CORPO. Incluindo sutiã e pés descalços, sendo que eu usava sandálias abertas.
Mas o fechamento estava por vir: até meu cabelo foi vasculhado (mesmo estando solto, sem turbante)! Tocaram na minha coroa.
Mas a esperança está na solidariedade de uma baiana que, depois de também ser revistada e olhando nos meus olhos, disse:
Que não te constranjam mais!
Sim, meu black incomoda.
Minha negritude incomoda.
Racismo: não passará!"
Carolina Cacau, estudante da UERJ e militante do MRT que foi candidata a vereadora pelo PSOL nas últimas eleições municipais disse ao Esquerda Diário que:
O que aconteceu com Marielle só pode ser explicado pelo racismo estrutural que vivemos nessa sociedade capitalista. Sabemos que os procedimentos dos agentes de segurança e da polícia não tem nada de isentos ou imparciais. O padrão é constranger e humilhar os negros e negras, caracterizados por eles como "suspeito padrão". É esse mesmo racismo que legitima a violência policial cotidiana e o verdadeiro massacre contra os jovens negros nas periferias e favelas. Nossa luta contra o racismo passa por fortalecer nossa identidade e combater essa estrutura social ao lado dos trabalhadores negros e brancos, das mulheres, dos LGBTs para por abaixo toda opressão e exploração!".
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